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quinta-feira, maio 2, 2024

Empresário Carlos Bernardo transforma em realidade os sonhos guaranis dos brasileiros que fazem medicina fora do país

Universidade Central do Paraguai, em Pedro Juan Caballero deu hoje as boas vindas a cerca de 800 acadêmicos de Medicina

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Quando Carlos Bernardo pediu para que todos desligassem seus celulares, os fotógrafos e cinegrafistas suas câmeras e holofotes, para transmitir uma mensagem muito séria, não faltou, na plateia, quem conjeturasse sobre o pior, ou seja o fim das relações de paz e comerciais entre Brasil e Paraguai. Seria o fim do sonhos daqueles quase 800 acadêmicos de medicina, a grande maioria de brasileiros, presentes ao auditório da UCP (Universidade Central do Paraguai), na manhã desta terça-feira, para as boas-vindas. Mas, era só uma pegadinha de Bernardo que, como o “paizão” da poderosa faculdade, queria apenas passar o primeiro pito aos recém-chegados, ditando a rigidez das regras da faculdade, segundo ele “casa dos sonhos” de todos, mas alertando que para isso se transformar em realidade era preciso muita dedicação e, principalmente, respeito às leis do país que sempre acolhe tão bem a todos. Discorreu sobre a tradição guarani e as potencialidades dos Hermanos nesses novos tempos.

Num momento de tensão mundial pelo recrudescimento de guerras por todos os quadrantes do planeta, Carlos Bernardo faz um histórico contraponto, aproveitando-se do clima de paz duradoura vivido por Brasil e Paraguai, protagonistas da maior guerra da América Latina. E quando esse tipo de conflito começa a ressurgir por aqui também, como vem acontecendo com outros dois países sul-americanos – o Equador, com sua guerra interna com o narcotráfico e a Venezuela pelo retomada da Guiana Essequiba, antigo território britânico, na fronteira Norte do Brasil – impossível, diante da clarividência dos sonhos guaranis de Almir Sater, não atentar para o que poderá ter sido a missão de vida do empresário Carlos Bernardo, hoje o CEO da UCP, que, mesmo diante da inverossimilhança de uma recaída dos paraguaios por uma retomada do território perdido na guerra com o Brasil, já estaria a postos como adido da embaixada brasileira para ajudar nas renegociações de paz a partir de Pedro Juan Caballero. E a coincidência, num país massacrado durante a guerra da Tríplice Aliança exatamente por sua exacerbada tradição cultural, à época acusado de ambições “imperialistas” só porque pleiteava uma saída para o mar, nada mais nobre, mesmo que hipoteticamente, do que promover a paz, sempre, tendo como instrumento uma Universidade.

Claro que quando o vendedor de publicidade Carlos Bernardo deixou Dourados rumo à fronteira com o Paraguai, na década de 1990, tinha apenas um sonho: o de ser médico, para voltar a trabalhar no Brasil, mas quis o destino que, em pouco tempo, se enfronhasse nos negócios da faculdade onde começou a estudar, ganhando a confiança de seus parceiros e, consequência disso, podendo pôr em prática uma condição inata, a de empreendedor. Do sucesso da Universidade, para o agronegócio, o comércio, aí incluindo empresas de transporte e comunicações, e, como é comum em quem tem esse perfil, a política, que faz com a maestria dos velhos caciques.

Empresário Carlos Bernardo transforma em realidade os sonhos guaranis dos brasileiros que fazem medicina fora do país
Novos acadêmicos de Medicina da UCP, durante o juramento de início do curso (foto: Valfrido Silva)

No comando da prestigiada UCP, com a credencial de quem veio da fronteira onde o Brasil foi Paraguai, Carlos Bernardo põe fim a dois tipos de preconceitos, um antigo – o de que tudo do Paraguai seria de segunda linha, como lembrou hoje em seu discurso aos novos acadêmicos – e, seguindo esse raciocínio arcaico e ridículo, o de que uma faculdade de medicina do Paraguai não poderia formar bons médicos, pelo simples fato de que no país Hermano não se exige o burocrático e, ultimamente, tão controvertido exame de vestibular. Um questionável conceito dos que insistem em defender a reserva de mercado da medicina brasileira, ademais, desde sempre um dos mais lucrativos negócios. Ainda mais nesses tempos de globalização, em que alguns setores da economia o Paraguai recomeça a tomar a dianteira, não precisando ir longe, na comparação da extraordinária superioridade comercial, tendo-se como parâmetro o Shopping China (o maior da América do Sul), ponto de referência para compras não só de douradenses, mas de consumidores da maior parte do Brasil, além outras empresas congêneres em seu entorno.

Universidade e outros negócios à parte, na terra da polca Paraguaia, o empresário Carlos Bernardo vai tocando em frente e, na toada do “conterrâneo” douradense Almir Sater, transformando em realidade não apenas os seus sonhos guaranis, mas os de milhares de estudantes da terra onde o Brasil foi Paraguai, fazendo das tripas coração para que eles façam um curso de qualidade, em segurança, e oferecendo condições para que possam superar a burocracia brasileira da revalidação de seus diplomas e exercer a profissão em qualquer parte do planeta. Tanto que hoje deu números auspiciosos aos recém-chegados, sobre o sucesso de seus formandos nessa última etapa pós-curso.

Assim, transformando o pretérito-mais-que-perfeito quisera da poesia de Almir Sater para o gerúndio querendoesquecer o som dos fuzis, Carlos Bernardo, como bom cancioneiro que também é, concorda com o colega de viola, que se “se não fosse a guerra, quem sabe hoje (Mato Grosso, agora do Sul) era um outro país”. No caso, o Paraguai, país que ele escolheu para estudar e, depois, tocar seus negócios, mas acima de tudo um país “amante das tradições de que me fiz aprendiz”. Só não repicou que “por mil paixões podendo morrer feliz” porque diz ter muito ainda a fazer pelos dois países.  

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