11.9 C
Dourados
sábado, maio 31, 2025

Ari Artuzi: “E eu que era o ladrão? ”

- Publicidade -

A ideia inicial era um retorno, ops! em alto estilo, da seção de entrevistas, com a entrada da nova plataforma do blog/contraponto. Por razões óbvias, pensei em outro retorno, o do vice-governador Murilo Zauith, muito mais pelo contexto pandêmico em que ele é um dos principais protagonistas do que pelas divergências com o governador Reinaldo Azambuja que acabaram por adiar o sonho de Dourados de ter, enfim, seu governador, que fosse, por sete meses. Mas, a blindagem de Zauith só abre exceções para alguns privilegiados veículos da capital. Por razões óbvias, sondei Eduardo Riedel, mas, até agora, nem uma senha. Conversei com o até aqui insuperável (administrativa e politicamente) Zé Elias Moreira, combinamos uma data, mas também por motivos de saúde, uma compreensível protelação. Aí, tinha que ser, ele – o insuperável em fenomenologia eleitoral. Ele mesmo, Ari Valdecir Artuzi. Me apareceu em sonho, indo e vindo vários dias. Sonhos ou pesadelos? Um repeteco, aliás, da entrevista que fiz com ele, vivo, já dando ibope como prefeito, na estreia da mesma seção, lá atrás.  No melhor estilo junguiano, eis o resumo da ópera. Em tempo, o blog tenta preservar ao máximo o jeitão simplório de falar do ex-prefeito, inclusive os erros de grafia e de concordância, embora seja visível, já, o processo evolutivo dele.

Antes de partir você me prometeu uma entrevista, quando me entregaria uns documentos e umas gravações

Pra que pressa, tanta gente viva aí pra ti entrevistar, não fez a entrevista mas não para de falar do Artuzi. Não dá pra me deixar quéto? Preciso descansar da viagem. Quando o Jorginho (Dauzacker) me levou pra me enterrar lá em São Valentim, no Rio Grande, deu um “até breve amigo” e disse “qualquer coisa me chama que eu vou”. Esse céu é de uma lonjura sem fim.

É a eternidade, Valdecir.

Tá, mas quero pedir uns votos lá também! Acho que não estou nem perto do céu, me falaram que agora estou numa colônia, aqui perto de Itaporã, parece nome de uma mulher, Umbralina, eu acho. Bom que dá pra ver tudo o que acontece aí em Dourados. Ainda bem que não tenho medo de cara feia e trabalho não me assusta. Continuo levando os doentes e largando tudo aí na porta do Hispital da Vida.

Já cruzou com algum eleitor por aí?

Nada. Isquisito dimais isso aqui. Tenho iscutado falar muito do tio Dioclécio e do doutor Harrison, esse tá bravo com o Murilo, hein, por ter tirado a estátua do finado Getúlio lá do centro e jogado lá na divisa da aldeia; mas não entendo direito, escuto sempre o Sidnei Corrêa mandando abraço para os pessoal do Dioclécio e do Harrison, que pessoal é esse?  

São nomes de conjuntos habitacionais com nomes em homenagem a eles.

As casas que eu comecei construir? Mas deram conta de terminar? Ôh povo ruim de serviço! Quer dizer então que o nome da Perimetral Norte…

(Atalhando) Não Valdecir, a Perimetral é Ivo Cersósimo.

Mas o Ivo? O que aquele pançudo fez pra merecer, já tinha até morrido quando ameacei abrir uma picada lá, e (gargalhando) o Puccinelli não teve pra onde correr.

Notícias dos amigos que partiram, principalmente vítimas da pandemia?

Não, o pessoal da pandemia passou reto, disseram aqui que é uma grande convocação do homem lá em cima, para o retorno, como você diz, para uma nova empleita aí na terra. Mas recebi um recado que o Vivaldo (ex-prefeito Vivaldi e Oliveira) quer me conhecer, que meu trabalho era meio parecido com o dele e que sabe porque mandaram me prender e depois me matar (na verdade Artuzi morreu de câncer, depois de renunciar, quando ainda estava preso). Ele mandou um recado pelo Moraes (também ex-prefeito Antônio Moraes dos Santos). O Moraes vive por aqui, ele e o seu Amaral (Vlademiro Muller do Amaral) preparando uns loteamentos para essa gente que está subindo.

