23.3 C
Dourados
terça-feira, março 18, 2025

A farsa da “humanização” da Saúde em Dourados

A proposta passará por segunda votação na Câmara, e se for aprovada, seguirá para sanção ou veto do prefeito Marçal Filho

- Publicidade -

A Câmara de Vereadores de Dourados aprovou nesta segunda-feira, em primeira votação, um projeto de lei que estabelece diretrizes para um “atendimento humanizado” nos serviços públicos de saúde. O texto, de autoria da vereadora Isa Cavala Marcondes (Republicanos), propõe assegurar que os cidadãos recebam atendimento com empatia, respeito e dignidade. No papel, uma proposta louvável; na prática, um atestado de incompetência e hipocrisia dos próprios legisladores.

Afinal, se a humanização da saúde precisa ser garantida por meio de uma lei, o que se tem é a confissão oficial de que, até aqui, a saúde pública de Dourados foi desumana. E quem são os responsáveis por esse estado de coisas? Os mesmos vereadores que agora se apressam a aprovar uma legislação tardia e inócua, muitos dos quais reeleitos para mais um mandato de omissão e conveniência política.

A atual presidente da Câmara, Liandra Brambilla, e seu primeiro-secretário, Rogério Yuri, estiveram na legislatura passada. Se o atendimento à população era marcado pela negligência e pela insensibilidade, eles também são corresponsáveis. Excepcionalmente a presidente do Jaguaribe, eleita para a legislatura anterior com o cognome de Liandra da Saúde. Teriam eles cometido crimes contra a humanidade por permitir que um serviço essencial fosse prestado de forma desumana? Se sim, a simples aprovação dessa lei não os exime da responsabilidade pelo passado.

Além disso, a nova legislação determina que profissionais da saúde sejam qualificados para garantir um atendimento digno. O problema é que a questão não se resume à capacitação. O que Dourados enfrenta é um sistema colapsado por falta de estrutura, investimento e gestão eficiente. A humanização da saúde não depende de um texto de lei, mas sim de políticas públicas sérias, com ações concretas para melhorar a infraestrutura, aumentar o quadro de profissionais e garantir medicamentos e equipamentos em quantidade e qualidade adequadas.

A população de Dourados não está cansada apenas do mau atendimento; está cansada do teatro legislativo que transforma problemas reais em discursos vazios. O que se viu ontem na Câmara, com a aprovação desse projeto, foi uma encenação política para desviar a atenção da responsabilidade histórica que muitos dos atuais vereadores carregam.

Se a saúde de Dourados precisa de humanização, o primeiro passo deveria ser a renúncia coletiva daqueles que, por anos, permitiram que ela se tornasse desumana.

- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -

Últimas Notícias

Últimas Notícias

- Publicidade-