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quinta-feira, maio 2, 2024

Crônica de uma derrota anunciada

Paredão das eleições em Dourados, este ano, poderá ter eliminação coletiva do entorno tucano

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A parecença com a obra do prêmio Nobel de Literatura Gabriel Garcia Marquez não é mera coincidência. No livro “Crônica de uma morte anunciada” um jovem é morto a facadas pelos irmãos de uma moça por ele violentada, mesmo com toda a corrutela em que moravam tendo conhecimento da tragédia com antecedência, sem nada fazer para evitar seu trágico destino, anunciado logo na primeira linha do romance. Agora, nesses tempos de BBB (Big Brother Brasil), com seus paredões semanais, nada mais sugestivas do que as fotos que ilustram as matérias com resultados de pesquisas eleitorais em Dourados. Sugestivas e elucidativas, olhadas pelo retrovisor da história recente, já que esses “institutos” de pesquisas há tempo que não acertam uma por aqui.  

Números, risíveis, à parte, começando pelo conceito que embasa a contratação desse tipo de trabalho. Presidente do diretório do PSDB, o partido que tem o maior número de postulantes, o deputado Zé Teixeira justifica toda essa gastança como critério para a escolha do candidato tucano à sucessão do prefeito Alan Guedes. A menos que seja para começar a economizar desde já, uma vez analisados com atenção os números da primeira pesquisa dessa fase já decisiva do processo eleitoral, onde ele, um dos pré-candidatos do esquemão do governo, aparece só lá na sexta colocação, empatado tecnicamente com um tal de Jeferson Bezerra, um desses aventureiros que se candidata a tudo, de vereador a senador, mas que, abertas as urnas, não faz jus nem ao tão temido traço, o patamar dos invisíveis nas pesquisas.

Ao líder temporário nas pesquisas, Marçal Filho, não se pode atribuir nem mesmo a pejorativa e preconceituosa condição de “cavalo paraguaio” – aquele que sempre larga na frente mas nunca ganha –, até porque, largada, em uma eleição, entende-se como convenção partidária, disputa sempre por ele refugada, já que nem delas o radialista nunca participa, sempre fazendo seus milionários acertos com antecedência. Que o digam os autos do processo uragano.

Como é perda de tempo analisar pesquisa nessa fase da campanha, não custa refrescar a cabeça dos ditos estrategistas que insistem em querer ludibriar a opinião pública. Frescos, ainda, na memória do eleitorado, os números da última eleição para o governo do estado, confrontados os das pesquisas eleitorais com os que saíram das urnas. Números (das pesquisas) que fizeram o ainda jovem, para a política, e com um futuro promissor, Marquinhos Trad, renunciar à máquina que é a prefeitura de Campo Grande para se aventurar como candidato a governador. Alguém se lembra, naquela fase da campanha, a posição de Eduardo Riedel? E do meteórico Eduardo Contar, que, com ele, só foi para o segundo turno por conta de uma bravata do então presidente Jair Bolsonaro, em pelo debate com Lula & Cia. na Rede Globo?

Melhor exemplo ainda, já que o assunto é eleição municipal: quinze dias antes das eleições passadas para a prefeitura de Dourados, baseados em pesquisas para consumo interno, os assessores do candidato Barbosinha garantiam que ele poderia arrumar as malas e marcar passagem para Montevidéu, onde ele gosta de passar as férias, porque a eleição estava ganha. Afinal, como o candidato de Azambuja, o todo-poderoso governador, iria perder a eleição para um guri insubordinado? Interessante, aliás, o deputado Zé Teixeira, do alto de sua experiência como um dos decanos da Assembleia Legislativa, continuar se deixando levar pela bílis, querendo porque querendo se vingar do afiliado Alan Guedes, só porque ele se rebelou para virar prefeito. Mais interessante ainda, outras ditas cabeças pensantes, como Murilo Zauith, embarcar nesse tipo canoa furada.

Por fim, a mais emblemática dessas histórias, uma lengalenga, mas necessária, ante a lição não aprendida. 1988. O engenheiro Braz Melo entra na disputa pela prefeitura com sete por cento nas pesquisas. José Elias Moreira, até ali o todo-poderoso melhor prefeito da história, deputado federal Constituinte, exibindo no palanque a tão decantada Constituição cidadã que acabara de ajudar a escrever, do alto de seus 67% iniciais, nas pesquisas, acaba derrotado por Braz, na famosa urna 185 do Parque das Nações, por 41 votos.

Pelo dito e escrito, a única que coisa que as pesquisas de agora podem acertar é quanto ao destino dos pré-candidatos, não apenas os tucanos, mas os até aqui colocados como do entorno do ex-governador Reinaldo Azambuja, já que Marçal Filho e Barbosinha sequer decidiram ainda por qual legenda disputariam. É paredão na certa. Não como os do BBB da Globo, mas coletivo, como os comandados por Ernesto Che Guevara de la Serna, o revolucionário latino cujo rosto só não é mais conhecido na história que o de Jesus Cristo. Não à toa, Alan Guedes decidiu aderir à reza coletiva dos legendários, um desconhecido movimento que segundo a sinopse da organização busca a transformação de homens, famílias e comunidades por meio de experiências para encontrar a melhor versão de si mesmos e seu novo potencial. “Homens inquebrantáveis diante do pecado, mas quebrantados diante de Deus”. Por enquanto, a melhor iniciativa para escapar do paredão que vai se formar com as convenções do meio do ano.

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