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quarta-feira, dezembro 10, 2025

O grande “pobrema” da política douradense e o novo fenômeno eleitoral

Nas lives diárias e nas críticas à saúde — inclusive a aliados — Isa Marcondes encarna um fenômeno político que mexe com a cidade

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No texto anterior, arrisquei observar — com a licença poética do ex-presidente, também presidiário, Fernando Collor de Mello — que Dourados só veria um governador “raiz” no dia em que nascesse alguém com “aquilo roxo”. Pois bem. À luz dos acontecimentos recentes— o que necessariamente passa pela liderança do prefeito Marçal Filho — e aí voltando ao campo da fenomenologia que já vivenciamos com Ari Artuzi, o que se vê é algo ainda mais curioso: enquanto uns buscam a tal bravura genética em laboratório, a vereadora Isa Marcondes, a Cavala, segue seu caminho sem pedir licença e sem baixar o topete. E que topete! Nada de silicone moral ou enxerto de coragem: ela opera no modo natural, orgânico e, sobretudo, diário.

E é aí que o cenário fica hilário — porque, goste-se ou não da figura, o fato é que a Cavala continua mandando ver em suas lives, uma atrás da outra, colocando o dedo exatamente onde dói: os problemas herdados de administrações inoperantes da cidade e do Estado, que não se resolvem num passe de mágica, especialmente na área da saúde, que é o seu nicho eleitoral e onde, diga-se, ela se sente mais à vontade para fazer estrago… no bom sentido. Enquanto parte da classe política evita temas espinhosos, circunda diagnósticos, adia explicações ou empurra dificuldades com a barriga, ela simplesmente liga a câmera e fala. Fala com nomes, datas, locais, prontuários, denúncias, reclamações e, quando o caso pede, com indignação explícita.

E nesse ponto entra a contribuição antropológica do meu saudoso sogro Manoel Torquato, tio do prefeito Marçal Filho, vizinho da Cavala na Vila Maxwell e profundo conhecedor da fauna política douradense. Ao analisar esse tipo de fenômeno, como fez nos casos de Azolla do Burro e Ari Artuzi, o “animal de pelo curto” no entender do médico e ex-governador André Puccinelli, ele soltava sempre a mesma sentença — curta, definitiva e mais precisa que relatório do TCU:

“Aí é que surge o pobrema…”

O “pobrema”, como se vê agora, não é a Cavala falar demais, nem falar de menos, nem falar alto, nem falar duro — o problema é exatamente ela falar o que ninguém queria ouvir. E continuar falando.

O mais inesperado é que ela faz isso sem poupar ninguém: aliados de primeira hora, como Marçal Filho e Eduardo Riedel, também entram no seu raio de ação. A Cavala não afina, não ameniza, não abaixa o tom. Se prometeu cobrar, cobra. Se prometeu fiscalizar, fiscaliza. Se prometeu incomodar, incomoda. E segue cumprindo o script que apresentou ao eleitorado.

Não se trata aqui de dizer que esse é ou não o caminho para Dourados; trata-se apenas de registrar, com a isenção que o cronista deve ter — e com a graça que o momento oferece — que o fenômeno Cavala é real, ruidoso, peculiar e, acima de tudo, coerente com aquilo que ela mesma se propôs a ser. Se a cidade um dia verá nascer alguém com “aquilo roxo”, como dizia Collor, não cabe a este escriba prever. Mas que já existe por aí alguém com “aquilo ligado”, isso existe — e aparece todos os dias na telinha do celular de milhares de douradenses.

E, como diria seu Mané eletricista, apontando pra tela com o dedo tortinho pela idade:

“Tá vendo? Eu não disse? Aí é que surge o pobrema…”

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