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sexta-feira, dezembro 5, 2025

Estilhaços de bomba lançada pela Polícia Federal no STJ podem atingir o trono do coronel-rei Azambuja

Chegando ao MS, Operação da Polícia Federal no STJ pode inverter tendência das pesquisas e ameaçar até reeleição de Eduardo Riedel

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A semana terminou com um terremoto político e judicial: a Polícia Federal estourou um esquema de manipulação e venda de sentenças dentro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a corte responsável por julgar governadores e ex-governadores. O relatório parcial já está no Supremo Tribunal Federal e fala em um mercado paralelo de influência, onde contratos milionários de advocacia e consultoria eram usados como fachada para decisões previamente combinadas. Não é ficção: a PF confirmou a existência de uma rede estruturada de intermediários, operadores e servidores — já com nomes afastados de suas funções — para manipular o resultado de processos.

A engrenagem era profissional, mas a mecânica, vulgar. O operador central, Andresson de Oliveira, agia como lobista oficial da quadrilha. As mensagens obtidas pela PF parecem roteiro de novela mexicana: “a obra está pronta” significava que a minuta da decisão já havia sido redigida; “faltam os retoques do patrão” era o código para a assinatura do magistrado; “orçamento” servia de senha para os valores combinados. Tudo cronometrado: diálogos cifrados na véspera, despacho publicado no dia seguinte. Na casa de um servidor, a PF encontrou três caixas de Rolex, incluindo um comprado por R$ 106 mil em espécie, verdadeira caricatura da ostentação.

O STJ, em nota, tentou lavar as mãos: disse que não se manifestaria porque a investigação corre em sigilo no STF. Mas o estrago já está feito. Se gabinetes de ministros foram usados por operadores criminosos, como garantir a pureza de processos sensíveis que dormitam há anos na mesma corte?

E aqui entra a ironia da história: entre os processos que repousam em berço esplêndido no STJ está justamente o do coronel-rei Azambuja, acusado pelos irmãos Batista, da JBS, de receber propina em sacos de dinheiro vivo. O ex-governador, que agora desfila como candidato imbatível ao Senado por Mato Grosso do Sul, trata a eleição como se fosse de “porteira fechada”. Garante não só sua vitória como também a do segundo senador da chapa, mesmo que a adversária seja a ministra Simone Tebet, apoiada nos bastidores pelo marido e chefe da Casa Civil de Eduardo Riedel, Eduardo Rocha.

Mas — e sempre há um “mas” na política — e se o nome de Azambuja aparecer no rastro dessa investigação? A PF ainda não apontou ministros, mas já mostrou como decisões podiam ser compradas como quem encomenda boi premiado em leilão. Azambuja, do alto de sua soberba, finge tranquilidade, até porque sempre foi visto como potencial comprador — e sabe que sua impunidade até aqui depende justamente da blindagem dessa mesma corte agora atingida em cheio pela PF.

Se a lama respingar, zera tudo. As pesquisas se invertem, a vitória antecipada se dissolve, e até a reeleição de Eduardo Riedel, tratada como favas contadas, pode ir para o brejo. O coronel-rei, que já sonhava em emplacar dois senadores, além da maioria dos deputados federais e estaduais, corre o risco de acabar no mesmo destino de seu antecessor André Puccinelli: um presídio estadual, versão deluxe, padrão lama asfáltica, que tanto afronta e envergonha a história desses 48 anos de Mato Grosso do Sul.

Por tudo isso, o que parecia coroação definitiva pode se revelar apenas um trono de vidro estilhaçado, pronto para despencar ao primeiro novo golpe da história.

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