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sexta-feira, novembro 22, 2024

O fim dos tempos

Extremos climáticos serão dramaticamente intensificados quando os continentes do mundo se fundirem para formar um supercontinente quente, seco e inabitável

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O avanço do aquecimento global pode já ter determinado a data para o fim dos tempos. É o que dizem cientistas da Universidade de Bristol, em pesquisa publicada na Nature Geoscience, que apresentaram os primeiros modelos climáticos de um supercomputador que indicam que os mamíferos devem ter mais de 250 milhões de anos na Terra.

Segundo a pesquisa, os extremos climáticos serão dramaticamente intensificados quando os continentes do mundo eventualmente se fundirem para formar um supercontinente quente, seco e em grande parte inabitável.

Processos tectônicos, ocorrendo na crosta terrestre e resultando na formação de supercontinentes, também levariam a erupções vulcânicas mais frequentes, que produzem enormes emissões de dióxido de carbono na atmosfera, aquecendo ainda mais o planeta.

Os mamíferos, incluindo os humanos, sobreviveram historicamente graças à sua capacidade de se adaptar a extremos climáticos, especialmente através de adaptações como pelagem e hibernação no frio, bem como curtos períodos de hibernação em tempo quente.

Um dos autores, Alexander Farnsworth, pesquisador sênior associado da Universidade de Bristol, afirmou: “O supercontinente recém-formado efetivamente criaria um triplo golpe, composto pelo efeito de continentalidade, sol mais quente e mais CO2 na atmosfera, aumentando o calor para grande parte do planeta. O resultado é um ambiente principalmente hostil, desprovido de fontes de alimentos e água para os mamíferos”.

“Temperaturas generalizadas entre 40 e 50 graus Celsius, e até mesmo maiores extremos diários, aliadas a altos níveis de umidade, em última análise, selariam nosso destino. Os humanos — junto com muitas outras espécies — pereceriam devido à sua incapacidade de dissipar esse calor através do suor, resfriando seus corpos.”

A equipe internacional de cientistas aplicou modelos climáticos, simulando tendências de temperatura, vento, chuva e umidade para o próximo supercontinente — chamado Pangea Ultima — esperado para se formar nos próximos 250 milhões de anos. Para estimar o futuro nível de CO2, a equipe usou modelos de movimento de placas tectônicas, química oceânica e biologia para mapear entradas e saídas de CO2.

Farnsworth, também professor visitante do Tibetan Plateau Earth System, Environment and Resources (TPESER), no Instituto de Pesquisa do Planalto Tibetano da Academia Chinesa de Ciências, disse: “O panorama no futuro distante parece muito sombrio. Os níveis de dióxido de carbono poderiam ser o dobro dos níveis atuais. Com o sol também previsto para emitir cerca de 2,5% mais radiação e o supercontinente estando localizado principalmente nos trópicos quentes e úmidos, grande parte do planeta poderia estar enfrentando temperaturas entre 40 e 70°C”.

“Este trabalho também destaca que um mundo dentro da chamada ‘zona habitável’ de um sistema solar pode não ser o mais hospitaleiro para os humanos, dependendo se os continentes estão dispersos, como temos hoje, ou em um único supercontinente.”

O Globo — Rio de Janeiro

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