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sexta-feira, dezembro 5, 2025

Estava faltando alguém, ontem, na inauguração nova Policlínica!

Como em Nuremberg, também em Dourados faltou alguém — não o culpado, mas o justo. O silêncio sobre o nome de George Takimoto grita mais alto que todos os discursos.

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Um empurra-empurra poucas vezes visto em atos oficiais como o de ontem em Dourados, para a inauguração, agora oficial, do que era para ser um hospital regional e acabou como Policlínica. Não, não eram populares querendo ver o governador Eduardo Riedel e a grande estrela política estadual, a ministra do governo Lula, Simone Tebet. Eram políticos, com ou em busca de um mandato, numa desesperada tentativa de conseguir uma selfie. Afinal, 2026 vem aí. Mais constrangedor que isso, os mesmos políticos e alguns aspones (assessores de porra nenhuma) buscando esticar o pescoço, no melhor estilo papagaio de pirata, se acotovelando para aparecer na foto nas mídias oficiais e sociais, ao lado das autoridades propriamente ditas.

Acompanhei este espetáculo degradante à distância, aqui da longínqua e agradabilíssima João Pessoa, capital da Paraíba. Meu interesse maior era saber até onde vai o senso de justiça de nossos políticos. Como não vi, em nenhuma foto, o verdadeiro pai da criança — agora linda e perfumada — busquei me informar, com alguns amigos presentes, se o dito cujo estava lá. Até porque, como é baixinho e discreto, não havia certeza de sua presença. E, cá com meus botões, me veio uma pergunta que é a razão de ser deste texto: será que ao menos ele foi convidado para o evento?

Independente de ter sido convidado ou não, nada impediria que seu nome fosse lembrado pelos famigerados cerimoniais, sempre mais preocupados em registrar a presença de um sub-treco do vice-troço de alguma associação comunitária, por mais desimportante que seja, para que os chefes não corram o risco de perder tão preciosos votos. Menos mal que o vice-governador Barbosinha tem uma boa memória e assoprou para o governador Eduardo Riedel, o único a fazer justiça.

Como uma fonte segura me garantiu que ele não foi visto nem citado, nem pelo cerimonial nem por algum dos oradores, resolvi refrescar a cachola dessa gente, até porque o mundo dá voltas — não sem antes abrir um parêntese para uma das historinhas mais hilárias deste nosso ilustre personagem:

Como sempre fomos bons amigos, desde os temos da velha Cabeceira Alegre, antes de se tornar médico famoso, ao se tornar vice-prefeito de Dourados, eu, como assessor de imprensa – setor ao qual estava vinculado o cerimonial da prefeitura – resolvi fazer uma homenagem a ele, no seu primeiro aniversário naquela longeva administração. O primeiro a chegar à festa foi o prefeito, seguido de todos os vereadores, deputados e demais caciques políticos. Adivinhem quem foi o único a cometer a indelicadeza de não comparecer ao regabofe? Não, ele não estava abrindo a barriga de alguém, como grande cirurgião que sempre foi, mas a ausência foi justificada, depois, por motivos que remetiam também à região das circunvizinhanças de uma bela barriguinha.

Doutor George Takimoto — ou dr. Jorge, para sua legião de pacientes. Sem ele, nem deveria ter acontecido a inauguração. Sem ele, não existe hospital, tanto é que inauguraram uma Policlínica no lugar por ele concebido como um grande hospital para atender toda a região da Grande Dourados. Ele é o legítimo pai da criança, desde que ela nasceu, feinha, ainda, lá no governo André Puccinelli.

E aqui me permito mais um parêntese literário: ao assistir de longe a esse espetáculo de vaidades e esquecimentos, lembrei-me de David Nasser e de seu livro “Está Faltando Alguém em Nuremberg”. Ele se referia ao senador mato-grossense Filinto Muller. Lá, Nasser apontava a ausência de um criminoso entre os réus do holocausto; aqui, em Dourados, o que se viu foi a ausência de um justo entre os bajuladores. A diferença é brutal e simbólica: em Nuremberg faltava quem deveria pagar; em Dourados, faltou quem merecia ser lembrado. O resultado, porém, é o mesmo — a história registrando a falta.

Menos mal que o nome da Policlínica é o da progenitora do empresário Adão Paizzoto, que doou a área para a implantação do hospital. Porque o nome do Hospital, no dia em que isso acontecer — embora Takimoto esteja firme e forte, atendendo pelo seu particular sistema SUS —, deve ser Hospital Regional Doutor George Takimoto, este ícone da medicina do Mato Grosso do Sul, também vice-prefeito de Dourados, deputado estadual, federal e vice-governador do estado.

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