Desde que assumiu o comando da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, Marçal Filho vem construindo uma trajetória em que comunicação e empatia se entrelaçam — e, agora, ao apoiar a campanha solidária da OAB em favor de Rio Bonito do Iguaçu, ele invoca uma imagem que atravessa séculos: a do Bom Samaritano. Na parábola bíblica, é aquele que não desvia o olhar, que interrompe a própria caminhada para socorrer quem caiu à beira do caminho. Em tempos de dissidência política e travessias cada vez mais polarizadas, o gesto reacende a lembrança de que compaixão não é adereço religioso, mas fundamento da vida pública. E é nesse ponto que a história pessoal de Marçal o aproxima de um legado que vem de longe.
Há, nesse movimento, algo que remete ao seu padrinho de batismo e de rádio, o saudoso Jorge Antônio Salomão. Outro grande narrador da cidade, Salomão também encontrou nas ondas sonoras da Rádio Clube de Dourados — à época a única da cidade — a ponte que o levaria ao coração dos douradenses — e, mais tarde, ao cargo de prefeito. Mas não foi só pelo verbo afiado: quem viveu aquele tempo lembra das campanhas solidárias que comandava, sempre atento às tragédias que assolavam o país, como as do Mato Grosso, Espírito Santo e Santa Catarina entre outros, com cidades devastadas por enchentes recebendo comboios articulados pela força humanitária de sua voz.
Pelo visto, o pupilo segue o mestre — cada um à sua maneira.
Desta vez, a tragédia foi no Paraná, onde Rio Bonito do Iguaçu sofreu os impactos severos de uma catástrofe climática no último dia 7. E embora a iniciativa de mobilização seja da 4ª Subseção da OAB Dourados/Itaporã, foi simbólica e importante a presença do prefeito Marçal Filho no lançamento da campanha “SOS – Juntos por Rio Bonito do Iguaçu”, realizada na manhã desta segunda-feira (17). Ali Marçal destacou o valor do gesto solidário — algo que, segundo ele, “o douradense carrega como dom”.
Há um aceno significativo nessa postura: reconhecer e fortalecer ações que nascem da sociedade civil organizada. A campanha, articulada pela OAB, sob liderança da presidente Edna Bonelli e das comissões comandadas por Jeferson Farias e Lais Medeiros de Moraes, já nasce robusta, com o apoio de instituições fundamentais — Corpo de Bombeiros, universidades, empresas, prefeitura e Câmara Municipal.
O prefeito, ao participar do ato e conclamar o secretariado a mobilizar suas equipes para as arrecadações, empresta o peso institucional do município a uma causa que, embora não originada no Paço Municipal, ganha força justamente pela soma de mãos. É quando o poder público sabe se colocar não acima, mas junto das iniciativas sociais, que a solidariedade se multiplica.
E é preciso multiplicá-la. As mudanças climáticas já não permitem distância emocional: tornam-se cada vez mais frequentes, mais severas, mais próximas. A resposta, para continuar humana, precisa ser coletiva. Água, leite, fraldas, alimentos não perecíveis — itens simples que podem salvar a rotina de famílias inteiras. As doações seguem até 25 de novembro, nos pontos da OAB, Corpo de Bombeiros, Prefeitura e Câmara.
Nesta hora, passado e presente se encontram. Salomão, lá atrás, convocando cidades inteiras pelo microfone; Marçal, agora, reforçando o chamado nas redes e nos atos públicos; e a OAB, protagonista desta mobilização, firmando o papel histórico da advocacia cidadã.
Se a política tantas vezes se perde em disputas pequenas, é justo registrar quando ela reencontra sua vocação humanitária. Marçal, o prefeito bom samaritano — não porque liderou a iniciativa, mas porque soube dar-lhe voz, reconhecer sua importância e colocar o município na corrente do bem — reafirma que solidariedade não é pauta de um só, mas de todos.
E Dourados, solidária por natureza, mais uma vez atende ao chamado.
ContrapontoMS/Com informações da Assecom
