Enquanto os bolsonaristas mais crédulos ainda sonhavam com um salvador no além-mar, veio dos Estados Unidos um balde de água fria que atravessou o Atlântico. O nome do responsável: Richard Grenell, diplomata, ex-diretor interino da Inteligência Nacional e homem de confiança de Donald Trump. Chamado de “FDP” por sua franqueza, Grenell opera na sombra como negociador informal do trumpismo, costurando contatos onde a diplomacia oficial não ousa entrar.
Foi ele quem articulou conversas improváveis entre Lula e Trump, aproximou Maduro de Washington e até ousou apontar caminhos para distensionar o conflito do Oriente Médio. Na prática, mostrou que, no tabuleiro da geopolítica, não há espaço para bravatas de quinta categoria como as exportadas pelo clã Bolsonaro.
O fim da fantasia de asilo dourado
Ao se sentar à mesa com Celso Amorim e Mauro Vieira, Grenell não apenas tirou o chão de Eduardo Bolsonaro — exilado voluntário em Orlando — como deixou claro que não haverá blindagem automática nem salvo-conduto americano para o capitão e seus comparsas. O recado é direto: se Trump voltar à Casa Branca, em 2028, será guiado pelo pragmatismo de Grenell, não pelas arengas golpistas de um deputadozinho brasileiro transformado em “príncipe herdeiro” da extrema-direita tropical.
Com isso, a rota de fuga do mito pode terminar, mesmo, na Papuda, não em Miami. E a mamata de Eduardo Bolsonaro, o “traidor da pátria” que se aboletou nos EUA como arauto da desinformação, perde sustentação. Grenell é a antítese da estratégia bolsonarista: não faz discursos inflamados, faz acordos que mudam realidades.
A debandada estratégica
Até mesmo a vice-prefeita de Dourados, Gianni Nogueira, esposa do gordinho do Bolsonaro (o guardião de tornozeleira e fiel escudeiro Rodolfo Nogueira), já percebeu a virada de vento. Sonhando, ainda, com uma prometida candidatura ao Senado com o apoio do ex-presidente, Gianni mudou o tom de seu discurso. Se antes era devota do “mito”, agora prefere falar em perseguição aos cristãos no mundo, tentando surfar numa pauta global e menos atrelada ao naufrágio da família Bolsonaro.
Esse reposicionamento revela um cálculo frio: ser bolsonarista puro-sangue já não não é garantia de votos, só de processos. E quando até os aliados mais próximos percebem isso, é sinal de que o castelo de cartas está caindo.
A moral da história
O “FDP” de Trump mostrou que política internacional não se faz com “zap” de gabinete do ódio nem com motociata na Flórida. Faz-se com negociação, pragmatismo e, sobretudo, consciência de que o mundo não gira em torno do delírio de um Messias qualquer. Até porque, além dos altos interesses em jogo de duas potencias internacionais, seus presidentes são dois oitentões pra lá de experimentados na política e pragmáticos na mesa de negociações bilaterais, ambos com pretensões de, um dia, ganharem o Nobel da Paz.
Para o bolsonarismo, a lição é amarga: o mito não apenas perdeu a aura no Brasil, mas agora enfrenta a indiferença estratégica do trumpismo. Se Grenell é o fiel da balança, Bolsonaro é um peso morto.
