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sexta-feira, abril 19, 2024

O grande desafio de Azambuja, para fazer de Riedel um novo Pedrossian

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Quando decidiu, no início do ano passado, convidar seu vice-governador Muirilo Zauith a desocupar a cadeira de secretário de Infraestrutura, numa atitude típica de um Azambuja desses de quatro costados, o governador Reinaldo Silva se viu diante de uma grande bifurcação, pelo estrago que isso poderia causar em seu projeto político. É que sem a parceria com Zauith seria mais difícil repetir a trilha das duas vitórias anteriores, partindo do interior para a capital. Ainda mais porque já havia encasquetado com Eduardo Riedel, não apenas para a cadeira de Zauith na poderosa secretaria, como também para a sua própria, como governador, a partir de 2023.

O rompimento político com o vice só não causou um estrago medonho porque logo na sequência veio a Covid, que, num primeiro momento, tirou Zauith  da briga. Sem rompantes, bom de serviço e um ás nos bastidores políticos, Azambuja tinha tudo para passar momentaneamente à história como o melhor de todos os governadores, não se equiparando, desde já, a Pedro Pedrossian, porque, neste caso, só Eduardo Riedel poderá superar o homem de Miranda. Explico: é que uma vez eleito e comprovada a condição de fenômeno do empreendedorismo como mostrado pela mídia oficial, Riedel poderia superar o visionário Pedrossian como tão bom ou até melhor governador de todos os tempos, pois, batendo currículo com currículo, apenas ele tem uma condição que nem Azambuja nem seus antecessores têm ou tiveram: o fato de começar do zero, tal qual Pedrossian, guindado da chefia da Noroeste do Brasil direto para o governo do Mato Grosso, sem teste anterior pelas urnas. Pois Azambuja correu sério risco de jogar tudo isso pra cima.

O grande desafio de Azambuja, para fazer de Riedel um novo Pedrossian
Pedrossian (ao centro) com os ex-senadores Rachid Saldanha Dérzi e Wilson Barbosa Martins (foto: arquivo)

Como a história é recente, não custa relembrar como Reinaldo Azambuja e  seus antecessores urdiram a teia da governança. Na primeira eleição para o governo do novo estado, em 1982, Wilson Barbosa Martins (com Ramez Tebet de vice), o mais ilustre representante de uma tradicional família divisionista, parecia ter no guarda-roupas o terno da posse. Tanto que Pedro Pedrossian, que assumira o governo nomeado de forma intempestiva, depois de destronar os dois primeiros governadores nomeados (Harry Amorim e Marcelo Miranda) teve que sacar José Elias Moreira da prefeitura de Dourados para não fazer feio ante o poderio emedebista da época. Deu trabalho, com o douradense vencendo em todo o interior, mas levando uma goleada em Campo Grande.

Em 1986, Marcelo Miranda (com George Takimoto de vice) voltaria ao governo nos braços do povo – “Marcelo sou eu, Marcelo é você, Marcelo é PMDB” foi o melhor jingle de campanha até hoje – no melhor estilo Getúlio Vargas; depois de derrubado por Pedrossian, eleito para o Senado e de lá voltando para derrotar nas urnas o pedrossianismo, cujo candidato era ninguém menos que Lúdio Coelho, o mesmo Lúdio representante da oligarquia sulista que havia sido derrotado em 1965 pelo então jovem Pedro Pedrossian para o governo do velho Mato Grosso.  Em 1990 o troco de Pedrossian (com Ary Rigo de vice) aos emedebistas, derrotando sem nenhum esforço Gandhi Jamil, o candidato de Wilson Martins e do próprio Marcelo Miranda. Também como tomar doce de criança foi o retorno do “velho” Wilson Martins em l994 (com Braz Melo de vice), contra o “pedrista” Levy Dias.

Em 1998, a soberba – que sirva de exemplo! – levaria o todo-poderoso Pedro Pedrossian a entregar a rapadura, ainda no primeiro turno. Dizendo-se cansado da política, mas “sendo obrigado a voltar” pela quarta vez, ele disse num debate na TV Morena que preferiria estar fisgando uns lambaris em seu pesqueiro Touro Morto, em Miranda, do que enfrentando uma tediosa campanha eleitoral. Zeca do PT (com Egon Krakhecke de vice) levou no segundo turno, contra Ricardo Bacha, ganhando a reeleição de bandeja de bandeja em 2002 (com Moacir Kohl de vice) contra Marisa Serrano, aí já sob a influência do companheiro Lula, eleito presidente da República. Em 2006, deu a lógica, com André Puccinelli (e Simone Tebet de vice), herdeiro político de Wilson Martins, resultado que se repetiria na reeleição (com Murilo Zauith de vice), em 2010, contra o mesmo Zeca do PT. Detalhe: Puccinelli, que havia entrado na política com uma derrota (na legenda) na disputa para a prefeitura de Fátima do Sul, em 1982, nesse meio tempo mudando-se para Campo Grande, por onde se elegeu deputado estadual, foi secretário de Saúde, deputado federal e prefeito por dois mandatos.

O grande desafio de Azambuja, para fazer de Riedel um novo Pedrossian
Pedrossian e Levy Dias, seu aliado, ex-prefeito da capital e ex-senador da República (foto: arquivo)

Azarão de 2014, quando começou a eleição como candidato a senador numa dobradinha com Delcídio do Amaral para o governo, Reinaldo Azambuja (duas vezes prefeito de Maracaju, deputado estadual e federal) começou a virar governador (com Rose Modesto de vice) quando vieram à tona as denúncias contra o, até ali, aliado petista chafurdado no mar de lama da Petrobrás. Em 2018 (com Murilo Zauith de vice) a coisa deu uma endurecida, no segundo turno, mas só porque seu adversário era o ex-juiz Odilon de Oliveira, tal qual Sérgio Moro, da Lava Jato, temido e venerado por colocar gente graúda na cadeia.

Agora vem o grande desafio para Azambuja, que administrativamente já deixou André Puccinelli e seus antecessores no chinelo, mas precisando eleger Eduardo Riedel seu sucessor para, aí, sim, tentar destronar Pedro Pedrossian como grande liderança política. Para Eduardo Riedel fica a parte mais difícil dessa história, por enquanto, apenas pela peculiaridade de sua condição de novato, de ir chegando e já se abancando como governador do Estado. Como Pedro Pedrossian, 57 anos atrás, aos 38 anos de idade. É que para destronar “Dr. Pedro” como mito o buraco é mais embaixo. Até porque reza a lenda que mitos, só um a cada cem anos.

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