Notícias do Totó (ex-prefeito João da Câmara)?

Ah o purtuguêis… o Luizão (jornalista e advogado Luiz Carlos Matos) também anda por aqui e garantiu que vai me levar pra conversar com ele. Disse o Luizão que o Totó acha que eu preciso voltar urgente, que vai me contar onde enterraram a cabeça do burro que você fala todo o dia aí no teu blog. Mas por que não me pergunta do Murilo e da Délia?

Tá bom, o que você achou das administrações deles?

O Murilo (tentando imitar com as mãos o gesto característico de Zauith quando está pensativo) prometeu a prosperidade, mas pelo jeito só pra japonesada, pro sogro do Renato (Câmara, deputado), Cláudio Iguma (Imobiliária Continental), pro seu Antônio da Corpal (Corpore empreendimentos), e aqueles caras lá de Naviraí, dessa empresa que tem o nome daquelas farmácias que faliram, a São Bento. E o asfalto do Murilo, o que aconteceu? Não falavam que o meu é que era casca de ovo? Engraçado, né, o povo do Murilo me criticou tanto, mas não deram conta de terminar nem as casas que eu comecei. Depois que arranquei a Perimetral Norte do André, o Murilo começou a falar em Perimetral Sul, mas cadê? O Murilo foi um grande prefeito, tão grande que Dourados ficou quase do tamanho da capital de São Paulo, mas só no novo mapa do perímetro urbano. E a duplicação da coronel Ponciano? Eu ia resolver isso, já tinha projeto e tudo, mas aí aconteceu aquela desgraceira toda.

Délia Razuk…

Você não escreveu? Também achei uma fiasqueira medonha! A sorte do Murilo foi a Covid, senão ia passar vergonha agora como homi das obras do Reinaldo, não ia dar conta de terminar aquele saco sem fundo (e eu que era o ladrão?) do Aquário do André, que ele garantiu entregar. Deu azar, porque quando foi escorraçado do governo tinha chance de sair por cima, mas Deus sabe o que faz.

Por que toda essa bronca com Murilo?

Olha, o Rigo (ex-deputado Ari Rigo, chefe político de Artuzi) acabou de chegar por aqui, parece que tem muito o que explicar também; não deu pra gente conversar direito ainda. Mas quando estava lá na terra a gente tinha um plano. O Mumu (Murilo Zauith) não perde por esperar. Ele e o italiano (André Puccinelli), este já começou a pagar, mas tem muito ainda pra acertar com a justiça dos homens, depois com a daqui. Acho que por isso que não subi ainda, deve ser pra gente subir tudo junto, para os juízes e promotores lá do andar de cima interrogar todo mundo de uma vez só. Você estava no bem bom lá em Fortaleza, nem pra ir no meu velório, não viu minha mãe rogar pragas para meus adversários na beirada do meu caixão, agora olha o que está acontecendo com eles.

Praga uraganica?

Por que você acha que me prenderam e fizeram eu renunciar na mira de uma carabina lá no presídio federal? Pra quê aquilo? Acabou a corrupção? Os que entraram eram melhores que os meus? Só comparar. Cadê o dinheiro que falaram que eu enterrava nas garrafas petis no fundo de meu sítio? Eu morri à míngua, o único político que pagou uns remedinhos pra mim foi o Delcídio (do Amaral, senador).  Meu erro, feio, foi falar antes da hora que ia ser governador. E ia ser mesmo! Você sabe, eles nunca engoliram a eleição para a prefeitura de um ex-caminhoneiro de “pelo curto”, como gozava o André (Puccinelli), um louco que tinha sido o deputado mais votado da história, imagina esse mesmo doido governador.

Mágoas do Pas….

Artuzi não permitiu que terminasse de pronunciar a primeira sílaba do nome de seu ex-secretário de governo, depois delator, jornalista Eleandro Passaia. Deu salto da cadeira de fios em que estava sentado, sendo tragado por redemoinho e foi subindo, subindo, dando tchauzinho, pelo jeito feliz “da vida” com o desabafo.

- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -

Últimas Notícias

Últimas Notícias

- Publicidade-