Quando se deixou fotografar assim, de rostinho colado, com Simone Tebet, a hoje todo-poderosa Janja Lula da Silva jamais poderia imaginar o grau de peçonha ou o tamanho do bote da cobra que ela e o maridão poderiam estar levando para as cercanias do Palácio da Alvorada, aí incluído o intramuros Planalto (que Oscar Niemeyer lá de cima, não esteja lendo isso!). Não que a hoje mais badalada ministra do governo Lula possa ser comparada à jiboia encontrada tomando sol pelo deputado Zé Teixeira próximo ao seu gabinete, na Assembleia Legislativa, mas certamente que nem Janja nem Lula imaginavam quão grande seria a encrenca que estariam arranjando, tendo em vista, claro, o projeto de reeleição do casal. Além deles, o maior interessado nisso tudo, candidato natural à cadeira de Lula, ao fundo com o (à época da foto) colega de chapa, Geraldo Alckmin, cujo nome aparece espremido entre o do titular e seu emblemático número. Ali, a emedebista era paparicada por ser a estrela da campanha eleitoral apoiando o petista no segundo turno. Não se sabe a quantas anda hoje o xodó estampado na foto, entre Simone e Janja, mas os mais recentes números do Instituto Paraná de opinião pública dão à senadora do Mato Grosso do Sul a condição de ministra mais bem avaliada do governo Lula e, como tal, um nome forte, no MDB, para a corrida sucessória de 2026. Por isso, incomodando uma barbaridade aliados, além de Alckmin, Flávio Dino e os do famigerado Centrão, os do entorno petista. Neste caso, uma briga fraticida, mas, claro, só para depois da reeleição, que acreditam, de Lula.
Criador e criatura – Essa ascensão espetaculosa de Simone Tebet dá bem a dimensão dessa coisa de criador e criatura, assunto que, por razões mais que óbvias, volta a ser fomentado nos bastidores da política estadual, por conta de uma situação não menos espetaculosa, só que mais inusitada ainda – a da entronização do novato na política, Eduardo Riedel, como governador do estado. Traumatizado com a pecha – de poste – de campanha, Riedel, competente que é, Riedel vem imprimindo seu ritmo próprio de governo, governo que alguns mais céticos esperavam continuar sendo do coronel Azambuja.
Criador e criatura II – Ainda no contexto da ascensão meteórica de um nome do Mato Grosso do Sul ao cenário da política nacional, lembrando que Simone Tebet, embora filha de outro grande nome da República, o senador Ramez Tebet, é cria política do ex-governador André Puccinelli. E, bom lembrar também, que na primeira oportunidade que teve ela deu uma banana a seu criador. Foi quando o ex-governador precisou dela para concorrer ao governo por ele, contra a reeleição de Azambuja, com o deputado Júnior Mochi sendo o escolhido para o sacrifício. Não, a coluna não está querendo elucubrar sobre as pragas de Puccinelli atrás das grades, em que pese a expectativa de que a tal operação fim do mundo seria desencadeada, enfim, como aperitivo para as eleições do ano que vem.
Praga de urubu… – Falando em praga, a deputada Lia Nogueira foi muito infeliz em mais um desses espetáculos que gosta de proporcionar no plenário da Assembleia Legislativa. Em uma de suas já manjadas narrativas sobre “o caos” de tudo em Dourados, ela aproveitou um clique de seu cinegrafista exclusivo em um urubu num telhado de um posto de saúde para mais estocada no prefeito de Dourados, para ela o “Urubu Guedes”. O problema desse tipo de insert é a consequência daquela singela rima do sambista Dicró: “menina namoradeira, que vive de beijo e abraço, depois fica reclamando… porque perdeu o…” Ou seja, mais antigo ainda, “praga de urubu cai no mesmo…”
Quem viver, verá – Por essas e outras é que Alan Guedes anda mais tranquilo que água de poço, como gosta de dizer o guru murilista e presidente da UDAM, José Nunes. Farejando o cheiro do povo, entregando obras e serviços nos bairros, o prefeito não só reafirma a determinação em disputar, como confia piamente na reeleição. E para quem duvida, ele apela ao bordão do presidente Lula para fazer o contraponto: “nunca antes na história de Dourados num prefeito apanhou tanto”, para partir do pressuposto que é a sua tábua de salvação: “não se chuta cachorro morto”.
Déjà vu – A propósito, como não repetir a expressão do francês para um filme já visto? Alan Guedes só se elegeu prefeito em 2020 por que teve a audácia de desamigar do deputado Zé Teixeira, que continua ameaçando vender quantas boiadas forem necessárias, se preciso, até para comprar o passe de Marçal Filho. O pessoal do marketing do prefeito até já desarquivou uma fala da eleição passada, com Zé Teixeira batendo no peito garantindo que o candidato dele era o Barbosinha. “Ni-qui-qui” fizer isso com Marçal a reeleição estará garantida, prevê um seguidor do prefeito.
Mumu – Enquanto isso, o retorno de Murilo Zauith depois da semana do saco cheio estava sendo aguardado com ansiedade, principalmente pelos pré-candidatos que ainda veem nele a salvação da lavoura para o próximo período administrativo municipal. O empresário costuma passar esses períodos de férias na casa da sogra, no Litoral Norte de São Paulo, de onde emite sinais cifrados aos aliados. Desta vez, orientando quanto ao aluguel de um local para Rose Modesto despachar em Dourados. Certamente que não é para as atividades da ex-deputada e sua candidata a governadora como superintendente da SUDECO. Há quem garanta que é daqui que vai partir o levante para 2026, com a eleição do sucessor de Alan servindo apenas como trampolim.
Gegê – Mais desenxabido que nunca, depois da bicuda do “dedo podre” do eleitorado douradense, o deputado Geraldo Resende tem agora em sua conta a inclusão de mais um prefeitável na já longa lista dos que sonham com a cadeira de Alan Guedes. O deputado Neno Razuk. Bastou um contraponto enérgico, porém ponderado e elegante, no plenário da Assembleia, para que o nome do filho de Roberto e dona Délia Razuk passasse ser considerado entre os que podem surpreender nas próximas eleições.
Tiro no pé – Ao retrucar o deputado Geraldo Resende pela declaração de que nem partido tem para disputar a prefeitura, o ex-presidente da Câmara Archimedes Lemes Soares, o Ferrinho, disse que não só tem o PSB, legenda já garantida, como dois outros que lhe foram oferecidos. Para Ferrinho, o deputado tucano, que sempre se alinhou com à esquerda, está como o Hamas, grupo terrorista que ao bombardear Israel deu um fôlego para a guerra entre Rússia e a Ucrânia. No caso de Dourados, o bombardeio sobre Alan Guedes agora redirecionados, ao próprio Geraldo Resende.
Xandão – Como o assunto é terrorismo, fechando essa prosopopeia com a tensão reinante no meio do tão badalado agro, na terra de seu Marcelino. Lideranças – não só as que insuflaram os “pobres-coitados” para servir de bucha de canhão em Brasília, no fatídico 8 de janeiro –, de entidades de classe, começam a reforçar os estoques de Lexotan e Rivotril. Todos contabilizando, já, as primeiras penas do STF para os bolsonaristas “terroristas”.