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sexta-feira, dezembro 5, 2025

Viagens e emoções em terras brasileiras

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Adoro viajar. Gosto menos de fazer malas — embora, segundo meu marido, eu tenha expertise na arte de utilizar todo o espaço disponível. Nenhum canto é perdido. Ainda assim, prefiro viajar leve. Foi assim que desembarquei há uma semana em terras brasileiras.

Nos primeiros momentos, mesmo estando sempre por aqui, não deixo de me confrontar com o diferente, com o outro diferente, com as distâncias deste país-continente. Dias depois da chegada, essas diferenças parecem menores com o hábito de ver. Gosto de me perder por aí, reencontrar o eu do passado e comparar esses dois eus. Perder-se também é caminho, já dizia Clarice Lispector. Perder-se, encontrar-se, decidir-se.

Alguém me pergunta se Paris, de onde estou chegando, ainda tem mendigos. Sim! E como! É triste saber que, mesmo em países ricos, eles existem. De um lado, pessoas com riquezas cada vez maiores; de outro, gente perdida no meio da estrada.

Guardei um gosto pelo povo. O povo trabalhador. Quando o ônibus sai da curva e vejo um vendedor sentado na calçada ao lado de sua caixa — objeto de trabalho que, fechada, não revela sua mercadoria — percebo o telefone que ele tem ao ouvido.

Preciso voltar à notícia importante para mim: a alegria do lançamento da biografia que escrevi, Lucy Citti Ferreira: a pintora esquecida do modernismo. O lançamento inicial foi em São Paulo, na Patuscada, livraria e bar da Editora Patuá.

Agora, as alegrias da minha terra, o Mato Grosso do Sul: andar por lugares tão conhecidos e tão saudosos, rever amigos e dividir com eles esse prazer que tive — e ainda tenho — de resgatar pessoas, sobretudo mulheres que fizeram história em seus domínios de atuação e que, por uma razão ou outra, foram esquecidas, deixadas à beira da estrada da vida. E eu, tentando “desenterrá-las”.

Muitos bons compromissos ainda virão para divulgar a obra, que resgata a trajetória dessa pintora fundamental do modernismo brasileiro nas décadas de 1930 e 1940.

  • Mazé Torquato Chotil – Jornalista e autora. Doutora (Paris VIII) e pós-doutora (EHESS), nasceu em Glória de Dourados-MS, morou em Osasco-SP antes de chegar em Paris em 1985. Agora vive entre Paris, São Paulo e o Mato Grosso do Sul. Tem 14 livros publicados (cinco em francês). Fazem parte deles: Na sombra do ipê e No Crepúsculo da vida (Patuá); Lembranças do sítio / Mon enfance dans le Mato Grosso; Lembranças da vila; Nascentes vivas para os povos Guarani, Kaiowá e Terenas; Maria d’Apparecida negroluminosa voz; e Na rota de traficantes de obras de arte.
    Em Paris, trabalha na divulgação da cultura brasileira, sobretudo a literária. Foi editora da 00h00 (catálogo lusófono) e é fundadora da UEELP – União Européia de escritores de língua Portuguesa. Escreveu – e escreve – para a imprensa brasileira e sites europeus.
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