O próximo capítulo da novela que tem como cenário a BR-163, uma das principais vias de transporte de carga do país, que corta o Mato Grosso do Sul de norte a sul, será rodado nesta sexta-feira em Dourados. O enredo contanto o vai-e-vem da obra essencial para o desenvolvimento logístico e econômico da região continua sendo um tema recorrente nos discursos eleitoreiros, mas pouco avança na prática. A classe política, mais uma vez, transforma a questão em palanque eleitoral, prometendo soluções que nunca se concretizam. Enquanto isso, a população e os usuários da rodovia pagam o preço de uma gestão ineficiente e de interesses que parecem distantes das reais necessidades públicas.
Em Campo Grande, essa história já se repetiu diversas vezes. Promessas foram feitas, discursos inflamados foram proferidos, mas a duplicação da BR-163 segue como um projeto distante, enquanto a concessionária responsável pela rodovia aumenta os preços dos pedágios de forma constante. Esses aumentos, justificados por serviços que nunca foram totalmente entregues, são uma afronta aos usuários, que arcam com custos cada vez mais altos sem ver melhorias significativas na infraestrutura.
É urgente que a sociedade cobre transparência e responsabilidade de seus representantes. A BR-163 não pode continuar sendo apenas um tema de campanha eleitoral; ela precisa se tornar uma prioridade real de governo, com planejamento, execução e fiscalização adequados. Caso contrário, continuaremos assistindo ao mesmo ciclo de promessas vazias, aumentos abusivos de pedágios e serviços precários, enquanto o desenvolvimento da região fica estagnado.
Agora, nesta sexta-feira, a Câmara Municipal de Dourados realiza uma audiência pública intitulada “BR 163: Concessão, Inadimplência e seus Impactos”. A iniciativa é do vereador Cemar Arnal (PP), com apoio do deputado Junior Mochi (MDB), de Coxim, outra cidade também ansiosa pela duplicação.
Desde 2014 a rodovia está sob concessão de uma empresa que se comprometeu a duplicar toda a extensão da via em cinco anos. Passados quase dez anos, apenas 18% da obra foi concluída. Enquanto isso, os pedágios continuam a subir, e os usuários enfrentam uma infraestrutura que deixa a desejar, especialmente com o aumento constante do fluxo de caminhões, principalmente em épocas de colheita, e altos índices de acidentes e mortes.
Promessas Vazias e Aumentos Abusivos
A concessionária captou 3,99 bilhões em financiamentos junto ao BNDES e à Caixa Econômica Federal, mas investiu apenas 1,87 bilhão na rodovia. Esse descompasso entre recursos captados e obras realizadas é um escândalo que deveria ser alvo de investigações rigorosas. No entanto, a classe política parece mais interessada em transformar o tema em palanque eleitoral do que em resolver o problema de forma efetiva.
A audiência pública em Dourados é mais uma oportunidade para discursos inflamados, mas a população já cansou de ouvir promessas. Em Campo Grande, discussões semelhantes foram realizadas diversas vezes, sem resultados concretos. Enquanto isso, a concessionária continua a debochar dos usuários, aumentando os preços dos pedágios sem oferecer contrapartidas à altura.
O Que Esperar da Audiência Pública?
A audiência pública é, sem dúvida, um espaço importante para cobrar respostas da concessionária e das autoridades responsáveis. No entanto, é preciso ir além dos discursos. A população deve exigir um cronograma claro e realista para a retomada das obras de duplicação, a redução dos valores dos pedágios até a conclusão das melhorias e a implantação imediata de medidas de segurança, como viadutos e passarelas em pontos críticos.
Com assessoria da Câmara Municipal e IA chinesa