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sexta-feira, março 29, 2024

Cartas na mesa: Riedel prepara a grande arrancada

Oficializados em Convenções, candidatos se preparam agora para a guerra no rádio e na TV e para o corpo a corpo com o eleitorado

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“Não dá mais certo, sinto por perto, hora de terminar. Pensei em tudo, mudo ou não mudo, hora de terminar. Nem acredito que eu tenha dito o que vim pra falar. Mas já é hora de ir embora, hora de terminar.

Cartas na mesa, verdade, franqueza. Pago dobrado e perco calado”

A composição que abre este texto é de autoria de Moacir Franco, deputado federal de um mandato só, pelo antigo PTB. Mas não foi da tribuna do Congresso que ele faturou com este grande sucesso nas décadas de 70/80, que poderia ter servido para balizar os discursos que precederam as convenções partidárias da semana passada. Acuados por denúncias, por memórias do cárcere ou por não conseguirem decolar nas pesquisas, candidatos ao governo do estado, ao senado e até mesmo alguns proporcionais, tanto estaduais como federais, cogitavam jogar a toalha. Coisas da pré-campanha, à qual cairia como uma luva, também, a metáfora futebolística: “treino é treino, jogo é jogo”, do meio-campista Didi, craque da seleção brasileira de futebol em três Copas do Mundo, sendo campeão em duas delas.

A desistência aguardada com mais ansiedade era a do deputado Capitão Contar, que teria sido pressionado até pelo presidente Bolsonaro para ser candidato a suplente de senador de Tereza Cristina, deixando os bolsonaristas do estado à vontade para cerrar fileiras com o governista Eduardo Riedel. Depois dele, outra expectativa era a da renúncia da deputada Rose Modesto, sempre tida como um plano B de Azambuja; também de André Puccinelli, para fechar com o mesmo Riedel e, por fim, Marquinhos Trad, evolvido num turbilhão de denúncias de assédio sexual. Trad, que antes mesmo da pré-campanha, fora vítima de outro tipo de assédio, mais tentador, ainda, ante vinte milhões de motivos a ele apresentados para desistir de seu messiânico sonho de ser governador e continuar tocando uma prefeitura cada vez mais turbinada por milionárias verbas dos governos estadual e federal. Diante de “verdades e de franquezas” como as de Moacir Franco o ex-prefeito da capital até se encaixaria na última parte dessa estrofe – “pago dobrado e perco calado” –, não fosse sua obstinação:

– “Vou virar este jogo (das denúncias) vou ser governador desse estado”, disse Marquinhos Trad, peremptório, em visita ao “cafofo” do ContrapontoMS na manhã do último sábado em Dourados. Ele garante que as denúncias de assédio sexual não se sustentam, até pelo histórico de “bandidagem” de quem estaria por trás da cooptação das supostas vítimas. “Sou um cristão, não sou belicista, mas este é um tiro que vai sair pela culatra”, acrescentou, do alto de uma serenidade impressionante.

Vou virar este jogo (das denúncias), vou ser governador desse estado

Marquinhos Trad

André Puccinelli também parece disposto a “pagar dobrado e perder calado”, desde que use a campanha eleitoral para “limpar” seu nome e o do filho, com ele preso. Aliás, esta parece a razão de ser de sua candidatura. Foi o que deixou transparecer ao escolher uma candidata a vice-governadora de sua cozinha, depois de esgotar, sem sucesso, a busca por “uma mulher” de Dourados ao posto. Será que o italiano tem algum trauma dos companheiros da terra de seu Marcelino? Pra pensar, também, esse critério de escolha. Como sua ex-secretária Tânia Garib não soma absolutamente na chapa emedebista e com seu estoque de sebo de grilo para passar nas canelas parecendo no fim, há quem assunte até a possibilidade de o italiano jogar a toalha. Até porque, também, está chegando a hora da verdade das pesquisas dos amigos e companheiros de pescaria e de chamamé. A menos que se trate da mesma soberba que acometeu Pedro Pedrossian, nas eleições de 1998, quando o até então todo-poderoso maior de todos os governadores dos dois Mato Grossos não foi nem para o segundo turno, perdendo para Ricardo Bacha e Zeca do PT.

