Por essa nem o melhor dos marqueteiros esperava. Quietinho em seu modesto empório de iguarias árabes, onde transforma garrafas pets em cofre para ajudar nas vaquinhas online que sustentam sua campanha como candidato a prefeito pelo partido Novo, o sempre contumaz fiscalizador da coisa pública, farmacêutico Racib Harb, agora está se apresentando como o “Gordinho dos bolsonaristas”. Isto, depois da prematura morte política do “Gordinho do Bolsonaro” original, o deputado Rodolfo Nogueira, obrigado a se enquadrar ante o nebuloso acordo entre o patrão ex-presidente da República e o patrão tucano estadual, o ex-governador Reinaldo Azambuja.
Conhecido por sua convicção bolsonarista, Racib está se posicionando de forma estratégica para capitalizar a insatisfação dos eleitores de Jair Bolsonaro em Dourados, após a polêmica envolvendo o deputado federal Rodolfo Nogueira, também chamado de “Gordinho do Bolsonaro”. O que está sendo visto como traição política de Bolsonaro, que retirou o apoio à candidatura de Gianni Nogueira, esposa de Rodolfo, em prol de um acordo com o ex-governador Reinaldo Azambuja, do PSDB, causou um forte impacto entre os bolsonaristas mais fiéis, especialmente aqueles que se identificam como “raiz”.
Com essa reviravolta, Harb vê uma oportunidade para se posicionar como o verdadeiro representante dos valores bolsonaristas na cidade. Ao adotar o apelido de “Gordinho dos Bolsonaristas”, ele busca se destacar como o herdeiro legítimo dos votos daqueles que se sentem traídos pela recente aliança política que abortou a candidatura de Gianni Nogueira.
Além disso, Harb pretende explorar a narrativa de que as negociações para que a esposa do “Gordinho original” deixasse de concorrer a uma eleição com chances de vitória foram nebulosas e motivadas por interesses contrários aos princípios do bolsonarismo. Ao enfatizar a incoerência de apoiar um partido, pela ótica bolsonarista, de viés esquerdista, Harb reforça sua imagem como o verdadeiro defensor dos valores da direita em Dourados.
Essa estratégia de Harb tem o potencial de atrair eleitores desiludidos, apresentando-se como uma alternativa autêntica e alinhada com os princípios bolsonaristas. A adoção do apelido “Gordinho dos Bolsonaristas” serve para reforçar sua ligação com a base eleitoral de Bolsonaro, ao mesmo tempo em que se diferencia do “Gordinho original”, cujo apoio do ex-presidente está sendo muito questionado, principalmente no meio do agronegócio.
Sem medo de ser feliz, por seu porte físico, Racib admite que até poderia usar o apelido no aumentativo, no caso o “Gordão do Bolsonaro”, mas entendendo que isso não atenderia à sua urgência eleitoral. Para ele, o “Gordinho dos bolsonaristas” capitaliza mais, até pelo contraponto que faz ao deputado que, segundo ele, pôs tudo a perder ao simplesmente dizer “amém” a Bolsonaro. Para ele isso só faz aumentar a audiência da “rádio peão”, inclusive, sobre altas cifras que teriam feito Rodolfo Nogueira convencer a esposa renunciar a uma candidatura que tinha tudo para dar certo.