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terça-feira, abril 23, 2024

André critica “descalabro administrativo” de Azambuja

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Depois de quarenta anos na vida pública, descontados os últimos oito anos em que está no “sereno”, pior, por cinquenta e dois dias preso, às vésperas do pleito em que pretendia voltar ao governo, em 2018, André Puccinelli está de volta. Como candidato, de novo, a governador. Nada de vingança, depois do calvário da prisão, muito menos essa coisa de “lavar a honra”, no caso, com votos. Puccinelli diz que já em 2018 mudara os planos de cuidar dos netos para voltar ao governo “por ver o descalabro administrativo” do sucessor. Com isso, afasta, peremptoriamente, qualquer possibilidade de eventual acordo para apoiar o candidato oficial Eduardo Riedel.

Antes de se eleger governador pela primeira vez, em 2006 (foi reeleito em 2010), André Puccinelli foi secretário de saúde do governador Wilson Martins, de quem viria a ser herdeiro político, deputado estadual e federal e prefeito de Campo Grande por dois mandatos.

Candidato pelo MDB, o mesmo partido em que iniciou na política, André Puccinelli, que até aqui lidera as pesquisas de intenções de voto, vai disputar o governo com grupos lá atrás aliados, como o do governador Reinaldo Azambuja, com Eduardo Riedel e/ou Rose Modesto e o ex-prefeito da capital, Marquinhos Trad, cujo irmão, o hoje senador Nelsinho Trad, foi por ele eleito seu sucessor. O pai do senador e do ex-prefeito agora adversário, ex-deputado Nelson Trad, foi aliado de primeira hora de Puccinelli.

Nascido em Viareggio, na Itália, criado em Porto Alegre e formado médico em Curitiba, foi em Fátima do Sul, terra de Londres Machado (o mais longevo cacique político do estado), que André Puccinelli se formou na política. Na primeira eleição que disputou, para prefeito da cidade “favo de mel”, obteve mais votos que o prefeito eleito (Herminio de David), mas perdendo na sublegenda. Veja a entrevista exclusiva ao ContrapontoMS.

O famoso coraçãozinho do André voltou a bater forte, agora nas redes sociais. Já preparou estoque de seu tão receitado sebo de grilo para passar nas canelas até outubro?

Sebo nas canelas, disposição, energia e muita vontade de trabalhar. Início da semana em Campo Grande e fins de semana no interior, nos últimos 45 dias visitamos mais de 30 municípios\. Vou visitar todos e voltar pelo menos uma vez mais em cada um deles. Contato direto com o povo e com as lideranças locais.

Depois de passar o governo ao Azambuja, em 2014, o senhor falava em abandonar a política, dizendo-se frustrado pela generalização de que todo político era ladrão. Seu plano era cuidar dos netos, chegando a cunhar o termo “vovorista”, mas voltando a ter comichões ao se aproximar o pleito de 2018, quando veio a prisão. Agora, mais um anunciado retorno. Memórias do cárcere, vingança a seus detratores (entre eles estaria o próprio Azambuja), missão partidária, afinal o que move sua candidatura?

Em fins de 2014, eu estava exausto, depois de oito anos de governo, praticamente sem tirar férias. Entretanto, ao ver o descalabro administrativo instaurado pelo governo que me sucedeu, com a interrupção de programas sociais importantíssimos para a população, fechamento de escolas, falta de atenção com a saúde etc., reuni meu grupo político e decidi disputar a eleição de 2018. Minha motivação naquela eleição, como nesta de 2022, nada tem a ver com vingança contra detratores, mas sim com a responsabilidade de um cidadão que ama este estado, que aqui fez sua vida profissional, aqui criou e educou seus filhos. Ainda tenho muito a dar ao meu Mato Grosso do Sul. O povo que julgue meus detratores.

Em vídeo recente nas redes sociais vê-se um André Puccinelli menos formal, trocando o famoso plano americano por um enquadramento mais fechado e intimista, indo aos recônditos do sentimentalismo familiar, vai ser este o tom da campanha?

Sempre fui uma pessoa próxima da população. Todo mundo me chama de André, sem qualquer cerimônia, as pessoas têm meu telefone, me mandam mensagens, passo madrugadas respondendo um por um. As redes sociais são a grande novidade das campanhas e procurei me adaptar, mas sem artificialismos. O que mostro nas redes sociais é o André real, o de sempre, que fala olhando no olho, que não promete o que não pode cumprir. 

Enfático, no mesmo vídeo, o senhor diz: “está lá, provado, em documentos (no processo) que o André nunca roubou, nem vai deixar roubar”. Inocente ou não, acha que o eleitor ainda se deixa levar por esse tipo de discurso?

Não se trata de discurso, mas de fatos, e contra fatos não há argumentos. O eleitor ao examinar os fatos, ao se informar e ver que foi influenciado por fake news, por manobras políticas de adversários, vai tomar a decisão que achar mais correta e dar seu voto a quem julga merecê-lo.

Pretende confrontar, na campanha, as denúncias contra seu governo e as que deixaram por algum tempo seu sucessor na corda bamba?

As acusações contra o atual governador, ele deve responder na Justiça. Minha campanha vai falar do futuro de Mato Grosso do Sul e do muito que ainda podemos fazer por nosso estado.

