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terça-feira, novembro 5, 2024

UFGD, o grande legado da causa divisionista

Debate pela criação de Universidades em Dourados perpassou a luta pela criação do Mato Grosso do Sul

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Num acalorado debate na Padaria do Fuxico, no auge da campanha eleitoral, em um dos atos do teatro do absurdo em que se transformou a disputa entre Alan Guedes e Marçal Filho, um desses atores mambembes da política (um cabo eleitoral metido a cientista político) teve a (in)capacidade de desmerecer a grandiosidade e a importância da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). O motivo de tanta ignorância e mediocridade — consequência do fanatismo direitista — foi a “dificuldade” do candidato petista, professor universitário Tiago Botelho, em defender, nos debates eleitorais, o legado de seu vice, Laerte Tetila, acusado pelo dito cujo de não ter dado a atenção esperada à educação básica em seu período de oito anos como prefeito.

Tamanho absurdo merece registro, especialmente no dia em que o Mato Grosso do Sul comemora seus quarenta e sete anos de criação, para reforçar o gancho jornalístico a respeito do verdadeiro “pai” das universidades públicas de Dourados. Não apenas da UFGD, mas também da UEMS, já que são como irmãs siamesas. É uma oportunidade de refrescar a memória de políticos demagogos, todos querendo faturar em cima da conquista do maior idealista da educação que já apareceu na terra de Seu Marcelino, não apenas como vereador e deputado estadual, mas também como doador da área para sua implantação: Celso Muller do Amaral. Professor e doador da área do Colégio Presidente Vargas, no centro da cidade, Celso Amaral, além de convencer seu pai, Vlademiro Amaral, a doar a área para a implantação do CEUD, ainda doou parte de sua fazenda para a criação da Faculdade de Agronomia, que hoje abriga o campus UFGD/UEMS.

Universidade Estadual que começou como CEUD (Centro Universitário de Dourados), hoje sede da reitoria da UFGD, inaugurado em 1970, no primeiro governo de Pedro Pedrossian. O mesmo Pedrossian que, depois, em seu segundo governo, já com o estado dividido, lançou, na até ali apenas Faculdade de Agronomia da UFMS, o embrião do que viria a ser a UFGD, no mesmo campus onde ele, Pedrossian, implantaria, aí sim, a tão sonhada Universidade Estadual de Dourados, a UEMS.

Entre o professor e deputado Celso Amaral e o visionário governador Pedro Pedrossian, outro ator sem o qual nada disso teria se materializado foi o último governador do Mato Grosso uno, o piauiense José Garcia Neto. Tudo bem que seu ato foi um arroubo, uma vingança dos cuiabanos, que não queriam a divisão do estado, contra os campo-grandenses, que lideraram o movimento.

O ato histórico ocorreu no gabinete do prefeito José Elias Moreira, recém-iniciado em seu mandato. Durante entrevista coletiva com jornalistas, diante da insistência do reitor da UFMT, João Pereira da Rosa, em levar o curso de Agronomia para Campo Grande, o governador José Garcia Neto bateu na mesa e disse:

— “Ou o senhor toma as providências para instalar, já, a faculdade em Dourados ou eu demito o reitor. É a minha palavra, e a palavra do governador não pode ser jogada na sarjeta”.

E, assim, em 22 de dezembro daquele ano de 1977, já com Mato Grosso do Sul criado, foi estabelecido o curso de Agronomia, por uma resolução do Conselho Universitário da antiga UFMT. Resultado não apenas da bronca de Garcia Neto, mas, primordialmente, da lei estadual nº 2.972, promulgada em 2 de janeiro de 1970, de autoria do deputado Celso Amaral, no primeiro governo de Pedro Pedrossian.

Depois disso, em consequência da divisão do estado, outros atores subiram ao palco desse teatro, para regulamentar novas leis que “criaram”, aí sim, a UEMS em Dourados, como os deputados Walter Carneiro e Roberto Razuk. Ademais, houve um trabalho continuado pelos não menos idealistas professores, o vereador e secretário municipal de governo Wilson Biasotto e o prefeito Laerte Tetila, que proporcionaram a vinda da UFGD. Tão idealista quanto seu professor Celso Amaral no “Presidente Vargas”, o deputado federal Geraldo Resende também foi um dos grandes protagonistas dessa história, tendo como aliado na causa, na Câmara Federal, o colega deputado João Grandão. Nada, claro, comparado ao idealismo de Celso Amaral, à visão de estadista de Pedro Pedrossian e ao destemor do governador Garcia Neto.

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