JOÃO PESSOA Há algo de profundamente simbólico em erguer uma sede nova para a Procuradoria-Geral do Estado num momento em que a palavra “Instituição” volta a ser testada pelo fogo das paixões e dos interesses pouco republicanos. O prédio é concreto, mas o que se entrega — no fundo — é confiança. É a lembrança de que, quando o país parece se perder em vozes e versões, ainda há lugares que operam na escala da razão e da lei.
Na tarde de sexta-feira passada, o governador Eduardo Riedel entregou a nova sede da PGE/MS em Campo Grande, um espaço moderno e funcional, pensado para refletir o que o Estado tem de mais sólido: seu corpo técnico, sua capacidade jurídica e a serenidade que se exige de quem defende o interesse público sem alarde, mas com precisão.
“Mais do que um prédio moderno, é o símbolo de uma Procuradoria fortalecida”, disse Riedel, ao reconhecer o papel estratégico do órgão — responsável por garantir mais de R$ 1 bilhão ao Estado em decisões judiciais recentes. A PGE, em sua fala, aparece como o que de fato é: um instrumento de profissionalismo e de equilíbrio, que coloca Mato Grosso do Sul na mesa das discussões nacionais com a firmeza da procuradora-geral Ana Carolina Ali Garcia, seja na reforma tributária, seja nas pautas ambientais ou fundiárias.
Mas há outro nível de leitura: num Brasil que tantas vezes ameaça seus próprios pilares, celebrar a PGE é também reafirmar a necessidade de um Estado técnico, ético e preparado. É lembrar que o Direito não é um muro, mas uma ponte entre a vontade política e o interesse coletivo.
A nova sede, com seus 5,3 mil metros quadrados, é metáfora de um tempo que precisa voltar a respeitar os alicerces. Ali estão as salas, os auditórios e os corredores por onde circularão procuradores, servidores e ideias — todos convocados a pensar o Estado como uma casa de leis, não de improvisos.
Em tempos em que o Judiciário é alvejado por discursos fáceis, a entrega dessa sede soa como um contraponto elegante: a reafirmação do saber técnico sobre o achismo, da estabilidade sobre o espetáculo.
Como lembrou Ana Ali Garcia, o papel da Procuradoria é também o de desjudicializar, buscar o consenso, simplificar a linguagem e aproximar o cidadão do serviço público. É o exercício da Justiça antes do conflito. É a lei viva — aquela que conversa, explica e resolve.
Ao fim, o prédio novo não é apenas arquitetura: é uma declaração de princípios. Num Brasil que tantas vezes prefere o grito à regra, a PGE renasce como espaço de serenidade — e o profissionalismo, neste tempo de urgência e ruído, é uma forma de resistência.
ContrapontoMS, com ASSECOM/MS
