Depois da Picadinha, onde Eduardo Riedel ressuscitou o “fio do bigode” como método oficial de governo — e entregou o asfalto que muita gente jurava que jamais veria —, Mato Grosso do Sul começa a colher um efeito que vai muito além de obra e fotografia: confiança convertida em política pública e política pública convertida em transformação social real.
A Síntese de Indicadores Sociais divulgada pelo IBGE acaba de trazer o dado que nenhum marqueteiro poderia fabricar: mais de 40 mil pessoas deixaram a linha da pobreza entre 2023 e 2024. Em termos percentuais, o Estado reduziu em 40,74% a extrema pobreza em dois anos, numa curva descendente rara num país que insiste em produzir vulnerabilidade em escala industrial.

E aqui cabe lembrar o dia em que Riedel contou, na Picadinha, o trajeto de picadas que fazia da fazenda até a Unigran, quando era professor. Foi ali, no microcosmo de Picadinha, que ele transformou um jargão esquecido em método administrativo: “fio do bigode”. Em um país onde promessas públicas evaporam antes de secar a tinta, ele decidiu recuperar a palavra como ativo político. E a Picadinha asfaltada ficou como metáfora oficial do “eu disse que faria, e fiz”.
Mas política pública não se faz só de metáfora.
Faz-se de estrutura.
E aí entra a virada silenciosa — porém profunda — que a Sead promoveu nos programas sociais. O MS Supera, por exemplo, virou a chave do antigo Vale Universidade. Não é mais só bolsa: é permanência. É permitir que estudantes de baixa renda, como Ariadne Mariana Rocha da Cunha — filha de pedreiro com dona de casa, primeira da família a concluir o Ensino Médio — possam cursar Medicina na UFMS sem depender de milagre diário. Quando exigiram estágio obrigatório para ter acesso ao benefício, ela ficou de fora. Quando a legislação mudou, entrou. E sua frase explica toda a ética da mudança:
“Quero ser médica para tratar as pessoas independente de serem ricas ou pobres.”
E isso, convenhamos, é mais revolucionário que muita lei.
O “Mais Social” também deixou de ser a esmola oficial do Estado e passou a operar como ferramenta de mobilidade. Com georreferenciamento, busca ativa nos 79 municípios e benefício ampliado para quem estuda, o programa passou da lógica do “alívio” para a lógica da “trilha”: sair da pobreza não é acidente; é processo. Enquanto isso, o Energia Social garante luz acesa para 29 mil famílias e o “Cuidar de Quem Cuida” apoia quase duas mil pessoas que dedicam a vida a outras vidas. Nas aldeias, 20 mil famílias recebem cestas em um Estado que carrega a maior reserva indígena urbana do país — e a responsabilidade histórica correspondente.
Tudo isso junto explica por que a pobreza está caindo. E explica algo ainda maior: por que o método do fio do bigode pegou.
Porque no fim das contas, política pública é como picada de fazenda: se não tiver começo, meio e fim, você não chega. E se o governo promete, mas não entrega, o povo para de caminhar. Riedel entendeu a equação no momento em que pisou na Picadinha: obra é símbolo, mas confiança é sistema.
Não à toa, o Estado saiu de 2,7% de extrema pobreza em 2022 para 1,6% em 2024. Num país que sobe ladeiras empurrando a si mesmo, Mato Grosso do Sul desceu a marcha e achou o vinco da estrada.
E como todo mundo sabe sabe, obras mudam paisagem, mas políticas mudam destino. O fio do bigode, que antes parecia apenas uma anedota simpática, hoje se revela um método: prometeu, cumpriu; diagnosticou, reestruturou; reestruturou, reduziu pobreza.
A Picadinha virou símbolo. O IBGE confirmou o resultado. E o cronista, insubordinado como sempre, apenas observa: Quando o fio do bigode é sério, a vida do povo muda.
Com informações da SECOM-MS
