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sábado, abril 27, 2024

Marçal Filho divide ninho tucano e abre caminho para reeleição de Alan Guedes ou o retorno do PT à prefeitura

Pré-candidatura do radialista encontra resistências no PSDB e partidos aliados do governador Eduardo Riedel

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Por mais maquiavélico que fosse o deputado Geraldo Resende não poderia ter escolhido cenário mais apropriado para apresentar sua filha Barbara Gonçalez Resende ao público de sua base eleitoral, depois da primeira aparição da herdeira política dias atrás em Brasília, ao lado do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. Foi num evento apolítico, embora da administração do prefeito Alan Guedes, mas, como mostra o detalhe da foto, na emblemática Unigran, uma das melhores Universidades particulares do Centro Oeste brasileiro, Instituição cujo dono é o casal Cecília e Murilo Zauith, ele ex-deputado estadual e federal, duas vezes prefeito e também duas vezes vice-governador do estado, com o peso deste currículo na condição de “noiva” mais cobiçada das eleições de 06 de Outubro próximo.

Geraldo Resende e Murilo Zauith, que se diga, dois dos mais gabaritados pretendentes à cadeira de Alan Guedes, mas que foram preteridos pelas cabeças pensantes do entorno de Eduardo Riedel, eleito governador em 2022 com apoio do prefeito douradense, mas que agora se vê obrigado pela cúpula tucana a subir no palanque de Marçal Filho, o mais visceral crítico da administração municipal. Coisas da política, que obrigaram o mandatário estadual decorar um “improviso” no discurso de lançamento da candidatura do radialista para que não pairem dúvidas quanto à firmeza dos postes fincados nas invernadas do Mato Grosso do Sul pelo coronel Reinaldo Azambuja: “Não sou gato nem caco de vidro para ficar em cima do muro”, disse Riedel renegando a pecha do pássaro de bico enorme, mas de asas curtas, com pouca autonomia de voo, por isso mais tempo de galho em galho, ou de muro em muro.

Pois não é que nem mesmo a frase forte e, por que não dizer, ameaçadora, do governador, foi suficiente para apagar o incêndio no ninho tucano e seu entorno? Pelo contrário. Deu a louca nos bastidores. Não só pela antipatia congênita do candidato “oficial” no intramuros da política como pela aproximação do primeiro prazo fatal dessa eleição – 06 de Abril – quando os pretensos candidatos precisam definir seus futuros partidos.

Começando por Geraldo Resende, que não esconde de ninguém o quanto é indigesta a candidatura Marçal Filho. Insubordinando-se, parece insistir em deixar o seu nome gravado na história da cidade que o acolheu lá atrás como jornaleiro, engraxate e picolezeiro. E já que as injunções partidárias deixam cada vez mais difícil se transformar em realidade seu sonho de colocar toda sua experiência como médico, duas vezes secretário de saúde do estado e deputado federal de seis mandatos à disposição dos douradenses, prometendo uma administração para marcar época (isto, depois de cumprido o que encara como seu ideal de vida, como o deputado que mais trouxe recursos para a cidade) por que, então, impedir a filha de entrar para a política em grande estilo, exercendo seu livre-arbítrio ao lado de quem, mesmo que aos trancos e barrancos, vem fazendo a lição de casa, como prefeito? O projeto inicial era tentar eleger Barbara deputada estadual, daqui a dois anos, mas a foto que ilustra este texto pode indicar outra direção. Numa situação dessas, que pai ficaria contra a filha?

Outro que também encara como missão de vida cavucar até encontrar a misteriosa cabeça de burro que a lenda conta como enterrada aos pés da estátua do tenente Antônio João Ribeiro, na praça central, igualmente com um currículo invejável como homem público, o vice-governador José Carlos Barbosinha, finge ter recolhido o flap, mas só por uma questão de estratégia. Dias antes da festa tucana na S::S::C::H ele já avisara Riedel que colocaria seu teco-teco na cabeceira da pista. Engana-se, pois, quem pensa que ele vá abortar a decolagem. Enquanto isso, afina o discurso com o deputado bolsonarista Rodolfo Nogueira, cuja esposa, Gianni Nogueira, também estaria disposta a entrar na política como candidata a vice-prefeita. Conversas que Barbosinha iniciou ano passado ao receber em seu gabinete na vice-governadoria o General de quatro estrelas Braga Neto e, mais recentemente, trocando uns zaps com Valdemar Costa Neto, o presidente do partido de Bolsonaro.

Mais. O que dizer do silêncio sepulcral de sempre enigmático Murillo Zauith? Defenestrado da secretaria Infraestrutura de Reinaldo Azambuja por não concordar com questões não muito republicanas da administração estadual, como um rabo de saia que por pouco não põe todo o governo abaixo, agora voltou a ser cortejado. Pelo próprio Azambuja, inclusive. Mas, bastou não comparecer ao ato de refiliação de Marçal ao PSDB para voltar a ser vítima da língua afiada do todo-poderoso “seu” Zé. Como se ele precisasse desse tipo de cortejo ou das mesuras com as quais o decano parlamentar costuma cativar  “apoiadores” para seus projetos políticos. Escorraçado, de novo, Murilo anda tão insone que dias atrás até aceitou um tête-à-tête com Alan Guedes. Vararam a madrugada conversando sobre o que é melhor para Dourados.

Assim, diante de um quadro nunca antes na história tão nebuloso, caso insista no projeto Marçal Filho, Reinaldo Azambuja, que quando governador perdeu as duas eleições anteriores para a prefeitura, agora corre o risco de levar a terceira chapuletada consecutiva, pior, colocando o sucessor nesse beco sem saída. Isto, pela clareza com que o quadro começou a se delinear depois dessa desastrada “largada”, já se prevendo uma eleição federalizada, pelo confronto entre direita e esquerda, com Alan Guedes ou Barbosinha capitalizando os votos do bolsonarismo e o professor Tiago Botelho na outra ponta. Embora setores do PT estejam fechados com o projeto de reeleição de Alan Guedes, o professor autointitulado “amigo do Lula” poderia ganhar a adesão de setores mais progressistas, sem opção, como o próprio Geraldo Resende, da base de Lula na Câmara Federal, que inicialmente costurava um acordo inverso, de cima para baixo, sonhando com Botelho como seu vice. Como a política é também uma via de mão dupla, vai que cola, com Barbara lá, na chapa do time de Lula.  

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