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sábado, julho 27, 2024

A heresia do ‘Messias’

Jair Bolsonaro, com sua paranoia, conduzindo o povo cristão à criação de um estado teocrático israelita

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Na minha leitura do Evangelho do Lar deste domingo, uma espécie de Escola Dominical para os espíritas  (que não precisa ser necessariamente aos domingos) deparei-me com o ultimamente tão batido João 8:32, assim como a bandeira do Brasil, versículo bíblico que o bolsonarismo insiste em apossar-se: “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Na boca de alguém tão controvertido, um negacionista convicto, belicista de carteirinha e golpista enrustido, as palavras de Jesus não passam de uma perigosa heresia.

Talvez por acreditar que a coincidência do nome possa dar a ele a condição de reencarnado – e por que não?, já que setores do cristianismo continuam acreditando na volta do Messias em carne e osso à Terra – Jair Messias Bolsonaro reencarnou, sim, mas como remake de Sassá Mutema, o boia-fria salvador da pátria da novela global, tão fictício quanto o “padre” Kelmon, o aliado famoso que segundo a senadora Soraya Thronicke não passa de um padre de Festa Junina. Condição que Bolsonaro parece acreditar reforçada a cada novo calvário, depois da facada na primeira pré-campanha e durante a própria Presidência da República, no período da pandemia, quando precisou de várias internações para cirurgias em consequência do atentado pré-eleitoral. Mais, a derrota para Lula na tentativa de reeleição e o fantasma, agora, de uma possível prisão, em companhia de coronéis e generais de seu tão questionável governo, entre outras coisas, pela ameaça de ruptura institucional para pôr fim à democracia.

Pena que, pela coincidência de mais um calvário hospitalar, Bolsonaro tenha cancelado sua agenda em Dourados nesta semana que se inicia. Seria uma boa oportunidade para os cristãos daqui confrontá-lo com os ensinamentos do Xará verdadeiro. Não pela interpretação descontextualizada do livro da Sociedade Bíblica Brasileira, traduzido por João Ferreira de Almeida, onde Jesus defende sua missão e sua autoridade, mas, do mesmo Evangelista, ante a luz da verdade, pelo do iluminado espírito Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier.

Num contraponto ao que andam pregando muitos espíritas, alguns até renomados, como Divaldo Franco, Emmanuel mostra os ensinamentos de Jesus por um ângulo ainda mais claro: “Não seremos libertados pelos ‘aspectos de verdade’ ou pelas ‘verdades provisórias’ de que sejamos detentores no círculo de nossas das afirmações apaixonadas a que nos inclinemos”. Além disso, diante da anunciada chegada de falsos profetas, como Silas Malafaia & Cia., reforçando, vejam só, que “muitos, em política, filosofia, ciência e religião, se afeiçoam a certos ângulos da verdade e transformam a própria vida numa trincheira de luta desesperada, a pretexto de defendê-la, quando não passam de prisioneiros do ponto de vista”. Tal qual Bolsonaro, quando presidente, esquecendo-se da liturgia do cargo, como “prisioneiro” de seu famigerado “cercadinho”, bravateando a torto e à direita.

Bravatas que, vindas de um presidente da República, levaram os incautos seguidores à uma verdadeira paranoia, reforçando a condição do “mito” como negacionista não apenas da Covid-19, mas do próprio Cristo por ele sempre tão citado, já que induz o retorno de seu rebanho, o dito “gado”, ao Velho Testamento, onde a lei era a do “olho por olho, dente por dente”, exatamente a lei que Jesus veio para abrandar, com sua máxima de amor e caridade. Pior ainda, negacionista do próprio pai celestial, pela insistência na implantação no Brasil de um estado teocrático israelita, nação sempre punida por Deus exatamente por sua rebeldia.

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