Como pré-candidato a deputado federal da Grande Dourados pelo PP, o ex-presidente da Sanesul Walter Carneiro Júnior refaz a partir de agora o roteiro antes percorrido por todo o estado comandando e entregando obras de saneamento. Quer aproveitar o terreno por ele aguado em todo o período que esteve no governo, esperando colher os frutos de sua gestão, tida como uma das melhores no setor, em todo o Brasil. Como está impedido pela legislação de participar de atos oficiais, principalmente de entrega de obras, Waltinho aproveita sempre a muvuca da agenda de visitas e inaugurações de obras do governador Reinaldo Azambuja, principalmente as de saneamento básico, para vender seu peixe. O seu e o do agora parceiro de caminhada, também caroneiro, Eduardo Riedel. Por onde passa, Waltinho Carneiro repete que Riedel “sabe todos os caminhos de uma administração e conhece as prioridades de cada setor e de cada região, independentemente de sua vocação, quer voltada à produção agropecuária, que é o ponto forte do nosso estado, ou à do turismo”. Ele é um dos maiores entusiastas da candidatura Riedel.
Outros caroneiros – Além de Waltinho Carneiro e Eduardo Riedel, a ex-ministra e deputada Tereza Cristina, candidata ao Senado, e seu suplente (na Câmara Federal), o ex-secretário de Saúde do estado, Geraldo Resende, também não perdem tempo. Tereza, além de faturar com a agenda do presidente Bolsonaro, como aconteceu na apoteótica entrega de títulos agrários no assentamento Itamaraty na semana em que deixou o ministério, também aproveitou a agenda administrativo-política do governador Reinaldo Azambuja. Foi assim neste começo de semana, na estrondosa reunião tucana em Campo Grande, onde 71 dos 79 prefeitos do estado entregaram uma carta manifestando a intenção de apoio a Eduardo Riedel. Geraldo, além de se reportar sempre ao trabalho que fez no combate à pandemia de Covid-19, tirou uma casquinha também na entrega de obras, de equipamentos e de serviços do governo do estado. O ex-secretário de saúde não se furtou nem mesmo a uma live ao lado do prefeito Alan Guedes (a quem sugeriu um cavalo-de-pau para melhorar a administração) de carona numa ambulância entregue pelo governador Reinaldo Azambuja para atender a Reserva Indígena de Dourados.
Torcendo o nariz – Quem não deve estar gostando nada disso é o ex-governador André Puccinelli. Sempre elogiando a “pupila” Tereza Cristina como “um orgulho do Mato Grosso do Sul” no cenário nacional, lá no fundo ainda sonha, senão com o apoio, pelo menos com um pouco mais de discrição da ex-secretária que virou ministra. A torcida de André, claro, é para que a candidatura Riedel não emplaque e que, não apenas Tereza Cristina, mas outros aliados hoje dependurados no palanque oficial, não se esqueçam da parábola bíblica do filho pródigo.
Fazendo rastro – Um dia após a visita de Marquinhos Trad, que aproveitou o dia do índio para participar das comemorações da data na Aldeia Jaguapiru, o candidato oficial Eduardo Riedel também esteve em Dourados, para dar entrevistas e sentir a pulsação do eleitorado. Rouco, lamentou não poder dar um “Alô você!” tão eloquente quanto ao de Marçal Filho, em entrevista ao correligionário, na FM 94, mas não perdeu a oportunidade para se apresentar: “muito prazer, eu sou Eduardo Riedel”. Na FM 92 demonstrou pouca familiaridade com Dourados ao se atrapalhar com os Farias, o âncora do programa, Faria Júnior, e o decano entrevistador Cícero Faria.
Script – Se, por preconceito, a assessoria de Eduardo Riedel não quiser seguir a cartilha do presidenciável Lula da Silva, que recorra aos arquivos da história para ficar com o exemplo de outro eterno e emblemático presidenciável, o ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf, craque na arte de chamar todo mundo pelo nome aonde chegasse. Na mesma FM de Tonanni, ano passado, Lula da Silva demonstrou maestria nessa técnica. Num tom intimista, dirigindo-se aos entrevistadores pelos nomes, e, fugindo ao script, Lula ainda se aliou ao (como ele) corinthiano Oswaldinho Duarte para fazer troça ao torcedor “pó-de-arroz” Cícero Faria pela derrota do Fluminense ao Corinthians na noite anterior a entrevista.
Agenda cheia – Marquinhos Trad, pelo jeito, terá que voltar o quanto antes a Dourados. Sua apertada agenda desta semana não deu para quem quis. Ciceroneado pela vereadora Daniela Hall, depois de visitar a Reserva Indígena, almoçar com correligionários no Shopping Avenida Center e se reunir com vereadores e outras lideranças políticas, o ex-prefeito voltou à capital no início da madrugada frustrado por não ter conseguido atender a todos com quem havia combinado trocar um dedo de prosa.
Tucana afoita – “Engana-se quem pensa que me filiei ao PSDB para servir de escada”. Assim a vereadora Lia Nogueira reafirma sua determinação de lutar por uma cadeira para representar Dourados na Assembleia Legislativa. Segunda mais votada nas eleições para o Jaguaribe, confia na palavra empenhada do governador Reinaldo Azambuja para chegar entre os primeiros, também, na chapa tucana. E faz até galhofa com a situação: “Até a turma do Alan, se não votar pelo menos vai torcer muito pela minha eleição”. Por razões óbvias.
Ironia profética – Aposentado da lida jornalística, mas contundente, como sempre, em suas lives, o empresário Antônio João Hugo Rodrigues, do grupo Correio do Estado, brincou com a candidatura do deputado bolsonarista capitão Contar ao governo do Estado. “Agora Bolsonaro tem palanque no MS. Está tudo certo, capitão Contar, capitão Bolsonaro”. E, enfático, AJ profetizou que a deputada Rose Modesto não deve seguir candidata ao governo.
Vice, de novo? – Como Murilo Zauith parece ter voltado para a toca, a última dos bastidores políticos da terra de seu Marcelino, dando conta de que está tudo acertado: ele será candidato a vice-governador. Mas, de Rose Modesto.
Spoiler – Imperdível a entrevista a este site do ex-governador André Puccinelli, onde ele reafirma, com todas as letras que é, sim, candidatíssimo ao governo do estado. E para afastar de vez a conversa de que estaria se acertando com Reinaldo Azambuja, dá um chega-pra-lá daqueles no antecessor a quem pretende suceder. Fiquem ligados.