No quesito “fazeção” teria como comparar seu governo ao do Azambuja?

Toda comparação entre governos tem que ser feita pelos eleitores. Fui um prefeito e um governador que ouvia a população, que acabou com as favelas, que se preocupou com o futuro do estado, que ligou todos os municípios por asfalto, que mudou a educação, que levou os serviços do SUS para os 79 municípios, implantou hospitais regionais e que lançou programas sociais, como o Vale Renda e o Vale Universidade, que melhoraram a vida de milhares de pessoas. Esse é um resumo rápido do meu legado como governador. Que a população faça a comparação.

O que o governo André fez que o governo Azambuja não fez e o que o governo Azambuja fez que um hipotético novo governo André não faria?

Não vou fazer comparações com atual governo. Além disso, o governador não é candidato e temos que cuidar do futuro de Mato Grosso do Sul. O povo que julgue o governo e seu eventual candidato.

O Azambuja terminou o seu Aquário, uma obra emblemática, mas também estigmatizada pelo tanto que foi superfaturada.

O Aquário do Pantanal vai levar o nome do estado para o mundo, vai gerar empregos, vai estimular o turismo, movimentar a economia, aumentar o fluxo de pessoas nos hotéis, restaurantes, táxis, feiras e aeroporto, enfim, vai ampliar nosso setor de serviços. Deixei o Aquário quase pronto e com dinheiro em caixa para sua conclusão, o que aconteceu depois foi picuinha política, visão curta de um grupo que temia meu retorno ao governo quatro anos depois.

Como viu o gesto do Azambuja ao convidá-lo para a inauguração, com direito ao uso da palavra, só uma questão protocolar, um convite para ensarilhar as armas ou um aceno a uma composição política?

Vi com naturalidade, um gesto de civilidade política, portanto, meramente protocolar. Eu faria o mesmo. Como disse em meu discurso na inauguração do Aquário do Pantanal, somos adversários no campo político, não inimigos na vida. A população exige grandeza de seus homens públicos. O governo tem seu candidato e vou disputar a eleição contra ele.

Comprovado está que obras não ganham eleição, mesmo assim o Azambuja insiste com Eduardo Riedel, além do mais, um outsider na política. Com vê essa obsessão?

Isso deve ser perguntado ao governador. Não me cabe julgar e tampouco analisar suas motivações ou obsessões.

A entrada do ex-prefeito Marquinhos Trad no páreo embaralhou, ainda mais, o jogo sucessório. Acredita que isso é, mesmo, estratégia do Azambuja para rachar o eleitorado da capital e favorecer o candidato oficial?

Como disse, não me cabe analisar, julgar e especular sobre estratégias de grupos políticos adversários. Sei da minha relação com a população, da proximidade com todos os Sul-mato-grossenses e das propostas que tenho um futuro do nosso estado.

Tereza Cristina e Simone Tebet. Como vê o protagonismo nacional dessas duas “andrezistas” e no que isso pode mudar o quadro sucessório estadual?

Quadro estadual e quadro nacional não se misturam. O eleitor votar para presidente no candidato que considera o melhor para o país e para governador no que considera o melhor para o seu estado. Tereza Cristina e Simone Tebet são motivo de orgulho para o nosso estado.

Por essa ótica, aliás, a impressão que se tem é que há, ainda, pedras a serem mexidas nesse tabuleiro. Fala-se, por exemplo, em Simone Tebet aproveitando-se dessa superexposição na mídia para tentar a reeleição e Tereza Cristina, disputando o governo do estado.

O que posso afirmar com certeza é que sou pré-candidato a governador e sereiconfirmado candidato na convenção do MDB, em agosto. Não quero especular sobre outras candidaturas.

Entre as muitas “possibilidades”, corre também nos bastidores a informação de um acordo entre André Puccinelli e Reinaldo Azambuja. Mais uma “amarelada”?

Sou pré-candidato a governador pelo MDB.

Outra incógnita nessa corrida sucessória: Murilo Zauith. Defenestrado do governo, depois da Covid paparicado por várias lideranças políticas, Puccinelli, inclusive. Pelo jeito dessa vez não vai sobrar nem o papel de coadjuvante para Dourados…

A população de Dourados, nossa segunda maior cidade, merece o respeito de todos os pré-candidatos. Portanto, é natural que suas lideranças sejam procuradas, ouvidas e façam parte das conversas políticas. Fiz obras importantes na cidade e região e tenho profundo respeito pelos douradenses.

Aliás, qual o conselho daria às ditas “lideranças” douradenses, nessa questão de protagonismo estadual, o senhor que, disputando território com Londres Machado no ex-distrito douradense de Vila Brasil, conseguiu dividir o poder político estadual com o mesmo Londres.

Não tenho a pretensão de dar conselhos às lideranças de Dourados. Elas representam muito bem a cidade, a região e o nosso estado.

Depois de André Puccinelli, o herdeiro do espólio político de Wilson Martins, e com a virada de página do pedrossianismo, quem vê despontando como potenciais candidatos ao protagonismo político no estado?

São muitas as jovens lideranças que podem crescer e ocupar um lugar de destaque na vida política do nosso estado. Tudo ao seu tempo. No meu partido temos vários nomes.

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