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quarta-feira, abril 24, 2024

Barbosinha diz que Azambuja é o melhor prefeito que Dourados já teve nos últimos tempos

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Nem bem terminada a eleição em que era tido como o franco favorito, mas que perdeu para Alan Guedes, lá estava o deputado Barbosinha,  ao lado do prefeito, em seu gabinete, procurando atender as demandas do município junto ao governo do estado. Passados 14 meses, ele perdeu a paciência e foi para a tribuna da Assembleia Legislativa, com um discurso incomum, para quem, como ele, tem o perfil de conciliador, tecendo duras críticas à administração douradense. Nesta entrevista exclusiva ao ContrapontoMS ele tangencia, dizendo que “Dourados é maior do que seus governantes e dificuldades”. Não chega a ser uma mea-culpa, mas, em função do dinamismo da política é bem possível que ele e Guedes possam estar no mesmo palanque no projeto de eleição de Eduardo Riedel para o governo do estado. Até porque, diante da fusão DEM-PSL, ele sinaliza que deve acompanhar a ministra da Agricultura e Pecuária, Tereza Cristina, que já avisou que vai para o PP, o partido do prefeito adversário. Veja a entrevista:

O senhor demorou 14 meses para abrir a caixa de ferramentas contra Alan Guedes. Foi um exagero ético, pelo fato de ter perdido a eleição para ele, ou necessidade eleitoral?

Nenhuma das duas alternativas. Primeiro porque, perdida a eleição, renovei o compromisso de continuar trabalhando por Dourados, em nenhum momento deixei de manifestar essa certeza: Dourados é maior do que seus governantes e dificuldades. Depois, eleição, a gente discute no momento apropriado. Não misturo os quadros. O Município e o Estado querem é ver o trabalho realizado pelas pessoas em quem o eleitor confiou o seu voto.

As dificuldades iniciais da administração Alan Guedes vêm sendo mitigadas pelo grande volume de obras do governo do estado em Dourados, o senhor acha que o eleitor vai ter o necessário discernimento nas urnas?

Eu não tenho dúvida nenhuma. Por onde ando, vejo que a população reconhece o governador Reinaldo Azambuja como o melhor prefeito que a cidade já teve nos últimos anos. Mais do que isso, a população espera também que os atuais gestores do Município tenham esse discernimento.

Nesse cenário sua posição é bastante desconfortável, como deputado da base aliada do governo, como tem sido o relacionamento com o prefeito?

Não me vejo em situação desconfortável, aliás, justamente por ser base é que tenho buscado articular, inclusive, junto aos meus colegas da bancada de Dourados na Assembleia, para que o Governo mantenha, e até amplie, esse grande canteiro de obras que ajudam a manter em alta a Economia local. Com o prefeito, as relações são e sempre serão institucionais.

Sua propaganda sempre destaca o fato de ter sido o prefeito (de Angélica) mais jovem do Mato Grosso do Sul. Nessa condição, que conselho daria ao também jovem prefeito douradense?

Dizem que conselho, se fosse bom, não era dado (rindo), mas sinto-me até no dever, pela experiência acumulada lá atrás, há mais de 30 anos, e pelo respaldo que Dourados me deu nesses dois mandatos de deputado, e a influência política do Município para que chegasse a diretor-presidente da Sanesul por mais de sete anos e secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública por quase dois anos, de sugerir e opinar sobre aspectos que considero ‘práticas de gestão’. Humildade, saber ouvir as pessoas, agregar pontos de convergência, reconhecer pontos falhos e procurar corrigir, sempre ajudam se o alvo desejado a atingir for o da eficiência administrativa.

Essa sua experiência foi a grande credencial como candidato a prefeito de Dourados, mas o povo não reconheceu isso…

A vida é feita de escolhas… E, nesse caso, não foi diferente, o eleitor fez a escolha que achou certa para o momento. Eu e o meu grupo temos certeza de que o programa apresentado na campanha de 2020 era o que melhor se encaixava nesse novo debate do quadro político local. Político não pode também fazer as coisas esperando reconhecimento; como servidores do povo, nossa meta deve ser a de continuar servindo, sem desviar o foco.

Concorda com a máxima de que “obra não ganha eleição?”.

No meu entendimento, obra é resultado da visão de gestão do administrador em relação às necessidades da sua comunidade. É claro que um programa sintonizado com as vontades políticas tende a produzir um bom resultado eleitoral. É o que vemos, por exemplo, na visão arrojada do secretário Eduardo Riedel [de Infraestrutura do Estado], focado em um enorme programa de obras coordenado pelo governador Reinaldo Azambuja, e que poderá render bons dividendos futuros.

Aliás, sua estratégia de mídia lembra a do ex-deputado Geraldo Resende, que também perdeu a eleição anterior para prefeito. O que fazer para convencer o eleitor?

