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sábado, setembro 28, 2024

Tal qual Marçal Filho, radialista divide os tucanos em São Paulo

Sob intervenção, PSDB paulistano está rachado entre o apoio à reeleição de Ricardo Nunes e a candidatura própria com o apresentador de TV

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Sina do PSDB, o partido cujo símbolo é o tucano (ave de curta autonomia de voo que passa mais tempo em cima do muro) ou a síndrome de Jorge Antônio (o radialista que não deu certo em Dourados, da mesma forma o também radialista Alcides Bernal, em Campo Grande), o problema das pré-candidaturas tucana em São Paulo e em Dourados? Por coincidência, problema envolvendo dois radialistas tucanos. Em Dourados Marçal Filho encontra dificuldade em obter apoio unânime não apenas de seu partido, mas também do entorno governista que patrocina sua candidatura. Em São Paulo, que foi o mais tradicional reduto político do PSDB no país, o tucanato está dividido entre apoiar o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), ou lançar candidatura própria com o apresentador de TV José Luiz Datena. Como pano de fundo desse racha, o partido vive uma acirrada disputa judicial pelo controle do diretório municipal, que está sob intervenção da direção nacional, desde setembro, com a presidência ocupada, atualmente, pelo ex-senador José Aníbal.

Fernando Alfredo, ex-presidente do diretório paulistano, afastado do cargo, segue defendendo a composição da legenda com o atual prefeito e, nas redes, é chamado por apoiadores de “presidente de honra”.

Em campanha aberta pela reeleição de Nunes, Alfredo disse ao Correio que o atual prefeito tinha um acordo político pelo apoio nas eleições de outubro e, por isso, manteve muitos correligionários do PSDB, todos oriundos da gestão que herdou com a morte, em maio de 2021, do titular Bruno Covas. “As pessoas que estão na prefeitura foram colocadas pelo Bruno Covas, e o Ricardo deixou lá porque estão fazendo um bom trabalho”, disse o ex-dirigente tucano.

Subindo ainda mais o tom, Alfredo tem feito lives semanais em suas redes sociais com pré-candidatos do partido ao Legislativo municipal e segue conseguindo o apoio de tucanos que ocupam cargos no Executivo municipal. Com um enredo que mistura páginas de política e policiais dos jornais, o ex-presidente é acusado de depenar a sede do partido. Alfredo justifica que o mobiliário e os computadores eram emprestados por militantes partidários que, depois da intervenção, retiraram os equipamentos.

“Eu estou achando ótima essa novela no PSDB, que virou um partido cartorário, tem dono e não tem base. Isso começou com o Eduardo Leite (governador do Rio Grande do Sul), que nunca aceitou a vitória do (ex-governador de São Paulo) João Doria (à Presidência da República, em 2022), e depois, começou a perseguir todos que o apoiaram. Alguns dirigentes acham que o PSDB continua sendo aquele partido elitista que toma as decisões fumando cachimbos caros e tomando uísque”, disparou o ex-presidente tucano.

Com o impasse, a nova direção entrou com uma ação judicial pedindo acesso a conta bancárias, documentos contábeis e, até mesmo, a cópia da chave do conjunto de salas que servia de sede municipal. A ação ainda aguarda a citação do ex-dirigente.

A legenda, que estava sendo cobrada pelo pagamento de aluguéis atrasados, não ocupa mais o 8º andar do prédio no bairro Vila Buarque, em São Paulo. O dirigente afastado garante que só deixará o PSDB se for expulso, e, apesar de não poupar o comando nacional do partido, acredita que contará com o apoio da base paulistana.

Nome próprio

Enquanto alguns tucanos, como o ex-presidente municipal da legenda, veem com ceticismo a pré-candidatura de Datena, em função do histórico de desistência do apresentador, outros setores do partido encaram o nome dele como uma chance de resgatar a força do PSDB em São Paulo.

Na principal cidade do país, os tucanos perderam a maior bancada do legislativo municipal, depois da janela partidária, onde todos os vereadores eleitos a reboque da chapa Bruno Covas e Ricardo Nunes trocaram de legenda. Para o presidente afastado, é um sinal claro de que a militância prefere apoiar a reeleição do atual prefeito da capital paulistana.

“Mais de 80% da militância vai apoiar a reeleição do Ricardo Nunes, até porque não dá para acreditar que o Datena vai, finalmente, assumir essa responsabilidade no 11º partido pelo qual passa”, alfinetou Alfredo.

O grupo que defende a candidatura de Datena garante que, desta vez, o apresentador vem mesmo para a disputa eleitoral. Argumenta que ele fechou, na semana passada, até mesmo um acordo com a família Saad, dona da TV Bandeirantes, para se licenciar do comando do programa que apresenta. Também assegura que o apresentador não está preocupado em abrir mão do salário da TV, estimado em R$ 600 mil, mas condiciona a candidatura a não investir dinheiro do próprio bolso na campanha. “Não sou o João Doria”, costuma repetir.

O apresentador é muito conhecido e, antes mesmo de anunciar a pré-candidatura, na última semana, já aparecia nas pesquisas de preferência do eleitorado em terceiro lugar, empatado com a deputada federal Tabata Amaral (PSB).

Tabata Amaral

Antes de anunciar a pré-candidatura, Datena era cotado para ser vice na chapa de Tabata. Ele chegou a se filiar ao PSB, mas, em abril, migrou para o PSDB. A ideia de Tabata era montar uma coligação com os tucanos, que preferiram assumir a candidatura própria.

Descartando qualquer chance de uma aliança com a deputada, fontes da legenda definem o movimento da pré-candidata pessebista como amador. “Não sei o que Tabata estava pensando, acho que o pessoal dela é fraco, seria difícil o Datena topar sair candidato, ainda mais como vice do PSB. É impossível, foi um movimento amador”, disse um interlocutor ligado à direção tucana.

Apesar do histórico de desistências, Datena tenta ser levado a sério. Afirmou, no lançamento da pré-candidatura, na última semana, que não considera desistir. “Realmente, sinto que tenho mais responsabilidade nesta campanha do que nas anteriores. Porque, desta vez, eu vou até o fim”, disse o pré-candidato.

O apresentador também falou sobre a nacionalização da campanha paulistana e parece ter deixado em aberto a possibilidade de também disputar outro cargo em 2026.

“Aqui (em São Paulo), tem gente do Brasil inteiro, tem mais nordestino do que no Nordeste, tem mineiro, tem baiano, o país inteiro está aqui dentro. Por isso, eu digo, de peito aberto, que a eleição do Brasil passa pela eleição da cidade de São Paulo”, afirmou Datena.

C/Henrique Lessa/Correio Braziliense

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