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sexta-feira, dezembro 12, 2025

Luiza Ribeiro retoma briga pelo tombamento

Depois de rejeitado pela Assembleia Legislativa, projeto de tombamento do Parque dos Poderes entra na pauta do legislativo municipal de Campo Grande

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A Câmara Municipal de Campo Grande tomou para si a responsabilidade de conseguir o tombamento e preservar o Parque dos Poderes, em projeto que também engloba o Parque das Nações Indígenas e o Parque Estadual do Prosa. A proposta foi apresentada pela vereadora Luiza Ribeiro (PT) e conta com apoio de ambientalistas, pesquisadores, juristas e representantes de movimentos de preservação da área.

A medida contrasta com o que fizeram os deputados da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, que na penúltima sessão de 2019, sem qualquer debate com a sociedade, revogaram o Decreto Legislativo 606, que iniciava o processo de tombamento do Complexo dos Poderes na Capital.

O decreto era uma arma do Ministério Público Estadual para impedir o desmatamento da área, que ficou sem respaldo legal. Na justificativa para a revogação, os deputados alegaram que o tombamento extrapolou os limites legais ao usar a via inadequada e inapropriada. A competência seria da Fundação de Cultura.

No fim de abril, a vereadora Luiza Ribeiro encampou o debate no legislativo de Campo Grande ao apresentar o Projeto de Lei n. 10.970/2023 com o propósito de preservar o complexo de imóveis composto pelo Parque dos Poderes, Parque Estadual do Prosa e Parque das Nações Indígenas. 

Em sua justificativa, a parlamentar diz que os parques “formam uma universalidade de bens imóveis cuja conservação é de interesse público, por se tratar de monumentos naturais e paisagens de notável beleza cênica e relevância ambiental”.

“Trata-se de proposição que tem como finalidade proteger todo aquele complexo e seus recursos ambientais, preservando sua atmosfera, suas águas superficiais e subterrâneas, seu solo e subsolo e suas espécies da fauna e flora, cuidando da manutenção da qualidade de vida e do patrimônio cultural e paisagístico de Campo Grande”, justifica a vereadora.

Luiza Ribeiro diz que o projeto foi montado após debate com ambientalistas, pesquisadores, juristas e representantes de movimentos como o S.O.S. Parque e Amigos do Parque. 

“O tombamento será relevante para garantir a proteção de todos aqueles bens imóveis, além de proibir a supressão da vegetação nas áreas que compõem os imóveis tombados, a retirada de qualquer espécie de vegetação, especialmente a mata nativa, a realização de obras de terraplanagem, aberturas de canais de outras, de iniciativa do poder público ou da iniciativa privada”, explica a vereadora.

“Além disso proíbe atividades capazes de provocar erosão das terras e assoreamento, atividades que ameacem extinguir espécies da fauna e da flora existentes no complexo de parques, proíbe a exploração de recursos naturais, exceto para pesquisa, também proíbe o uso de instrumentos de caça, pesca e de corte de árvores, permitido aqueles destinados para as podas, cuidados e melhoramentos das plantas e dos jardins existentes no local”, completa.

O projeto de lei também estabelece que as edificações já existentes nos serão protegidas pelo tombamento, mas poderão ser reformadas, revitalizadas ou restauradas desde que mantenham a originalidade arquitetônica. Os órgãos ambiental e cultural de Campo Grande poderão estabelecer limites e diretrizes para a intervenções nas áreas de entorno dos bens tombados pela lei proposta.

Luiza Ribeiro retoma briga pelo tombamento
Parque dos Poderes, obra do primeiro governo Pedro Pedrossian, no Mato Grosso do Sul (foto: divulgação)

O economista e defensor do Parque dos Poderes, Alfredo Sulzer, comemora a iniciativa dos vereadores. “Sempre comentamos que a Prefeitura de Campo Grande tem responsabilidade naquela área. A administração municipal sempre se omitiu. Aquela é uma área dentro da cidade e tem que estar contida no Plano Diretor da cidade, que deve estabelecer o que pode e como se deve construir naquela região”, defende.

Alfredo Sulzer lembra o caso do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul que pretendia construir o novo Palácio do Justiça, que teria 60 mil metros quadrados, e planejava desmatar a área de seis hectares. O plano, porém, foi suspenso em março deste ano.

“O Tribunal de Justiça cercou seis hectares de terra, cercou e não deu a mínima para ninguém. Cercou como se fosse dele. Aquela área, pela lei que regula a ocupação daquele espaço, impede que se construa qualquer coisa ali. Queriam passar por cima”, reclama Alfredo.

O TJMS pode retomar o projeto, mas após a realização de novos estudos, que considerem, inclusive, a questão de preservação ambiental, mas pode ter um novo obstáculo caso o tombamento prospere.

Tramitação na Câmara

O projeto foi discutido entre representantes de entidades e institutos ligados ao meio ambiente, pesquisadores, ambientalistas e advogados com o presidente da Casa, vereador Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), e outros parlamentares.

“Essa área que nós estamos lutando é considerada uma ilha de frescor de Campo Grande. É uma área muito importante não só do ponto de vista climático, mas também do ponto de vista cultural. E do ponto de vista climático, nós temos uma diferença entre o Centro para essa área [Parque dos Poderes] de 5ºC. É muita coisa”, relatou Maristela Benites, do SOS Parque dos Poderes.

“Nestes momentos em que estamos falando de mudanças climáticas, que a gente está vendo perda de água, perda de solo, perda de biodiversidade, então essa área é estratégica do ponto de vista, cultural, climático, e agora também do ponto de vista hidrológico”, concluiu.

Carlão informou que o projeto recebeu parecer favorável da Procuradoria Jurídica da Câmara, mas ainda deve passar pelas comissões pertinentes antes de ir a votação em plenário, programada para 5 de junho, data que celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente. 

Richelieu de Carlo/O Jacaré

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