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É difícil terceira via ter unidade para 2022, avalia Pedro Simon

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25/10/2021 – 07h39

Aposentado da carreira política, ex-senador se diz ‘angustiado’ com ‘radicalização’ e vê como improvável uma candidatura única do centro

Senador por mais de três décadas, até decidir se aposentar da carreira política em 2014, Pedro Simon, hoje com 91 anos, se diz “angustiado” com a “radicalização” no cenário eleitoral, representada, na sua avaliação, pelas candidaturas do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista ao jornal O Globo, o experiente ex-parlamentar classifica como difícil uma articulação que garanta a unidade da chamada terceira via, campo que reúne partidos de centro e se coloca como alternativa à polarização.

Estamos a menos de um ano da eleição de 2022. Como o senhor vê a disputa?

Estou angustiado com a radicalização entre Lula e Bolsonaro e preocupado se teremos um pleito normal. Eu me pergunto se não é hora de buscarmos um encaminhamento tranquilo, sereno e responsável. Aqueles que têm preocupação com a busca do bem comum têm que estar presentes para encontrarmos um entendimento. Estamos em uma época cruel. Já vivemos uma ditadura, na qual a imprensa não podia se manifestar. Hoje, é o contrário: há tanta informação e desinformação, uma avalanche de ideias e propostas controvertidas, que ficamos incapazes de saber o que fazer. Os que têm bom senso têm que estar presentes. Não é possível a maioria ficar silenciosa.

A polarização entre Bolsonaro e Lula é uma constante, segundo as pesquisas . O que explica esse cenário?

O Lula é um candidato que tem uma história, e Bolsonaro é o atual presidente. Fora isso, há ainda muita indefinição entre os partidos políticos. São 30 partidos, mas poucos têm representatividade. A maioria é sem conteúdo, sem ideias. O PSDB, por exemplo, vai no caminho certo ao debater internamente uma candidatura com as prévias.

Haverá unidade na chamada terceira via?

É muito difícil. O MDB, que é um grande partido, ainda não tomou uma decisão, mas na minha opinião deve ter um candidato. Não sabemos como serão feitas as coligações. Um fato novo que apareceu é a possibilidade de uma coligação permanente (federação), o que seria interessante.

Diante dua sua experiência no Senado, como o senhor avalia a condução da CPI da Covid?

A discussão tinha que ser ampla e foi. Agora, é dura porque, ao mesmo tempo em que a comissão estava trabalhando o tema da Covid, a pandemia estava sendo vivida diariamente e de forma diferente em cada momento. Não é uma CPI para investigar coisas que ocorreram no passado, mas que funcionavam concomitantemente. A CPI é impressionante, porque envolve toda a situação dramática do país. O presidente podia ter se tornado um grande herói, ter se esforçado e lutado contra a pandemia, que era a missão natural dele, mas passou a se colocar como um inimigo do combate à Covid. A CPI trouxe ao debate o que o presidente devia ou não devia fazer. Há ações erradas que devem ser punidas, mas, apesar dos pesares, o Brasil entrou no caminho certo e tem agora um bom desempenho.

O Brasil entrou no caminho certo com a ajuda da CPI?

Acredito que sim. Com o trabalho que a CPI fez, cada um quis se defender e fazer sua parte. Da parte do governo, apesar de todo o comportamento por parte do presidente, não faltou dinheiro. Os governadores e prefeitos também, pela pouca presença do presidente, avançaram e fizeram um papel importante.

O senhor já declarou que a democracia “vai bem” com Bolsonaro, sob o ponto de vista institucional. O senhor ainda pensa da mesma forma?

Há vários Bolsonaros. Naquelas entrevistas que está acostumado a dar na saída do Palácio da Alvorada ao lado de simpatizantes, ele diz as coisas mais imprevisíveis, inclusive coisas negativas para si. Bolsonaro sempre será uma interrogação sobre o que faz, o que quer e qual será realmente sua posição. Passamos por um momento difícil no 7 de setembro, naquela mobilização que levou a um conflito entre o presidente e o Supremo. Passamos por obstáculos para nossa democracia, mas isso se estabilizou. O mais difícil já passou.

As instituições se fortalecem?

O Congresso tem atitudes com as quais tenho preocupação do ponto de vista da defesa da democracia e da liberdade. Um exemplo foi a proposta para alterar a estrutura do Conselho Nacional do Ministério Público (derrotada pela Câmara na semana passada). Já o Supremo tomou uma grande decisão quando permitiu a prisão após condenação em segunda instância e, de repente, voltou atrás. Toda a caminhada que fizemos para fortalecer o combate à corrupção praticamente está sendo jogada fora.(Marlen Couto/O Globo)

Pedro Simon em evento em Porto Alegre: para ex-senador, CPI da Covid levou governos a agirem Foto: Rodrigo Ziebell
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