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“Barbaragate” já é um dos mais rumorosos casos de corrupção da política douradense

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28/07/2021 – 10h08

De Zé Elias a Alan Guedes, os escândalos envolvendo prefeitos, secretários e vereadores

Ao insistir na manutenção do colunista social Alfredo Barbara Neto no gerenciamento da polpuda e sempre cobiçada verba publicitária da prefeitura, mesmo que disfarçado de chefe de gabinete, o prefeito Alan Guedes parece apostar na impunidade, não levando em consideração os precedentes históricos e suas graves consequências. Até hoje, volumosos processos aguardam julgamento nos escaninhos do judiciário. Punidos, mais severamente, até agora, apenas o pobre do Ari Artuzi, preso e depois sendo obrigado a renunciar ao cargo, e Braz Melo, cujo mandato de vereador foi cassado por ter acobertado uma irregularidade do antecessor, Humberto Teixeira.

Começando por José Elias Moreira, o melhor prefeito até aqui, após a criação do Mato Grosso do Sul, que esteve com o mandato por um fio, depois que a Câmara Municipal ratificou um parecer do Tribunal de Contas recomendando sua cassação pela contratação, sem licitação, de uma empresa de consultoria do Rio de Janeiro. Seu sucessor, o vice José Cerveira, que assumiu o cargo em definitivo por conta de sua desincompatibilização para disputar o governo do estado, teve tisnada a biografia de grande jurista, promotor aposentado e presidente da Assembleia Legislativa do velho Mato Grosso porque contratou de forma irregular uma empresa paranaense para implantação de suporpostes de iluminação na avenida Marcelino Pires; na sequência, por ele eleito, Luiz Antônio Álvares Gonçalves passou incólume, mesmo assim não escapando das suspeitas pela implantação de uma fábrica de macarrão no distrito industrial no período de seu mandato e dos inúmeros edifícios que teria construído no Paraná, mas nada sendo provado contra sua administração.

Braz Melo, eleito em 1988, passando o bastão a Humberto Teixeira em 1993 e voltando em 1997, foi um dos prefeitos mais processados. Sua “capivara” ultrapassou aos três dígitos, mas deixando as digitais, de verdade, em apenas em um, mesmo assim se safando. Por ironia, muito tempo depois, sendo condenado em seu retorno à política como vereador por conta das complicações do famoso escândalo do leito da administração Humberto Teixeira, que sepultou algumas reputações, como as dos ex-secretários de saúde, os médicos Luiz Antônio Macksoud Bussuan e Eduardo Marcondes.

Uma ironia, também, na verdade uma propaganda enganosa tal qual faz agora Alan Guedes (quando fala em transparência e estar tirando Dourados do atoleiro deixado por Délia Razuk), rendeu à administração petista de Laerte Tetila um escracho em pleno Jornal Nacional, da rede Globo – a promessa de prêmio de um caminhão para quem pagasse em dia o IPTU, só que um caminhão de brinquedo. No mais, Tetila pagou caro pelo excesso de confiança no secretariado, alguns se esbaldando, misturando as estações e dando dores de cabeça que consomem até hoje, com advogados, boa parte da aposentadoria do ex-prefeito como professor aposentado. Bobagens, coisas de assessores deslumbrados, despreparados e mal-intencionados, como também acontece com Alan Guedes, como os famosos “tomatinhos”, uma frota de carros populares, todos vermelhos e com placas de final treze, uma apologia ao PT.

Os equívocos petistas geram o fenômeno Ari Valdecir Artuzi. História que dispensa um parágrafo, pois que já foi contada em prosa e verso por este blog. Aliás, não custa repetir, apenas para refrescar a memória de Alan Guedes, de seu plenipotenciário guru Alfredo Barbara Neto e demais asseclas, que foi aqui que tudo começou. Tal qual acontece hoje, com a diferença da adesão de fortes aliados como a folha de dourados e o Douranews, foi aqui que foi publicada, pela primeira vez, a denúncia estampando os romaneios comprovando o desvio de recursos das obras de tapa-buraco na administração Artuzi, o ponto de partida para que a Polícia Federal entrasse no caso. Também não precisa lembrar como tudo isso terminou, embora, anestesiados pela soberba, Alan Guedes e sua turma não se dão conta disso. O que aconteceu com o prefeito, com os vereadores e com os secretários da época. Aliás, o que aconteceu e ainda está para acontecer, já que está longe, ainda, o dia em que tudo isso vai acabar.

De Artuzi para Murilo, depois da Owari/Uragano, foi como tirar doce de criança, passando pela curta interinidade de Délia Razuk. Uma história que ainda vai render muito. Murilo Zauith, o empresário bem-sucedido, deputado estadual e federal, cujo sonho de ser senador e/ou governador não é de ninguém desconhecido. O prefeito que veio para quebrar paradigmas. Seu grande erro: achar que podia tocar a prefeitura como se fosse a Unigran, a universidade da família, hoje uma das mais bem ranqueadas do Centro Oeste. Mais uma vítima da engrenagem. Ou, do mecanismo, para ficarmos no que há de mais atual nesses tempos de Lava-jato. Assim como Braz e Tetila, precisou se virar nos trinta, pagando uma multa aqui outra acolá, para se livrar dos malfeitos de alguns assessores não menos deslumbrados.

Délia Razuk. Um dos maiores, senão o maior desastre nesse período. Se Murilo tentou administrar a prefeitura como administrava a Unigran, Délia levou para a prefeitura cambistas, capangas e afins que serviam aos controvertidos negócios do marido, o ex-deputado Roberto Razuk. Deu no que deu. Precisou o Gaeco/MP compartilhar a administração para que não acabasse todo mundo na cadeia, como aconteceu com Artuzi.

Assim como Murilo Zauith foi o grande beneficiado pelos desmandos de Ari Artuzi, com o eleitorado sempre na esperança da tal bonança que vem depois da tempestade, eis que surge Alan Guedes, o azarão, disputando com um candidato – José Carlos Barbosinha – nunca antes na história tão bem preparado para administrar uma cidade em frangalhos como a deixada por Délia Razuk. E, mais uma vez, Dourados e seu tinhoso eleitorado pagam caro pela escolha malfeita. Claro que há um abismo na comparação do Watergate – o escândalo político ocorrido em 1974 nos Estados Unidos que gerou o impeachment do presidente Richard Nixon, por corrupção – com o “Barbaragate”. O correto, guardadas as devidas proporções, seria “Alangate”, não fossem o fascínio e o poder de persuasão do guru municipal que deixam o prefeito manietado.

Colunista social Alfredo Barbara e o prefeito Alan Guedes (foto: Eliel Oliveira)

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