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domingo, novembro 24, 2024

Os herdeiros da política douradense

Geraldo Resende segue exemplo de outros políticos que emplacaram seus herdeiros

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Insubordinando-se com a cúpula tucana no estado, depois de descartado como candidato à sucessão do prefeito Alan Guedes, o deputado federal Geraldo Resende prepara voos mais altos na política, provavelmente em outra agremiação, mas, como o futuro a Deus pertence, já começando a preparar sua própria sucessão, escalando a filha Bárbara Gonçalez Resende como candidata a deputada estadual nas próximas eleições.

O descontentamento de Geraldo com os caciques estaduais que insistem em determinar os rumos da política douradense vem desde 2018, quando perdeu a prefeitura para Délia Razuk, depois de abandonado no meio do caminho. Situação que se agravou em 2002 quando perdeu a reeleição para deputado federal. Mesmo ganhando a vaga com a ida da então deputada Tereza Cristina para o ministério de Bolsonaro se recusou a assumir como suplente, preferindo, como prêmio de consolação, voltar à Secretaria de Saúde.

Formada em Direito na UFGD, Universidade que consta do currículo do pai como por ele idealizada, Bárbara já percorre os corredores do poder em Brasília, principalmente do Congresso nacional – “a grande Universidade da política”, como dizia sempre o ex-prefeito e ex-deputado federal João Totó Câmara. Esta semana, todo orgulhoso da pimpolha, Geraldo postou a foto que ilustra este texto, ao lado do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, no Instagram, como que sinalizando o caminho partidário (PSB) a ser seguido por ele e pela filha na política, a partir de 2026.

Ao projetar sua filha como sucessora Geraldo Resende vai na trilha de outros políticos douradenses que também tiveram essa preocupação. O primeiro deles, Horácio Cersósimo de Souza. Deputado desde os tempos dos dois Mato Grossos, já Conselheiro do Tribunal de Contas do MS, Horácio elegeu o filho, Paulo Estevam da Cruz e Souza para a cadeira que um dia fora sua na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul.  

Outro que preparou a sucessão foi Roberto Razuk. Primeiro tentou com a mulher, Délia, que, vereadora no segundo mandato, ficou com a primeira-suplência de deputado estadual em 2014, só não assumindo a vaga para dois anos de mandato, em 2016, porque neste ano se elegeria prefeita de Dourados. Dois anos depois, somados o prestígio da mãe prefeita (até ali ainda uma incógnita) e o histórico do pai, deputado de dois mandatos, eis que surge o herdeiro tão sonhado por Roberto Razuk, o filho Neno, como deputado estadual. O mesmo Neno Razuk cujo mandato hoje está por um fio por conta de seu envolvimento com os negócios do jogo do bicho da família.

Deputado estadual de um mandato quem também emplacou sua herdeira na mesma cadeira foi Roberto Djalma Barros, cuja esposa, à época, Bela Barros, assumiu como deputada suplente por dois anos. O filho Marcelo Barros também seguia na mesma direção, mas foi abatido pela Operação Uragano, quatorze anos atrás. Marcelo fazia parte da “geração de ouro” do ex-vice-governador Murilo Zauith, que, se não fez nenhum parente herdeiro, preparava pupilos como Aurélio Bonatto, Gino Ferreira, José Carlos Cimatti, Júnior Teixeira, Marcelo Hall, Paulo Henrique Bambu e Sidlei Alves. Todos, vereadores, tidos como potenciais candidatos não só à Assembleia como à Câmara Federal, também na linha sucessória do prefeito Ari Artuzi, assim como de seu vice Carlinhos Cantor, também preso e com o mandato cassado pela mesma Uragano. Artuzi, que se diga, herdeiro político, também, de um tio, o vereador Dioclécio Artuzi.

No âmbito, ainda, do Jaguaribe duas heranças políticas de destaque: além de Júnior Teixeira, presidente da Casa, filho do ex-prefeito Humberto Teixeira e sobrinho do deputado Zé Teixeira, o também ex-presidente Idenor Machado, tido como herdeiro político do irmão, Valdenir Machado, deputado de três mandato; e o atual vereador Maurício Lemes, já no segundo mandato, por conta do capital político do pai, outro ex-presidente da Câmara e agora pré-candidato a prefeito, Archimedes Ferrinho Lemes Soares.

Por fim, o maior e o mais poderoso de todos os herdeiros da política da terra de seu Marcelino – o deputado Zé Teixeira. Numa entrevista certa vez, ao jornal O Progresso, ele confessou que tinha duas “boas invejas” do irmão, Humberto Teixeira: ser piloto civil de aviação e prefeito de Dourados. Conseguiu compensar a frustração, já que como deputado estadual (está no sétimo mandato) se deu melhor que o irmão (eleito deputado uma vez e empossado como suplente no segundo mandato). Num recado ao ContrapontoMS semana passada, via deputada Lia Nogueira, “seu Zé” mandou avisar que se não encerrar a carreira como prefeito vai fazê-lo como deputado. De bengala ou não.

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