Por trás da agora oficilizada candidatura de Contar há uma grande preocupação com o chamado “estouro de boiada”, desde que ele consiga, evidentemente, chegar no segundo turno, prevalecendo aí tese de que seria dele, não de Eduardo Riedel, os votos dos bolsonaristas, principalmente o tal do “voto-raiz”. Entre outras coisas, pelo “saco cheio” do eleitor pelas baixarias da campanha até aqui polarizada por André Puccinelli e Marquinhos. Neste caso, um deles ou até ambos podendo ficar pelo caminho, também pela radicalização de seus discursos; Puccinelli “com sangue nos olhos” para se vingar de Azambuja pelos mais de cinco meses que passou na cadeia acusado de corrução, Marquinhos pela certeza que tem de onde saem os mísseis dirigidos para acabar com sua campanha.

Enquanto isso, tentando passar ao largo dessa confusão toda, Eduardo Riedel quer aproveitar o pontapé inicial deste jogo que será dado daqui a oito dias, com o início dos programas de rádio e TV, seguidos de debates, onde muita roupa suja deve ser lavada, como momento limite para a grande arrancada. O burocrata que até aqui vinha apenas se apresentando – “muito prazer eu sou Eduardo Riedel” – atendo-se às grandes realizações do governo Azambuja, do qual é um dos artífices, mostrou também ter bom jogo de cintura ao tirar da manga da camisa à última hora o nome do deputado Barbosinha como candidato a vice-governador. Riedel, que se considera, também, candidato a governador da Grande Dourados, não só por suas propriedades no vizinho município de Maracaju, como por ter trabalho em Dourados – seu primeiro emprego como zootecnista foi de professor na Unigran. Além de ser um dos parlamentares mais atuantes do estado, presidente da Sanesul e secretário de Justiça e Segurança Pública, Barbosinha, com a experiência de quem foi o prefeito (de Angélica) mais jovem do Brasil, é o único candidato a vice-governador da região. Por tudo isso, e eufóricos pela convenção apoteótica da última sexta-feira, os “riedelistas” não fazem outra coisa que não repetir o estribilho do jingle de campanha da primeira eleição de Reinaldo Azambuja – “agooora vaaai!”. O mais entusiasmado deles, próprio Azambuja:

– “Um candidato que como secretário teve papel decisivo para que nosso governo chegasse aonde chegou, que tem o apoio do presidente da República, de mais de 70 dos 79 prefeitos e de cerca de 90% de vereadores não tem como perder eleição”, disse, convicto, o governador na convenção que ratificou o nome de seu ungido.  

Lembrando que essa “russurreição” de Riedel foi motivada, inicialmente, pela sentença também aqui, no ContrapontoMS, do vice-governador Murilo Zauith, para quem a candidatura oficial havia sido “enterrada”, após o vazamento de informações de sua reaproximação com o governador para, juntos, turbinarem a candidatura oficial. Isto, quando Zauith ainda sonhava emplacar seu preposto Luiz Roberto Martins como candidato a vice-governador de Rose Modesto. Depois, pela saraivada de balas na direção de Marquinhos Trad, o que foi comemorado pelos adversários como erro crasso de estratégia.

Por fim, pegando ainda como parâmetro a eleição – das mais emblemáticas – de 1998, com André Puccinelli repetindo o equívoco de Pedrossian (além da desastrada declaração num debate da TV Morena de que preferiria continuar fisgando cacharas e pacus em seu pesqueiro do Touro Morto, em Miranda, e dos sobrevoos de helicópteros pelos centros de comércio onde chegava pelo interior do estado, levantando poeira e espantando clientes e comerciantes) Ridel só não pode repetir Ricardo Bacha, o candidato governista que foi para segundo turno, mas, pela ostentação da máquina governamental, abrindo espaço para a “zebra” Zeca do PT. Resta saber quem, entre Marquinhos Trad, Rose Modesto e Capitão Contar (os demais são meros figurantes) tem mais bala na agulha para repetir Zeca do PT.

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