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quinta-feira, abril 18, 2024

Com Murilo, sonho douradense de ter seu governador virou pesadelo

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Quando o “coronel” Sinhozinho Malta dava uma ordem a seu capanga Terêncio, para executar algum desafeto – como o recorrente Roque Santeiro, que dá nome à antológica novela global – fazia sempre questão de deixar claro que ele, Chico Malta, não tinha nada a ver com isso. A ordem era implícita, Terêncio conhecia o patrão pelo olhar. Claro que o vice-governador, o sempre lhano Murilo Zauith, nem leva jeito para coronel – da política – mas se tivesse contido os ânimos de sua tropa de choque Dourados estaria, hoje, muito próximo de transformar em realidade o sonho de ter, pela primeira vez, ainda que por apenas oito meses, o “seu” governador do Estado.

Claro que não se pode imputar ao hoje debilitado (pela Covid) Zauith a desastrada estratégia de minar o mandato governador Reinaldo Azambuja por meio de uma rede de intrigas cujo carro-chefe era o sempre iminente afastamento do titular do cargo. Um filme, que, aliás, não é novo, e que já fez Dourados pagar muito caro em ocasiões anteriores – a mais flagrante quando Braz Melo foi vice-governador de Wilson Barbosa Martins, cuja saúde “debilitada” – desde que o “velho” retornou à política como primeiro governador eleito do Mato Grosso do Sul – sempre foi alvo das mais infames tentativas de desestabilização.

O grande erro dos “estrategistas” murilistas (…) foi não considerar a macheza de Reinaldo Azambuja

Mas, claro também que não se pode dizer que Murilo Zauith não sabia de nada, até porque os insurretos figuram na lista de assessores de sua mais alta confiança, gente que bate no peito pelo orgulho de ser da cozinha da famosa casa (que não tem nada de) rosada, uma referência à sede de governo argentino. Se o vice-governador tivesse vindo à público para um daqueles pitos homéricos que costumava distribuir de mamando a caducando pelos corredores da prefeitura nada disso estaria acontecendo. Mas não, deixou a insurreição chegar a um ponto tal que não teve como alegar ignorância, passando pelo constrangimento de ser chamado às falas no gabinete da governadoria, para ouvir, de – e no – viva voz, o conteúdo daquilo que seus arautos alardeavam nos famigerados grupos das redes sociais. Havia até datas: o governador cairia antes do carnaval de 2020, depois, até a Páscoa, no máximo, até o Natal.

O grande erro dos “estrategistas” murilistas, para não usar a palavra “golpe”, de uso exclusivo da companheirada petista, foi não considerar a macheza de Reinaldo Azambuja. Jamais poderiam imaginar que o governador fosse cortar o mal pela raiz, ou seja, defenestrar seu próprio vice-governador do impoluto cargo de Secretário de Infreaestrutura, onde ele se preparava para assumir o governo, num projeto com Azambuja candidato a senador ou a deputado federal, com Zauith, aí com as rédeas do poder, credenciando-se para concorrer à reeleição ao governo. Pior, para o lugar dele na secretaria, Eduardo Riedel, o ungido para a sucessão de Azambuja. Sem contar que, por isso, o governador decidiu não disputar cargo eletivo, preferindo passar ele próprio a faixa ao sucessor. 

Não bastasse a cabeça de burro enterrada aos pés da estátua de Antônio João Ribeiro, na praça que leva o nome do herói da Guerra com o Paraguai, veio a pandemia da Covid. E Murilo, uma de suas principais vítimas, beirando ao desencarne, salvando-se porque é quem é, depois de meio ano internado no Albert Einsten, o mais conceituado hospital do país. Nesse dramático contexto, se a conspiração tivesse vingado, pela vontade dos asseclas Zauith assumiria o governo, mesmo que para isso precisasse subir a rampa de maca. Mas os deuses da política resolveram castigar Dourados mais uma vez. E o que era sonho, para Zauith, virou pesadelo, também porque, enquanto padecia do mal que contaminou a humanidade, um de seus principais desafetos políticos, Geraldo Resende, reinava na mídia estadual e até nacional, exatamente pelo trabalho de contenção da pandemia nos limites do Estado, credenciando-se, como se sabe agora, até para o cargo com o qual ele tanto se preparou – o de governador do Estado.

(Matéria publicada originalmente na edição especial impressa da Folha de Dourados)

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