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sexta-feira, abril 26, 2024

O quadro sucessório estadual, a 30 dias do prazo fatal para Azambuja

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Nunca antes na curta história do Mato Grosso do Sul uma pré-campanha eleitoral para o governo esteve tão indefinida. E olha que não é por falta de candidatos. Nunca antes também a frase atribuída ao lendário senador udenista mineiro Magalhães Pinto foi tão recorrente: “política é como nuvem, você olha ela está de um jeito, olha de novo ela já mudou”. A menos, evidentemente, para aqueles que acreditam e insistem na candidatura do secretário de Infraestrutura Eduardo Riedel. Até porque este é o projeto do establishment, e ai de quem não concordar. Pelo menos até 2 de abril.

Enquanto não chega o último dia para as desincompatibilizações – Azambuja puxando ou não a fila – a situação é das mais complicadas, não bastasse a conjuntura nacional, da qual depende a largada aqui embaixo, ainda mais agora com a novidade das federações partidárias, uma espécie de coligação prolongada que veio para bagunçar de vez coreto. Exemplo disso, André Puccinelli liderando as pesquisas, Eduardo Riedel – o candidato oficial – patinando nelas e Rose Modesto, pintando como a vedete dessas eleições e tida como plano B de Reinaldo Azambuja, todos tendo que sentar para tirar no palito quem vai disputar sob o arco de uma provável federação unindo o MDB de Puccinelli, o PSDB de Riedel e o União Brasil de Modesto.

Confusão porque o sempre carismático Puccinelli, sem a máquina do governo, só precisando reforçar o sebo de grilo nas canelas, apega-se agora à salvadora carona vitimista de Lula, que faz do xilindró seu trampolim para o retorno, e lá vão eles liderando as pesquisas. Da mesma forma a ex-vice-governadora e deputada de Culturama, de aliada de primeira hora de Azambuja à expoente do União Brasil, o partido que nasceu da junção DEM-PSL. Ela, inclusive, já negociando cargos em seu eventual governo. Líder evangélica, não jura, mas garante que não passa por sua cabeça desistir. Já o novato tucano Eduardo Riedel dependendo de uma combinação de fatores, mas aí, sim, acreditando piamente no juramento seu chefe político, tendo a palavra empenhada, de um Azambuja, de que será dele a faixa.

…o mais irônico dessa história, Marquinhos Trad (…) e Murilo Zauith, ambos na oposição

O grande problema de André Puccinelli é se fazer acreditar, posando de oposicionista. Só falar que “o estado precisa voltar a crescer” não cola. Como não é besta, mas talvez achando que o povo “o é”, conforme seu palavreado empolado, evita confrontar os números de seu governo com os do sucessor. Pior, fala uma coisa em suas sofríveis lives (deve estar com saudades de seu guru Beija-Flor, hoje a serviço de Azambuja), mas sabe-se lá o que anda falando no intramuros do governo, com o próprio Azambuja. Há quem garanta que está querendo valorizar o passe, mas não sacando que perdeu o bonde, com a companheirada antiga se adiantando e se ajeitando no governo do estado. Simone Tebet e o maridão Eduardo Rocha puxaram a fila. Quer dizer, André teria muito pouco a oferecer. Para complicar, a ameaça que teria vazado na rádio peão, de que voltando ao governo, com base em suas memórias do cárcere, usaria sua força para se vingar do antecessor. Deu para entender, onde mora o perigo?

De sua parte, se não jura, Rose Modesto não tem como não estar torcendo para o circo pegar fogo. Não tem, por ora, a monumental estrutura colocada à disposição de Eduardo Riedel; não pode, como ele, estar todo dia na mídia, falando sobre tudo e sobre todos, faturando em cima da boa imagem do governo do estado, embora toda a sua cupinchada continue firme e forte, fazendo política, em cargos estratégicos do governo. Além disso já provou que é boa de votos. Na capital e no interior.

Eduardo Riedel. Em que pese o empenho, não apenas da palavra, como da máquina de governo, esta é, paradoxalmente, a candidatura mais vulnerável, podendo até mesmo estar com os dias contados. Indubitavelmente, como personalidade do agronegócio brasileiro, Riedel é um daqueles candidatos que reúnem quase todos os predicados. Quase. Como responsável pela revolução obreira que o governo do estado vem fazendo, como em Dourados, por exemplo, mas faltando unzinho, senão o mais importante detalhe: não tem votos. Nunca foi testado nas urnas. Condição que, nesses tempos bicudos para para a classe política poderia até ser revertida a seu favor, não estivessem seus marqueteiros, por um lado forçando o carro a atropelar a boiada, por outro preocupados com pequenos detalhes, como o uso de camisas por dentro ou por fora das calças. Tudo bem, Riedel é o candidato de Azambuja, que já mostrou ser bom no trampo e nas urnas, mas tendo agora que provar ser bom também na arte de fincar postes. Para tanto, Azambuja tem a palavra empenhada de seu chefe da Casa Civil e articulador político, o sempre pragmático Sérgio de Paula, de que “é tudo aroeira”, uma referência ao tratamento a pão-de-ló ao longo desses anos todos de governo, de deputados, prefeitos, vereadores e afins, os tucanos em particular.

Por mais incrível que possa parecer, não tem como não para incluir Zeca do PT nesse pacote governista, até pelo tratamento que a companheirada petista vem recebendo de Azambuja. Ele seria a tal carta na manga no caso da necessidade de um redirecionamento de última hora, ou num segundo turno. Isto, por seu histórico de companheirismo e, principalmente, de pragmatismo político.

Para finalizar, o mais irônico dessa história. Marquinhos Trad, reeleito prefeito de Campo Grande com o apoio de Azambuja e o vice-governador Murilo Zauith. Ambos, na oposição. Marquinhos com a candidatura a governador já lançada. Marquinhos que veio a Dourados convidar Zauith para ser seu candidato a senador. Murilo, que era dado como carta fora do baralho, por conta das complicações da Covid, agora plenamente restabelecido, fazendo política dia e noite e sendo paparicado por várias lideranças políticas do estado, do ex-senador petista Delcídio do Amaral à ministra Tereza Cristina, passando pela presidenciável Simone Tebet. Menos por Azambuja, que se assustou ao se cruzarem outro dia no Tribunal de Justiça, perguntando ao vice se estava “saindo da toca”. Resta saber se o governador foi traído pelo subconsciente, querendo dizer algo do tipo “pronto pra assumir e comandar o processo?”. Neste caso, parafraseando o ex-presidente FHC, esqueçam o que escrevi.

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