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quinta-feira, maio 9, 2024

MDB e PSD lideram filiações em meio a trocas de sigla antes das eleições municipais; polarizados, PT e PL também crescem

Emedebistas mais do que triplicaram sua bancada de vereadores nas principais cidades do país na comparação com o pleito de 2020, passando de 20 para 66 parlamentares

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A corrida por filiações durante a janela partidária, encerrada este mês, teve o MDB na dianteira, com o maior número de novas adesões de vereadores nas capitais, enquanto o PSD chega ao ano eleitoral na liderença em prefeituras considerando todos os municípios brasileiros. Os emedebistas mais do que triplicaram sua bancada na comparação com o pleito de 2020, saltando de 20 para 66 parlamentares nas principais cidades do país. Já a sigla de Gilberto Kassab viu crescer de 660 para 1.050 o número de chefes do Executivo municipal no mesmo período — ao contrário do que ocorre com vereadores, prefeitos podem trocar de partido a qualquer momento, em um fluxo intensificado com a proximidade da eleição de outubro. PL e PT, que protagonizam a maior polarização atual, também cresceram.

No caso dos vereadores, o levantamento feito com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e e das casas legislativas aponta que o PSD (29) vêm na sequência do ranking de legendas que mais angariaram novos nomes nas capitais. Na lista geral de prefeituras, o quadro se inverte, com o MDB aparecendo em segundo, também com crescimento, de 784 para 916 (17%).

No MDB, a estratégia traçada pelo presidente e deputado federal Baleia Rossi girou em torno dos principais centros urbanos — a exemplo de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. A ofensiva fez com que a sigla, que não figurava sequer no top-10 em número de vereadores nas capitais no início da legislatura atual, assumisse a liderança nacional, seguida pelo próprio PSD e o Republicanos.

Câmaras municipais das capitais — Foto: Editoria de Arte
Câmaras municipais das capitais — Foto: Editoria de Arte

Acolhida a ex-tucanos

Em Belo Horizonte, a filiação do presidente da Câmara, Gabriel Azevedo, provocou a adesão de outros três vereadores à bancada emedebista. Como resultado, o partido foi de apenas um para cinco integrantes. Pré-candidato à prefeitura, Azevedo ainda tem aliados no Republicanos, que também soma cinco vereadores.

No contexto local, seu grupo político rivaliza com outras lideranças do estado, como o prefeito Fuad Noman (PSD), que tem seis partidos em sua base, e o secretário de Casa Civil do governador Romeu Zema (Novo), Marcelo Aro (PP). Azevedo diz que sua escolha pelo MDB se deu pela autonomia.

— Tenho apoio e liberdade porque entendem que Belo Horizonte é totalmente diferente de São Paulo — analisa.

Foi justamente na capital paulista que o MDB obteve seu maior êxito, indo de três a 11 membros. O sucesso se deu, em grande parte, pela acolhida a cinco dos oito ex-tucanos que deixaram o PSDB após o partido declarar apoio à deputada federal Tabata Amaral (PSB) na corrida pela prefeitura.

Apesar das baixas, o PSDB terminou a janela partidária com apenas um vereador a menos do que o número que elegeu há quatro anos. Isso porquê no Norte e no Centro-Oeste do país o quadro tucano aumentou significativamente, a exemplo da Câmara de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde a bancada ganhou quatro vereadores.

O presidente nacional do PSDB, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo, atribui o desempenho na região à gestão no Executivo sul-mato-grossense do tucano Eduardo Riedel, que cumpre seu segundo mandato com boa avaliação.

— As baixas que tivemos já estavam previstas e não fizeram falta. Nosso trabalho agora é recompor as perdas — diz.

Sob o comando de Kassab, que acumula a função de articulador da legenda com a de secretário de Governo do estado de São Paulo, o PSD avançou contra os concorrentes sobretudo no Rio de Janeiro, onde Eduardo Paes mira a reeleição. Em 2020, quando Paes se elegeu pelo Democratas — que se fundiu ao PSL e deu origem ao União Brasil —, a sigla tinha três representantes na Câmara carioca. Hoje, são 13.

— Fico satisfeito ao ver esse crescimento orgânico do PSD, que recebeu prefeitos identificados com o programa e a forma de atuação do nosso partido. Isso também é fruto da presença de lideranças importantes em diversos estados — pontua Kassab.

Entre os recém filiados, destaca-se o ex-prefeito do Rio e padrinho político de Paes, César Maia. Os dois chegaram a romper no passado, quando o prefeito se aproximou do grupo político do ex-governador Sergio Cabral, mas reataram recentemente. Outro destaque da sigla é Curitiba, no Paraná, estado gerido por Ratinho Júnior, onde o PSD tem a maior bancada da Casa (oito).

— O projeto do Kassab deu certo porque fez um partido pragmático que ora está na centro-esquerda, ora na centro-direita, e, sobretudo, participa dos governos municipais, estaduais e do governo federal. Foi assim que criou densidade e se tornou competitivo eleitoralmente — avalia o cientista político Paulo Baía, da UFRJ.

A sigla, que elegeu menos prefeitos que MDB e PP, é a única a ter mais de mil prefeitos atualmente. No top-10, apenas PSDB e PDT tiveram perdas no período.

Efeito da polarização

Terceiro colocado em recrutados nas capitais, o PL de Valdemar Costa Neto ganhou nova roupagem no fim de 2021, com a filiação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre os vereadores que migraram para o PL está a grande aposta no Rio, o filho 02 do ex-presidente, Carlos Bolsonaro. Segundo articuladores, o partido aposta que o já vereador conquistará 120 mil votos em outubro, servindo como puxador.

Para além de Carlos, a expectativa é de que Bolsonaro grave vídeos pedindo votos de legenda, quando se digita somente o número do partido. Com essas estratégias, a estimativa interna é que a sigla conquiste entre oito e 12 vereadores na capital fluminense, de um total de 51. No cenário nacional, as metas são ainda mais ambiciosas: eleger mil prefeitos, quase triplicando os 371 atuais. Já o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda possui três vereadores a mais que o PL nas capitais, mas passa por uma estagnação. A sigla governista teve um ganho tímido de seis vereadores desde 2020, enquanto a morada atual de Bolsonaro abocanhou 27.

Já o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda possui três vereadores a mais que o PL nas capitais, mas passa por uma estagnação. A sigla governista teve um ganho tímido de seis vereadores desde 2020, enquanto a morada atual de Bolsonaro abocanhou 27.

No âmbito dos Executivos municipais, o PT chegou a ter, no auge da boa avaliação do segundo mandato de Lula, em 2012, um total de 638 prefeitos. Uma década depois, a queda é expressiva: são 241. Para cientistas políticos, o partido enfrenta um impasse duplo: tem um núcleo ideológico mais consolidado e uma maior tradição na política, o que se opõe ao fator novidade dos demais concorrentes.

— O PL de Bolsonaro é também o PL do Valdemar, que tem identificação com o centro. Isso dá mais autonomia para os parlamentares se desvincularem da dinâmica nacional. O PT é um partido tradicional, em que a militância é mais apegada à ideologia — frisa Mayra Goulart, da UFRJ.

Luísa Marzullo — Rio de Janeiro

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