32.6 C
Dourados
terça-feira, maio 21, 2024

Gigante global de máquinas faz acordo com SpaceX de Elon Musk para conectar agro no Brasil

Sem conectividade, produtor rural não consegue dados em tempo real sobre desempenho de máquinas de mais de R$ 5 milhões no campo

- Publicidade -

Gigante mundial na fabricação de máquinas agrícolas, a John Deere anunciou um acordo com a SpaceX, de Elon Musk, para oferecer serviços de conectividade via satélite para o agronegócio no Brasil. A medida é mais uma adotada por empresas que produzem tratores, plantadeiras e colheitadeiras para tentar diminuir o índice de áreas sem conexão na zona rural do país. A solução estará disponível por meio de um lançamento inicialmente limitado aos Estados Unidos e ao Brasil, a partir do quarto trimestre deste ano.

A ConectarAgro, associação que reúne empresas ligadas ao agronegócio, lançou um estudo que mostra que somente 19% da área disponível para uso agrícola conta com cobertura 4G no país. E a própria John Deere tem um outro programa, em parceria com a Claro e a Sol, empresa de tecnologia do grupo RZK, chamado Campo Conectado.

Gigante global de máquinas faz acordo com SpaceX de Elon Musk para conectar agro no Brasil
Estande da John Deere na Expoagro de Dourados (foto: divulgação)

A internet no campo não é só importante para que o produtor rural e sua família possam estar conectados, mas porque todas as máquinas agrícolas modernas contam com sistema de transmissão em tempo real dos dados, para que agrônomos, técnicos e demais funcionários das fazendas corrijam eventuais problemas que surjam durante as atividades nas lavouras.

Com preços de máquinas que não raramente ultrapassam o valor de R$ 5 milhões por unidade, não faz sentido para muitos produtores pagar por uma tecnologia embarcada que dificilmente será utilizada em sua plenitude por eles.

A alternativa utilizada, por isso, tem sido a de levar a máquina para um local em que haja cobertura wi-fi ou bluetooth para baixar os dados ou levar um veículo com conexão até a máquina. Por isso, mesmo empresas concorrentes se uniram na ConectarAgro em busca de soluções. Hoje a associação tem concorrentes como Case e New Holland, do grupo CNH, e Massey Ferguson e Valtra, da AGCO, por exemplo. Ou TIM e Vivo.

Ex-presidente da associação, Ana Andrade, diretora de assuntos governamentais da AGCO para a América do Sul, já disse que as empresas estão juntas “pelo que nos une, não pelo que nos separa”.

Com 16 milhões de hectares conectados até dezembro, a TIM projetou fechar este ano com mais 4 milhões de hectares cobertos.

No caso da parceria da John Deere com a Claro, já são 12 milhões de hectares conectados, segundo a Sol, e a previsão é que mais 3 milhões de hectares estejam em operação até o final deste ano, de acordo com Rodrigo Bonato, diretor de Marketing da John Deere para América Latina.

A solução, segundo ele, leva tecnologia ao meio rural sem que o produtor precise arcar com gastos de infraestrutura, que são feitas pelos cerca de 300 pontos de venda da rede de concessionários John Deere em conjunto com a Sol.

“A iniciativa torna as operações mais inteligentes e aumenta sua eficiência, consequentemente melhorando a competitividade e a sustentabilidade da produção, além de abrir portas para outros usos, como telemedicina e educação a distância, beneficiando diretamente as comunidades rurais”, disse.

Conforme Bonato, com o acordo anunciado com a SpaceX para utilização da rede Starlink, produtores que enfrentam desafios de conectividade rural poderão aproveitar integralmente as tecnologias agrícolas de precisão.

“A parceria, pioneira no setor, permitirá que os clientes da John Deere sejam mais produtivos, rentáveis e sustentáveis em suas operações, à medida que continuam fornecendo alimentos, combustível e fibras às suas comunidades e a uma população global em crescimento.”

A solução conectará máquinas novas e já existentes por meio de serviço de internet via satélite e terminais de satélite robustos –com uso da internet por constelação de satélites de baixa órbita Starlink.

“Isso possibilitará a utilização de tecnologias como autonomia, compartilhamento de dados em tempo real, diagnósticos remotos, soluções aprimoradas de suporte técnico e comunicação entre máquinas, todas elas tecnologias que ajudam os agricultores a trabalhar com mais eficiência e maximizar o tempo produtivo”, disse Bonato.

Na Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), a John Deere disponibilizou uma prévia, na estação Lifecycle Solutions, com a apresentação de um terminal desenvolvido para o projeto.

No caso da ConectarAgro, a conexão utiliza uma antena 4G, que opera a frequência de 700 MHz. Essa frequência ficou disponível após o desligamento gradual do sinal da TV analógica no país e as fazendas passaram a ser conectadas por meio dela em 2019.

A estimativa da associação é que 70% da zona rural brasileira é descoberta de sinal de internet. “Por essa razão, nossa abordagem tecnológica prioriza a autonomia das máquinas, permitindo que realizem análises e ajustes em tempo real sem depender exclusivamente da conectividade. Enquanto nos preparamos para o futuro com máquinas agrícolas autônomas, estamos nos preparando para soluções que incluem conectividade via satélite, e garantir a operação eficiente mesmo em áreas remotas”, disse Rafael Antonio Costa, diretor comercial da Fendt, marca há cinco anos presente no Brasil.

Diretor de marketing de produto da Valtra, Fabio Dotto disse que as soluções tecnológicas da fabricante foram desenvolvidas para operar de maneira independente da cobertura de internet. “Nossas máquinas são projetadas para medir variações no solo e na cultura, realizar cálculos a bordo e ajustar configurações em tempo real, sem depender exclusivamente de conectividade celular […] À medida que avançamos em direção a máquinas autônomas, como parte do futuro da agricultura, a conectividade celular via satélite torna-se uma perspectiva promissora”, disse.

Já Eduardo Kerbauy, vice-presidente da New Holland para a América Latina, afirmou que a conectividade em máquinas agrícolas já é realidade em algum tempo, com processos de agricultura de precisão e o uso de GPS, por exemplo.

“Mas falando de tecnologias mais avançadas de conectividade, hoje, o trabalho é voltado para a digitalização, servitização e automação da operação das máquinas, integrando toda a operação da fazenda com a transmissão e recepção de dados em tempo real.”

Pulverizador Case em ação na Fazenda Conectada, em Água Boa (MT)
Pulverizador Case em ação na Fazenda Conectada, em Água Boa (MT) – Divulgação

Christian Gonzalez, vice-presidente da Case IH para a América Latina, disse que investir em conectividade gera retorno aos produtores, e citou o exemplo da Fazenda Conectada Case IH, em Água Boa (MT), que tem a TIM como parceira.

“Conseguimos demonstrar com resultados que a conectividade traz, entre tantos benefícios, aumento de produtividade, eficiência e sustentabilidade. A safra 2022/23 da Fazenda Conectada foi 18% mais produtiva do que a safra anterior e 13,4% mais produtiva do que a média do Brasil. Isolamos outros fatores e constatamos que a conectividade foi responsável pelo aumento de 3,5% da produtividade, resultando em 2,35 sacas de soja a mais por hectare, em uma área de 3,2 mil hectares”, disse.

Marcelo Toledo/Folha de S. Paulo

- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -

Últimas Notícias

Últimas Notícias

- Publicidade-