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“Viúva Porcina” de Murilo Zauith, Alan Guedes procura por um Sinhozinho Malta

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08/07/2021 – 17h41

A orfandade do prefeito douradense, pela falta de paciência para esperar o retorno de seu pretendido padrinho político, vítima da Covid

Como vale a pena ver de novo, sempre, a antológica novela “Roque Santeiro” é o melhor parâmetro na tentativa de se vislumbrar as consequências do retorno (ufa!) do vice-governador Murilo Zauith a Dourados, depois de todos os perrengues decorrentes da Covid-19. Enquanto espero, no fim da fila, minha senha para visitar o velho amigo, arrisco alguns palpites, até pelo inevitável da comparação de alguns personagens que cercam Zauith com aqueles surgidos da mente brilhante e criativa do imortal Dias Gomes e seu parceiro Agnaldo Silva, agora revividos graças a este relançamento pelo sistema de streaming da “Vênus Patinada”.

Como um dos pacientes brasileiros mais longevos da pandemia num quarto de hospital, com tempo de sobra para as mais profundas reflexões e, levando-se em consideração o espectro em que se deu sua saída do governo em que é substituto natural de Reinaldo Azambuja, certamente que não se trata de um simples retorno para convalescência, até porque disso sua fiel escudeira Cecília Grinberg já cuidou muitíssimo bem nesses seis meses de calvário. Daí, que de um retorno em alto estilo, como forma de vingança, pelas mágoas que abundavam por ter sido defenestrado sem dó nem piedade da poderosa secretaria de Infraestrutura ou, o que é mais provável, por sua grandeza de caráter, por não precisar disso para viver e, como costumam fazer os grandes heróis do esporte, para não perder o “time” da hora de parar, não se descartando uma saída em alto estilo, simplesmente mandando a “companheirada” toda a plantar batatas – a renúncia, pura e simples, ao cargo de vice-governador. Afinal de contas, nesse período todo em que serviu à política, à Dourados e ao Estado, sua sala como presidente de honra da Unigran, umas das Universidades mais bem ranqueadas do Centro Oeste brasileiro, continuou intacta.

Nesse contexto, surge Alan Guedes, como o grande protagonista da trama, mas, só pelo desvio do curso da história, por estar provisoriamente prefeito por conta de mais um lapso de memória do sempre inquieto e irreverente eleitorado douradense, que vê nessas “novidades” uma maneira de compensar um desastre como aconteceu lá atrás com Ari Artuzi e agora com Délia Razuk. Sim, porque chega a ser uma heresia comparar a astúcia da lendária viúva Porcina, magistralmente encenada pela atriz e empreendedora ruralista Regina Duarte com o pamonha do nosso jovem prefeito.

Assim como na novela, o grande problema da nova “viúva Porcina” da terra de seu Marcelino é que seu santo e milagreiro Roque Santeiro, que todos davam como morto, na melhor das hipóteses desaparecido, também voltou. E com o período de hibernação de Murilo Zauith se prolongando misteriosamente no hospital Albert Einstein em São Paulo, ante as mais desencontradas notícias da malfadada rádio peão, dando conta até de sua desencarnação e com a água batendo nas nádegas de sua bunda, o que fez Alan Guedes? Em vez de rezar pela mais rápida recuperação daquele a quem se apegou depois da eleição para garantir sua “governabilidade”, não perdeu tempo, indo em busca de um novo Sinhozinho Malta. Sim, um novo “Chico Malta”, porque o velho coronel, aquele do velho bordão – “estou certou ou estou errado? ” –, que batia na mesa de olhos estatelados, chacoalhando as pulseiras e alisando as franjas da peruca, esse Alan Guedes já havia traído antes da eleição.

Daí, ser de somenos importância a diferença do desfrute que a “Viúva Porcina” da novela se dava nos braços calientes e nos beijos ardentes do personagem Roque Santeiro, vivido por Fábio Jr., na película em produção na cidade de Asa Branca em homenagem ao santo que vai reaparecer, vivinho da silva, para fechar com chave de ouro a novela. De sua parte, enquanto não conseguia atravessar a barranca do Rio Dourado rumo a Fátima do Sul em busca de um poderoso coronel velho de guerra, a “viúva Porcina” douradense não perdia tempo, também numa farra danada com o usufruto do dinheiro da publicidade desviada do gabinete anterior, para o desfrute, não menos caliente, com o seu “Roque”, pelo jeito muito mais que santeiro.

De mais verossímel, nessa trama, só mesmo a comparação da subserviência do prefeito da fictícia Asa Branca, Florindo Abelha, interpretado pelo não menos antológico Ari Fontoura, ao coronel Sinhozinho Malta (Lima Duarte), que é quem manda na cidade realmente. E, aqui, como a licença poética da ficção permite, havendo uma inversão de papéis, com a nossa viúva Porcina, no papel de prefeita, fazendo só o que manda seu amado – não o presumido defunto, mas o ator – Roque Santeiro, por “ela” o melhor aquinhoado com os pixulecos do Jaguaribe e agora a por “ela” levado ao novo gabinete com a incumbência de cuidar da terceirização dos milhões das rachadinhas do cofre mais gordo, o da velha e inesgotável teta barrosa.

Por tudo isso, bem provável, mesmo, que Alan Guedes tenha que se apegar ao coronel da velha Vila Brasil para tentar tocar a Golden City e, principalmente, como o homem também é forte no judiciário da capital, tentar se garantir por lá quando os escândalos agora pipocados chegarem à sempre complacente segunda instância. Quanto a Murilo Zauith, que apareça um professor Astromar, o redator e discursador oficial da prefeitura de Asa Branca, que vira lobisomem toda à meia-noite, para o seu grand finale, depois, claro, de soltar o guri ladeira abaixo.

Alan Guedes, no dia em que foi pedir o penico que gerou na demissão de Murilo Zauith da secretaria de Infraestrutura do governo estadual

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