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quarta-feira, abril 24, 2024

‘Minha candidatura à Presidência está ficando irreversível’, diz Simone Tebet

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Pré-candidata do MDB à Presidência da República, a senadora Simone Tebet (MS) é vista como a vice ideal por alguns de seus concorrentes nas eleições deste ano. Em contraponto, ela diz, nesta entrevista ao jornal O Globo, que a sua candidatura está se tornando irreversível, sob os argumentos de que alguns integrantes da terceira via já “ficaram pelo meio do caminho” e de que seu nome enfrenta uma baixa rejeição do público. A pré-candidata ressalta ainda representar o eleitorado feminino — 52% do total. Simone foi a primeira mulher a presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a mais importante da Casa.

Apesar de ter conquistado projeção nacional durante a CPI da Covid, a senadora ainda é desconhecida na maior parte do país e, até o momento, não decolou nas pesquisas de intenção de voto. Para reverter esse cenário, aposta na convergência do centro para quebrar a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula. A pré-candidata aposta que o grande tema da eleição será a economia, com foco na desigualdade social, na fome e no desemprego. E acredita que o combate à corrupção, embora importante, não terá papel central como na disputa de 2018.

Alguns pré-candidatos avaliam a senhora como uma boa vice. Como vê isso?

Para responder a essa pergunta eu teria que perguntar a eles o porquê que acham que sou o melhor nome para vice. Se a resposta for porque me acham preparada, responsável, ética, compromissada com o país, sou tudo isso, tenho capacidade de ser cabeça de chapa e pedir também que algum deles ceda o espaço para que possa ser meu vice. Com isso, a gente não tira do processo a única pré-candidata mulher para falar o que a mulher pensa, o que a mulher quer para o Brasil. Eu não tenho plano B, pelo menos não a nível nacional.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) falou recentemente que, se o partido não tiver um nome competitivo, deveria apoiar Lula.

Ele foi honesto. E tudo que a gente espera de um companheiro é honestidade. Eu prezo por isso. Eu, que já fui traída diversas vezes, prefiro aqueles que falam “olha, eu não vou te acompanhar por isso e por aquilo”, do que aqueles que falam que vão estar contigo e te abandonam. Ele tem um histórico de ligação com o PT e com o próprio Lula. Mas nós vamos ter a unidade do partido na convenção.

Qual é a sua estratégia para se tornar um nome mais competitivo?

O centro democrático sabe que não tem dois, três ou quatro nomes. Vamos ter que convergir lá na frente. Muitos já ficaram pelo caminho muito mais rápido do que eu imaginava. Eu não esperava que o União Brasil abrisse mão de uma candidatura tão cedo. O próprio PSDB já tem feito a sua escolha. O presidente do Senado (Rodrigo Pacheco, do PSD) está revendo a sua candidatura em nome de outro projeto e da responsabilidade que ele sabe que tem com o Congresso Nacional. Então, quem é hoje o centro democrático? A minha candidatura está se tornando irreversível pelos fatos, porque os players com maior visibilidade e capacidade de aglutinar e de conseguir votos ficaram pelo meio do caminho. Hoje, sou a pré-candidata do maior partido do Brasil com o menor índice de rejeição do centro democrático. Tenho dois ativos: a baixa rejeição e o fato de ser a única mulher em um eleitorado majoritariamente feminino.

Quem são os nomes do centro?

Dois candidatos. Tem o (Sérgio) Moro, que, por mais bem intencionado, é alguém que vem de fora da política. Talvez o cavalo já tenha passado antes, quer dizer, era outro momento. Ele tem dois problemas. Um é a pauta de combate à corrupção que é importante, mas ficou secundária em relação à economia, e ele tem a questão de que poderia representar o novo vindo de fora, mas esse novo vindo de fora já não deu certo, que foi o Bolsonaro. Diante desse processo, quem a gente tem como candidato da terceira via? O (João) Doria, pelo PSDB, e a Simone pelo MDB. O Ciro (Gomes, do PDT) não se coloca. Ele não entra nesse projeto. Não acredito que ele vá ceder, então ele não faz parte dessa ampla conciliação de ideias do centro democrático.

Há possibilidade de o MDB formar algum tipo de aliança?

Acho muito difícil uma federação sair que não seja realmente da base ideológica de pequenos partidos. Se sair, vai ser muito de cima para baixo. Não é o perfil do MDB. Se sair, vai ser porque um dirigente com a sua executiva tem um partido na mão e ele fala assim: “Eu vou fazer a federação com o partido B, não importa o que pensa a minha base”. O MDB jamais faria isso, porque sabe ouvir as bases.

E no caso das conversas do MDB com o União Brasil?

Com o União Brasil existe uma exceção, em função de não rivalizar nos palanques regionais. Se o MDB fizer federação, vejo possibilidade muito maior com o União Brasil. As portas não estão fechadas.

Qual deve ser o grande tema dessa eleição?

Sem dúvida nenhuma, economia. Não tem outro. Mas economia de uma forma diferente. Não essa economia tradicional como a gente fala. O mote, o foco é a desigualdade social. É a fome, os 12 milhões de desempregados, os 6 milhões de desalentados, os jovens nem-nem, que não trabalham e não querem voltar para a sala de aula, nossas crianças que não têm creche. É economia pura, como um meio de se alcançar a justiça social.

A senhora é a favor da manutenção do teto de gastos?

Sim, porque não se faz social sem fiscal. Qualquer dona de casa sabe disso. O teto de gastos foi o que segurou essa orgia orçamentária que foi feita. Se não tivesse o teto de gastos, não ficaria em R$ 16 bilhões de emenda de relator, e o orçamento secreto seria muito maior. Na pior das hipóteses, o teto dá um mínimo de moralidade ao Orçamento que foi sequestrado pelo Congresso Nacional. Não por culpa do Congresso, mas porque o governo federal deixou. Se tem algo que me incomoda é saber que o brasileiro paga tanto imposto e que o dinheiro é como uma torneira que pinga 24 horas por dia.

Se vencer a eleição, vai propor uma reforma tributária?

No primeiro dia, se eu virar presidente da República, não é nem no primeiro mês. A reforma tributária tem que estar pronta, ela é essencial para sairmos desse buraco. Uma das premissas é tributar mais a renda do que o consumo. Eu não estou falando de criar imposto de grandes fortunas, que pode afastar o investidor. Estou falando de remodelar para fazer com que a grande parte dos impostos seja paga por quem pode pagar, uma inversão dessa lei Robin Hood às avessas que temos hoje. Não tem lógica essa injustiça tributária sem precedentes. (Julia Lindner e Camila Zarur/O Globo).

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