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quarta-feira, março 12, 2025

Documentário resgata a história da Colônia Agrícola Nacional de Dourados

CAND foi fundada na década de 1940, pelo presidente Getúlio Vargas e foi o que impulsionou o crescimento da região da Grande Dourados

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Um novo documentário pretende resgatar a história da Colônia Agrícola Nacional de Dourados (CAND) e da Colônia Agrícola Municipal de Dourados (CAM), abrangendo o período entre 1943 e 1969. A produção cobre o território que hoje corresponde aos municípios de Dourados, Itaporã, Fátima do Sul, Vicentina, Glória de Dourados, Jateí, Douradina, Deodápolis e Angélica, além de diversos distritos originários dessas colônias.

A base teórica do documentário é fundamentada nos estudos do poeta, professor e historiador Carlos Magno Mieres Amarilha, autor de importantes obras sobre a história de Mato Grosso do Sul. Entre seus livros destacam-se História de Dourados: A Gênese de Sua Fundação (1914-1943) e O Poder e os Intelectuais: História e Identidade em Mato Grosso do Sul, ambos publicados em 2022. Amarilha também organizou coletâneas como Patrimônio Cultural de Mato Grosso do Sul (2008) e Vozes Guarany: Histórias de Vidas Sul-Mato-Grossenses (2013), entre outros títulos. Seu reconhecimento acadêmico inclui o Prêmio Ildefonso Ribeiro, concedido em 2023 pela Câmara Municipal de Dourados.

O documentário contará com narração do próprio Amarilha, além de imagens dos municípios e distritos mencionados, intercaladas com fotografias históricas e entrevistas com moradores que vivenciaram esse período. A trilha sonora será assinada pelo músico Fernando Dagata, com produção e coordenação de Fabrício Borges e Tatiana Varela.

A Importância Histórica das Colônias Agrícolas

A criação da CAND e da CAM marcou profundamente o processo de colonização do sul de Mato Grosso do Sul. Essas colônias foram responsáveis por transformar regiões de mata virgem em terras cultiváveis, atraindo migrantes de diversas partes do Brasil e do exterior. Por meio de técnicas rudimentares como a coivara, os colonos abriram espaço para a agricultura, cultivando produtos de subsistência como arroz, feijão e milho, além de matérias-primas industriais como amendoim e algodão.

Documentário resgata a história da Colônia Agrícola Nacional de Dourados
Jorge Coutinho Aguirre, o primeiro administrador da CAND e o agrimensor Wlademiro do Amaral (Arquivo/CAND)

A fertilidade do solo, as condições climáticas favoráveis e a topografia plana facilitaram o crescimento agrícola e populacional da região. Esse período também se destacou pelo intenso fluxo migratório, impulsionado por políticas do governo federal. Famílias oriundas de estados como São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e de diversas regiões do Nordeste se estabeleceram na área, além de imigrantes paraguaios, japoneses, portugueses, árabes, alemães e italianos. Esse caldeirão cultural moldou a identidade da Grande Dourados.

O Papel da CAND no Desenvolvimento Regional

A implantação da CAND foi um dos principais fatores para a expansão econômica e demográfica da região. Entre as décadas de 1940 e 1960, a região experimentou um crescimento exponencial, impulsionado pela agricultura e pela fixação de novos habitantes. A chegada de milhares de migrantes não apenas fortaleceu a pequena propriedade rural, mas também incentivou a abertura de estradas, a construção de escolas e a urbanização dos centros emergentes.

Documentário resgata a história da Colônia Agrícola Nacional de Dourados
Professor Carlos Magno Mieres Amarilla (foto: perfil/Facebook)

Segundo o historiador Eric Hobsbawm, “quase todos os jovens de hoje crescem em uma espécie de presente contínuo, sem qualquer relação orgânica com o passado”. Nesse contexto, a produção do documentário é um esforço para conectar as novas gerações à história de seu próprio território, promovendo o reconhecimento do legado dos pioneiros.

Disponibilização e Exibição

O documentário será disponibilizado gratuitamente nas redes sociais, com opção para download e ampla divulgação digital. Além disso, haverá sessões de exibição presencial seguidas de palestras, com datas e locais ainda a serem definidos em Dourados-MS.

Mais do que um resgate histórico, essa iniciativa busca reafirmar a identidade cultural da região, ressaltando sua diversidade e a contribuição das colônias agrícolas para o desenvolvimento do Mato Grosso do Sul. O projeto também pretende estimular o debate sobre a memória coletiva, incentivando estudos sobre o patrimônio cultural sul-mato-grossense e sua relevância para o futuro.

Dourados, como cidade de todas as cores e culturas, tem sua história entrelaçada à trajetória de milhares de pessoas que ajudaram a construir sua identidade. Preservar e difundir esse legado é essencial para compreender o presente e projetar um futuro mais inclusivo e harmonioso.

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