Tenho pra mim que o eleitor sabe diferenciar estilos e programas de cada um. Reconheço no ex-deputado Geraldo um ‘trator’ pra trabalhar, sobretudo pela firme atuação agora no comando do enfrentamento que o Estado faz à pandemia da Covid-19, mas, nesse momento, a união de forças dos políticos de Dourados é o melhor convencimento que o eleitor espera para que a gente possa construir no Mato Grosso do Sul um espelho de excelência administrativa, visão política e de trabalho para recolocar as coisas no seu devido lugar. 

A propósito, qual sua expectativa para a candidatura de Eduardo Ridel, que vai ser testado nas urnas pela primeira vez, também de carona nas obras do governo do estado?

O Riedel já mostrou que é um técnico, altamente capacitado e muito bem preparado em termos de gestão. Penso que a opção do nome dele pelo governador Reinaldo reflete essa sintonia, a de que, nesse momento, quando o Estado vive e respira esse assombroso volume de obras, ninguém melhor do que o ‘grande tocador de obras’ para dar sequência nesse trabalho.

Nunca antes na história um candidato se autopromoveu tanto, usando a estrutura oficial. Será que não é isso que deixa o eleitor meio com um pé atrás?

Não seria esse ‘pé atrás’ muito mais a orquestração de grupos políticos que tentam surfar na onda da crítica pela crítica apenas? Eu vejo o eleitor como cidadãos e cidadãs bem esclarecidos, que acompanham o ritmo de trabalho, e, no caso de Dourados, se beneficiam diretamente desse trabalho firme e consistente do Governo – Riedel à frente, obviamente, e que, por isso, saberá reconhecer isso nas urnas de 2 de outubro.

Na sua opinião, qual o peso dessa avalanche de mídias sociais nas eleições?

Quando a legislação eleitoral impõe o cerceamento do contato direto do político com o eleitor, engessando a antes tradicional realização dos grandes comícios e reuniões públicas, obviamente agora agravado pela Covid-19, onde a máxima ensina a respeitar o distanciamento, as mídias sociais se constituem em ferramenta importante e valiosa. Aqui, repito, vale o conselho dos mais antigos: ‘sabendo usar não vai faltar’. A Internet é um importante aliado desse processo, mas cabe responsabilidade, civilidade e, sobretudo, bom senso em relação ao que se vai postar nesses meios.

Como fica a situação do deputado Barbosinha, um “demo andrezista” de carteirinha, agora aliado de primeira hora de Azambuja, tendo que escolher uma nova sigla partidária, por conta da fusão do DEM com o PSL e, pra completar, com essa novidade da federação partidária?

Desde que decidi, lá em meados dos anos 70, ainda na pequenina Angélica, que poderia oferecer alguma contribuição como homem público, sempre tive plena convicção de que política se faz com lealdade e comprometimento. Fui leal ao André, companheiro de primeira hora no começo da minha carreira, e a quem ajudei reorganizando a Sanesul e colocando a companhia entre as primeiras do Brasil em saneamento básico. Da mesma forma, como secretário e depois líder do governador Reinaldo na Assembleia, ofereci essa mesma parceria. Agora, nessa nova conjuntura do quadro político-partidário nacional, estou acompanhando os passos da minha amiga ministra Tereza Cristina, nossa principal liderança no DEM nacional, aguardando os prazos e definições para continuar trabalhando por Dourados e Mato Grosso do Sul.

Político matreiro, desses que não passam recibo, sabendo que o momento é delicado para quem vai disputar as próximas eleições, nesse ponto Barbosinha apela para o criador do humorismo no jornalismo político brasileiro, o Barão de Itararé (1895-1971):

“Não é triste mudar de ideias, triste é não ter ideias para mudar”.

Independentemente dessas indefinições, o Barbosinha vai para a reeleição? Já definiu o partido?

Minha vontade é de continuar ajudando Dourados, os municípios da região e do Estado na Assembleia Legislativa, mas, como faço parte de um projeto maior, onde se incluem mais lideranças e partidos políticos, continuo participando dessa articulação até que venham as definições, nas convenções que começam a partir de julho.

O ex-governador André Puccinelli vive seu momento de “fênix”, mas, ao que se sabe, vem conversando muito com Azambuja, acredita mesmo na candidatura dele?

O André já emprestou grande contribuição ao Estado, como deputado estadual e federal, prefeito de Campo Grande por duas vezes e duas vezes também governador. É um hábil negociador e, como tal, sabe aproveitar todos os encontros para conversar sobre política e projetos.

O senhor acha que a polarização Lula-Bolsonaro pode refletir e até definir as eleições no Estado?

O presidente Bolsonaro realiza um modelo de gestão diferente, imprimiu um caráter pessoal, mas, ao mesmo tempo, descentralizado, de Governo. O Brasil já conviveu com dois mandatos do ex-presidente Lula e da sucessora dele, Dilma Rousseff. No aspecto regional, contudo, penso que vai prevalecer os interesses mais localizados.

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