Bastou esta foto ganhar as redes sociais na manhã do último sábado para que os analistas de plantão começassem a refazer seus cálculos. Tudo pelo inusitado da “produção” no melhor estilo “Aliança para o Progresso”. Ali mesmo na padaria “Pão Dourado” o primeiro celular a tocar foi o de José Nunes, presidente da União Douradense de Moradores. Do outro lado da linha o vice-governador Murilo Zauith, desautorizando qualquer “fuxico” em seu nome. É que ele estava, ainda, digerindo as conversas que tivera semana passada com Eduardo Riedel e Marquinhos Trad, dois dos pretensos candidatos à sucessão do governador Azambuja e qualquer confabulação fora desse contexto poderia pôr tudo a perder.
Armístício – A princípio, o objetivo da foto era registrar o reencontro do decano da política estadual e todo-poderoso primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, deputado Zé Teixeira e o não menos poderoso – este sim, o grande guru de Zauith – José Jorge Leite Filho, o Zito, por conta do interminável perrengue entre ambos nos porões da política local. Como Zito tornou-se uma espécie de arauto do “assume (o governo) Murilo”, claro que a foto despertou interesse, nesse momento nevrálgico da pré-campanha eleitoral deste ano.
Carneirinho equilibrista – Reforçando esta tese, a presença do presidente da Sanesul e candidatíssimo a deputado federal na cota de Reinaldo Azambuja, Walter Carneiro Júnior. Ainda mais, ostentando um boné com a logomarca da Unigran. Tido como filho adotivo de Murilo Zauith, Waltinho conseguiu sobreviver à tempestade que provocou o rompimento entre governador e vice, exatamente por conta dos boatos, que teriam sido patrocinados por Zito, da queda de Azambuja no ano passado, com isso Zauith assumindo o governo e sendo candidato a reeleição.
Murilo governador – Depois de toda a confusão que gerou sua saída da poderosa estadual Secretaria de Infraestrutura o vice-governador não anda pisando em ovos apenas por conta das sequelas da Covid. Ainda mais depois da mudança de tom de Reinaldo Azambuja no que diz respeito às suas convicções para a eleição de Eduardo Riedel, o sucessor de Zauith na Infraestrutura, como seu sucessor no governo.
Day After – Um dia depois, na mesma padaria, uma explicação mais plausível para a antológica foto do aperto de mãos entre Zito e o poderoso deputado Zé Teixeira: tratava-se, sim, da costura de um retorno, mas não de Murilo ao governo, a partir de abril, como titular, no lugar de Azambuja, mas do próprio Zito à prefeitura, para a mesma função que ocupou na administração do mesmo Murilo – como secretário de governo de Alan Guedes, já que Henrique Sartóri estaria limpando as gavetas para voltar às salas de aulas na UFGD.
Contrapeso – Para dar ainda mais o que falar, a presença de Gerson Schautz, ex-secretário de Planejamento de Murilo Zauith, como que selando as pazes entre o guru murilista e o deputado reinaldista. Serelepe nas amarrações políticas tal qual o chefe da Casa Civil de Azambuja, Sérgio de Paula, Gerson é um entusiasta da candidatura Marquinhos Trad.
Tiro no pé – Na semana em que a deputada Rose Modesto anunciou sua pré-candidatura ao governo, sem que o aliado Reinaldo Azambuja mexesse em um que fosse de seus apaniguados em cargos estratégicos do governo, o prefeito Marquinhos Trad viu o presidente da CASSEMS, Ricardo Ayache, declinar, educadamente, do convite para ser seu companheiro de chapa.
O príncipe – Pelo jeito o espevitado prefeito de Campo Grande não leu livro de cabeceira dos grandes estrategistas políticos. Nenhuma dúvida de que Ricardo Ayache é um baita nome, obreiro por excelência, como vem provando como gestor da Cassems, e, como tal, reunindo todas as credenciais, inclusive, para encabeçar uma chapa como candidato a governador. Mas, por sua condição como como campo-grandense não soma absolutamente nada na chapa do prefeito da capital, que precisa de um nome de peso do interior para contrabalançar numa disputa, por exemplo, como o poderio da máquina do governo no interior, seja quem for o candidato.