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Queda de Netanyahu isola ainda mais Bolsonaro

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14/06/2021 – 10h04

Depois de Donald Trump, nos EUA, agora Benjamin Netanyahu, em Israel; caminhos cada vez mais estreitos para a diplomacia bolsonarista

Jair Bolsonaro no domingo viu mais um aliado, ou ídolo, para ser mais preciso, deixar o poder. Benjamin Netanyahu não é mais o premier israelense. Toda a aproximação de Israel com o Brasil perde força com a derrota do agora ex-primeiro-ministro. Será o quarto líder internacional admirado pelo presidente brasileiro a ser derrotado, depois de Matteo Salvini deixar a coalizão governista na Itália, de Mauricio Macri perder a eleição na Argentina e Donald Trump não conseguir se reeleger nos Estados Unidos.

O novo governo israelense tende a querer distância de Bolsonaro se levarmos em conta declarações do novo chanceler e principal figura da coalizão governista, Yair Lapid. Em entrevista ao New York Times em 2019, afirmou que, se chegasse ao poder, se distanciaria de figuras da extrema direita como o presidente do Brasil e se aproximaria de lideranças mais moderadas, como o presidente francês Emmanuel Macron.

A imagem de Bolsonaro, em Israel, ficou associada a Netanyahu. Sua visita ao país ocorreu às vésperas de uma das várias eleições parlamentares recentes. Serviu como peça de campanha para a base direitista do então premier, que também esteve no Brasil para a posse do presidente do brasileiro. Posteriormente, houve uma série de viagens de bolsonaristas a Jerusalém, incluindo uma recente para ver um spray nasal em teste spara combater a Covid19 — nem mesmo as autoridades israelenses entenderam esta viagem.

O deputado federal e presidente das Relações Exteriores na Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro, torceu abertamente por Netanyahu em todas as eleições recentes e desenvolveu uma amizade com o filho do líder israelense, Yair Netanyahu. Como sabemos, bandeiras de Israel sempre tremulam em eventos pró-Bolsonaro no Brasil.

Agora, Bolsonaro, que apostou suas fichas na aproximação com Trump e Netanyahu, não será bem recebido em Washington e Jerusalém. Basta notar que, cinco meses após tomar posse, Joe Biden ainda “não teve tempo” de conversar por telefone com o presidente brasileiro. Mas, uma hora depois Naftali Bennett, novo premier de Israel, assumir o poder, o presidente americano já fez uma ligação para parabenizar o novo líder israelense.

Bolsonaro, por sua vez, parece contrariado ao ver mais um de seus ídolos ser derrotado. Demorou semanas para parabenizar Biden pela vitória nos EUA e alguns de seus aliados até chegaram a citar as mentiras sobre fraude propagadas por Trump. O mesmo ocorre agora em Israel, onde ainda não parabenizou Bennett. Talvez sequer saiba que o novo primeiro-ministro israelense esteja à direita de Netanyahu, embora no comando de uma coalizão centrista construída por Yair Lapid, incluindo partidos de direita, centro, esquerda e até um árabe-israelense.

Neste momento, Bolsonaro está mais isolado do que nunca. Biden e os líderes ocidentais, como Angela Merkel, Macron, Boris Johnson e Justin Trudeau possuem aversão ao líder brasileiro, visto como um negacionista ambiental e pandêmico. A China não vê com simpatia as declarações sinofóbicas de membros do governo em Brasília. Israel deve se distanciar. Na América do Sul, não tem nenhum aliado. A Rússia apoia Nicolas Maduro na Venezuela. Mesmo as ditaduras árabes, como a Arábia Saudita, têm colocado restrições a produtos brasileiros. Sem dúvida, o presidente do Brasil nunca foi tão pária internacional como agora.

Guga ChacraO Globo

Presidente Jair Bolsonaro e o agora ex-premier de Israel, Benjamin Netanyahu, no Muro das Lamentações, durante visita do líder brasileiro a Jerusalém | MENAHEM KAHANA/AFP

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