No dia 29 de julho de 2005, a sanção da Lei nº 11.153 materializou um sonho antigo de Dourados e da região sul-mato-grossense: a criação da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). O ato legal, à época assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, autorizava a instituição de uma universidade pública, vinculada ao Ministério da Educação, com sede e foro em Dourados, cuja missão seria ministrar ensino superior, desenvolver pesquisa e promover extensão universitária.
Se a “letra fria da lei” sintetiza o marco formal, o que a antecedeu foi um movimento coletivo vigoroso. Por anos, docentes, estudantes, lideranças políticas, entidades sociais e a sociedade civil se mobilizaram para transformar em realidade o que, inicialmente, parecia apenas uma ideia visionária: a instalação de uma universidade federal plena na maior cidade do interior do estado. A proposta germinou no Centro Universitário de Dourados (CEUD/UFMS) e amadureceu no contexto da política nacional de expansão do ensino superior federal a partir de 2003, em sintonia com governos municipal, estadual e federal e com o apoio decisivo de parlamentares de diferentes esferas.
A criação da UFGD, portanto, representou mais do que a instalação de uma instituição de ensino: foi a consolidação de um projeto de desenvolvimento social, cultural e econômico para o Cone Sul de Mato Grosso do Sul, abrangendo 34 municípios. Desde o início, a universidade se apresentou como espaço plural, acolhendo comunidades tradicionais, indígenas e setores econômicos diversos, comprometida com a inclusão, a diversidade e o pertencimento.
Em duas décadas, a UFGD consolidou estrutura acadêmica robusta: hoje são 12 unidades — das Ciências Agrárias à Comunicação, das Exatas às Humanas, da Saúde às Engenharias — incluindo a pioneira Faculdade Intercultural Indígena (FAIND), referência nacional no ensino superior voltado às populações originárias. Os números atestam o crescimento: de 96 docentes e 1.200 estudantes em 2005 para mais de 600 professores e 8 mil alunos em 2025; de 12 para 40 cursos de graduação; de quatro programas de pós-graduação stricto sensu para 39, entre mestrados e doutorados. Em 20 anos, mais de 13 mil profissionais foram formados pela UFGD, com destaque para a presença feminina (cerca de 60% dos egressos) e indígena (mais de 550 concluintes).
Esse avanço não se deu apenas em quantidade, mas também em qualidade e impacto social. Projetos de pesquisa e extensão transformaram a realidade de comunidades urbanas e rurais, consolidando a UFGD como agente fundamental para o desenvolvimento local e regional. Cada colação de grau, defesa de mestrado ou doutorado e encerramento de projeto de extensão carrega em si a síntese do que esta universidade representa: oportunidade, conhecimento e transformação.
No marco de seus 20 anos, a UFGD celebra as pessoas que a ergueram e a sustentam — discentes, servidores técnicos e docentes, trabalhadores terceirizados e parceiros institucionais — e reafirma o compromisso com o futuro. Um futuro que exigirá respostas criativas e inclusivas frente às transformações tecnológicas, climáticas e sociais em curso, bem como o enfrentamento das desigualdades que persistem em nosso país.
Inspirada pelo ideal ancestral guarani e kaiowá de uma “terra sem males”, a UFGD projeta-se para as próximas décadas como espaço de conhecimento que abrace todas e todos, promovendo justiça social, diversidade cultural e desenvolvimento sustentável. É o legado que se construiu nos últimos 20 anos e o desafio que se impõe para os próximos 20.