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domingo, novembro 24, 2024

Tiradentes e Bolsonaro: Reflexões sobre conspirações e destinos

Bolsonaro tenta mostrar força hoje em Copacabana, como fez em fevereiro na Avenida Paulista

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Neste 21 de Abril o Brasil vê-se imerso em duas narrativas distintas, mas intrinsecamente conectadas: a lembrança da Conjuração Mineira do século XVIII e os atos de conspiração liderados pelo ex-presidente Bolsonaro na praia de Copacabana, repetindo iniciativa idêntica ao da Avenida Paulista, no último 25 de fevereiro. Embora separados por séculos, esses eventos compartilham uma trama comum, onde personagens se tornam líderes de movimentos contra o establishment, enfrentando desafios que os colocam em rota de colisão com o poder vigente.

Ao comparar Bolsonaro a Tiradentes, não buscamos estabelecer paralelos morais ou ideológicos, mas sim analisar suas trajetórias sob uma lente histórica e simbólica. Assim como Tiradentes, Bolsonaro emerge como uma figura controversa, polarizadora, que lidera um movimento de contestação às estruturas estabelecidas. Ambos desafiam o status quo, cada um à sua maneira e em seu contexto histórico. Um perigo que se acentua, agora, com a entrada em cena do mais inusitado dos bolsonaristas, o poderosíssimo Elon Musk, dono da plataforma X, o segundo homem mais rico do mundo.

No entanto, é crucial reconhecer que a história não se repete de forma idêntica. Enquanto Tiradentes foi martirizado e executado por suas ideias revolucionárias, Bolsonaro enfrenta um cenário onde a conspiração que lidera é alvo de escrutínio e crítica por uma parcela da sociedade e das instituições democráticas. A história nos alerta para os perigos de lideranças que flertam com o autoritarismo e a desestabilização do tecido democrático.

A menção à Conjuração Mineira nos remete também ao destino trágico dos inconfidentes, que acabaram delatados e punidos pelo poder central. Não seria o caso de dizer que os coléricos seguidores do ex-presidente podem acabar enfrentando consequências semelhantes àqueles que conspiraram contra a coroa portuguesa. Mas sendo interessante refletir sobre o calvário do próprio Bolsonaro, nesses tempos dos tão intrigantes algoritmos, relembrando que foi lá, também nas Minas Gerias, que por muito pouco ele não tem interrompido seu desiderato de poder, por conta de uma facada até hoje cercada por terrível mistério. Em um país marcado por reviravoltas políticas e sociais, é fundamental refletir sobre os desdobramentos das ações que hoje se desenrolam em Copacabana.

Por isso mesmo, é lá, nas entranhas das Minas Gerais, que reside o simbolismo de um país que luta para reconciliar seu passado com os desafios do presente. Que os episódios que se desenrolam neste 21 de abril nos sirvam de alerta e nos conduzam por caminhos que fortaleçam, em vez de enfraquecer, os pilares de nossa democracia e justiça. Ainda mais quando um ato que era para ser sério, como o de hoje, perde a legitimidade e peca pela heresia, diante da presença, como atração, de um padre (Kelmon) de festa junina, como disse a senadora Soraya Thronicke.

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