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sábado, novembro 23, 2024

Os caminhos de Kamala até a Casa Branca

Atual vice-presidente tem condições de derrotar Donald Trump, mas é impossível arriscar um vencedor para eleição em novembro

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O desafio para Kamala será repetir a performance do atual presidente na eleição de 2020. Hoje, a candidata democrata teria 226 delegados garantidos levando em conta os estados onde certamente vencerá, como Califórnia e Nova York. Para vencer, precisa alcançar 270. Faltam, portanto, 44. É neste momento que entram os chamados estados pêndulo, onde não há predomínio democrata ou republicano. São seis ao todo nesta eleição, embora possa haver surpresas — Geórgia (16 delegados), Arizona (11), Nevada (6), Wisconsin (10), Michigan (15) e Pensilvânia (19). Faça as combinações e veja os caminhos para Kamala conseguir 44.candidato a vice na chapa opositora, desistência do presidente para disputar a reeleição, Kamala é indicada como candidata e nomeia Tim Walz como seu vice. Para completar, na semana que vem, haverá a convenção democrata em Chicago, com possíveis mais surpresas.

Até novembro, uma série de acontecimentos imprevisíveis terão impacto na decisão dos americanos na hora de votar. Alguns inclusive podem ser fruto do uso de inteligência artificial para publicar vídeos e áudios falsos que comprometam a candidatura de Kamala ou Trump sem tempo para as campanhas provarem que não são verídicos. Há ainda os debates e os eventos globais, como o risco de um agravamento nos conflitos no Oriente Médio ou na guerra da Ucrânia.

Não dá, portanto, para responder com 100% de certeza se Kamala vencerá. É possível, no entanto, explicar como ela pode vencer. Em primeiro lugar, esqueçam a bobagem de que os EUA não elegeriam uma mulher. A maior parte dos eleitores americanos votou em Hillary Clinton em 2016. Se fosse na França ou no Brasil, a democrata teria sido eleita presidente por ter derrotado Trump no voto popular por 65,8 milhões de votos (48,2%) contra 62,9 milhões (46,1%). O problema da candidatura da ex-secretária de Estado foi o colégio eleitoral, onde os delegados decidem a votação. Se um candidato alcança a maioria em um estado, ele terá todos os delegados estaduais. Biden conseguiu vencer o republicano quatro anos mais tarde tanto no voto popular como no colégio eleitoral.

O desafio para Kamala será repetir a performance do atual presidente na eleição de 2020. Hoje, a candidata democrata teria 226 delegados garantidos levando em conta os estados onde certamente vencerá, como Califórnia e Nova York. Para vencer, precisa alcançar 270. Faltam, portanto, 44. É neste momento que entram os chamados estados-pêndulo, onde não há predomínio democrata ou republicano. São seis ao todo nesta eleição, embora possa haver surpresas — Georgia (16 delegados), Arizona (11), Nevada (6), Wisconsin (10), Michigan (15) e Pensilvânia (19). Faça as combinações e veja os caminhos para Kamala conseguir 44.

Segundo pesquisas, há um leve favoritismo de Trump na Geórgia, Arizona e Nevada, embora a democrata tenha chance em todos eles. Caso o republicano vença os três, Kamala precisaria gabaritar vitórias em Wisconsin, Michigan e Pensilvânia para ser eleita. Não será uma tarefa fácil. Mas é um cenário mais real com ela do que com Biden. Pesquisa do New York Times/Siena College mostra Kamala vencendo Trump nos três estados por quatro pontos percentuais — o atual presidente, quando era candidato, perdia em todos.

Diante destes números, dá para responder que Kamala tem, sim, condições de vencer Trump, mas a disputa segue completamente aberta e somente saberemos o vencedor com os votos contados, além de todas prováveis batalhas jurídicas.

Guga Chacra/O Globo — Nova York

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